Quando resolvi tentar a autorização do Conselho Federal de Psicologia para a Orientação Psicológica Online, um dos grandes motivos foi a quantidade de depoimentos de pessoas que vivem ou viveram fora de sua cidade ou país natal, sobre o quanto essa experiência acabou sendo dolorida, por diversos motivos:
- Expectativas frustradas
- Adaptação à cultura ou ao clima do lugar
- Dificuldade com a língua
- Dificuldade com as pessoas
- Saudades da família e amigos
- Experiências ruins, no geral
Cada uma de nós sabe quais foram as razões que nos levaram a tomar a decisão de mudar de país ou o porquê de planejarmos tal mudança, porém, algo que é preciso se tomar muito cuidado é com relação às expectativas que criamos.
Por mais que a gente se organize, por mais que a gente faça mil e uma planilhas e tentemos cobrir todas as possibilidades, a verdade é que não temos controle sobre a vida e sobre os imprevistos que podem acontecer – e quando digo imprevistos, digo imprevistos de todos os tipos, no sentido mais literal da palavra: aquilo que não foi previsto.
E a verdade é que para lidar com eles, precisamos de muito jogo de cintura, ou a tal palavra que muitos adoram: resiliência! Pois a cidade que tanto sonhamos pode não ser limpa como acreditamos; a paisagem que vimos no cartão postal pode não ser aquela beleza toda, quando estamos lá, ao vivo e a cores; nossos vizinhos podem não nos receber com tanta receptividade, como falam as propagandas de imigração; o primeiro trabalho pode não ser na empresa com espírito inclusivo, da forma como imaginávamos que o país de primeiro mundo seria; as estradas podem não ser aquele tapete maravilhoso que vimos em propagandas de carro; cuidar dos filhos pode não ser tão lindo quanto em um comercial de margarina; nossa pele e nosso cabelo podem ressecar porque a água é diferente da que estávamos acostumadas na cidade onde vivíamos antes; cuidar da casa pode não ser tão tranquilo como desejávamos porque, por mais que existam produtos inovadores, além deles serem caros, eles não se esfregam sozinhos.
A lista poderia ser infinita, com tantos exemplos de situações que podem acontecer quando chegamos no tão sonhado “outro país”, mas, ainda assim, todas estas cenas podem estar dentro do tão desejado plano que fizemos um tempo antes e, será que se entristecer nesses momentos é permitido? Claro que é!
Muitas vezes, passam filmes pelas cabeças das mulheres que se perguntam: “O que será que eu fiz de errado?”, “Por que será que eu não estou tão feliz quanto eu imaginava que seria?”. Porque a verdade é que no meio do sonho ainda existe a “vida real” e gente, é na vida real, é na rotina que a gente vive!
Poderia, ainda, elencar outras tantas situações que me chamaram atenção, porém vou falar um pouco sobre como a Orientação Psicológica ou a Psicoterapia pode ser importante, diante de tristezas que sentimos na vida, quando “tudo” indica que deveríamos estar contentes.
Muitas vezes, as pessoas têm a ideia de que falar com um psicólogo é parecido com falar com um amigo ou familiar, mas a realidade é que é totalmente diferente!
Nós não damos conselhos ou a nossa opinião. Estudamos, pelo menos, cinco anos e disponibilizamos o nosso tempo com o objetivo de orientar o indivíduo em meio aos seus próprios pensamentos e emoções e não de acordo com aquilo que achamos “melhor para a pessoa”, pois isso, sem dúvida alguma, varia de pessoa para pessoa! Assim, não existe uma receita que sirva para todos.
O nosso objetivo é que a pessoa possa se colocar da melhor forma diante das situações que está vivendo, podendo compreender, muitas vezes, a razão dos seus sentimentos e assim encontrar uma nova maneira de encarar as situações.
Coloquei o título do post pensando naqueles que sofrem, apesar de estarem realizando um sonho que desejaram muito.
Esse misto de sentimentos, por incrível que pareça, é super comum, não só no caso de uma mudança desse nível, como em várias outras conquistas também, pois depois de tantas expectativas criadas, pode acabar sendo muito doloroso entrar em contato com a realidade e ver que, infelizmente, aquela satisfação completa, a perfeição, não existe! Pois como comentei, nossa vida acontece na rotina, no dia a dia e a verdade é que a foto do Facebook não representa nem 1% da vida de cada uma de nós. Por baixo daquele casaco e do copo de café na neve, muitas vezes, existe uma camiseta de pijama!
Procurando por psicólogas brasileiras pelo mundo?
E por isso é tão importante pensar sobre os motivos que nos levaram até ali, podendo assumir o desejo do que fazer a partir disso, tendo a consciência do porquê se fez a escolha de estar onde se estar, arcando com as consequências que ela irá trazer.
Quanto a essa última parte, acho importante frisar a importância de saber o motivo das decisões tomadas na vida, pois estando ela de acordo com o nosso desejo, com certeza, será bem mais fácil seguir em frente, independente dos problemas que vierem a acontecer.
Você tem tido tempo para pensar sobre a sua vida e as suas escolhas?
Fica aqui o meu convite para você pensar sobre a sua vida e o seu futuro, a aceitar suas dores e preocupações, pois só dessa forma poderá seguir de uma forma muito mais leve, mesmo que os dias não sejam lindos e que as coisas saiam do controle.
9 Comments
Olá, hoje foi um desses dias difíceis que nos faz questionar o porquê abrimos mão de tudo e estamos aqui haha amei o texto! Você atende on-line?
Oi Mayra! Fico feliz que você gostou do texto! Eu atendo online sim! Vou te enviar um e-mail 😉
Mto bacana o post, me identifiquei com algumas coisas. Me evie um email com o seu contato please?!
Oi Filipe! Enviarei!
Fico feliz a gostou do post;)
Muito bom, gostei de ver/ler. E, além do mais, ser-se-ia feliz na sua própria terra, apesar dos caminhos conhecidos?
Tem jeito não, a felicidade está dentro da gente, é um trabalhão constante encontrar o jeito de sentí-la seja onde for.
Adorei seu comentário Sônia! é bem por aí… desde quando essa “certeza” é garantia de alguma coisa?
beijos
Oi Julia, obrigada pelo seu texto. Na verdade é assim mesmo que eu, pelo menos, me sinto: deveria estar feliz, mas ñ estou. Deixei tooooda minha vida pra trás e na maioria das vezes vejo que ñ compensou: sigo sem amigos, ñ sinto que ganhei uma familia e me sinto muito só. Ñ tenho com quem desabafar e os problemas de saúde se acumulam. É muito complicado manter o otimismo assim.
Poxa Alice… sinto muito ouvir isso!
Caso sinta que precisa de ajuda profissional, entre em contato comigo, trabalho como psicóloga online.
Espero que o período de adaptação seja só um período e que logo vc comece a se sentir mais adaptada!
Abraços
Adorei seu post, Júlia! ?