Quando eu morava na Argentina, os hermanos sempre zoavam com “o mais grande do mundo”, dizendo que tudo no Brasil é grande e maior. Mas só quando eu me mudei para a Europa é que realmente entendi a dimensão do nosso país. Afinal, a Argentina também é um país extenso, né?
Para quem já veio de turismo por aqui sabe o tanto que a Europa é minúscula, biscuit, ovo de codorna. Mas antes de vir ninguém imaginava que seria tão pequena, confessa aí! Eu mesma, estudante assídua das aulas de geografia do colégio. Inclusive na faculdade fiquei conhecida como a única aluna que realmente gostava das aulas de geografia política. Já declarei meu amor por mapas e sempre pensei em tatuar uma rosa dos ventos. E mesmo assim, as nano dimensões da Europa me surpreenderam. Essa dislexia de tamanho de países tem um culpado. E adivinha de que país ele é? Que rufem os tambores! De um belga. Estou falando gente, tudo and todos são belgas! Gerardus Mercator ou para os íntimos em neerlandês Gerard Kremer. Foi ele o criador da chamada projeção de Mercator. Não lembra? Volte duas casas, pegue seu livro de geografia e veja que os mapas que usamos hoje foi ideia desse senhorzinho belga.
Brasileiras Pelo Mundo também é cultura. Aprende aí: ele ficou famoso pela chamada projeção de Mercator, ou seja, um mapa mundi que respeitava as formas dos países, porém não respeitava os tamanhos. Daí vem o nosso probleminha de dimensão de tamanhos de países. Porque o danadinho colocou a Europa bem grandinha e glamorosa. Bem no centro do mundo! Para vocês terem uma ideia, ele foi o primeiro a utilizar o termo Atlas, como conjunto de mapas. Em 1537 ele fez um mapa da Palestina, sim senhores, bem diferente da que é hoje. E logo depois fez o melhor mapa da região dos Flandres, na Bélgica. O mais preciso e utilizado até hoje. Mas ele tem a ficha suja, também, como todo gênio foi um rebelde. Ele foi acusado de heresia e ficou preso sete meses. Realmente né gente, colocar o Brasil tão pequeno e a Bélgica tão grande… Brincadeira..
Ele estudou na Universidade Católica de Lovaina, onde tem uma estátua em sua homenagem, hoje uma das melhores instituições de ensino da Europa, entre as 100 primeiras no ranking europeu. Agora, fiquei pensando uma coisa, nem ter estudado em uma universidade católica o ajudou no julgamento com a Igreja. Fiquei preocupada agora.
Voltando a Belgique mon amour.
Morro de rir quando amigos belgas falam que moram longe. Ou que tal restaurante é longe, ou que meia hora em trem é longe. E se surpreendem quando falo que ando para todos os lados de Bruxelas em bicicleta. World people: longe é Viçosa, MG- Rio de Janeiro. Vocês já pegaram aquela serra de Petrópolis? Ainda que maravilhosa, vale a vista, dá uma sensação de estar na ilha do Jurassic Park com um tiranossauro correndo atrás de você. Sempre penso que deveria ter um aviso: cuidado, dinossauros na pista. Enfim, mas longe mesmo é ir para Vitória, São Paulo e Salvador. Bélgica é mamão com açúcar, ou deveria dizer pain au chocolate (croissant de chocolate)?
Vamos brincar de comparar? Bélgica tem 30 528 km2 de superfície, já Minas Gerais tem 586.528 Km2. Ou seja, Minas é quase 20 vezes a Bélgica. Toda a Bélgica tem 11.250.659 habitantes, Minas Gerais tem 19.159.260. A Bélgica seria tipo o Estado do Alagoas com toda a população gaúcha. Imagina o caos?
Mas essa pequena terra é um caos maravilhoso. Acho que parte disso é a sua característica mais marcante: é um lugar multilinguístico. Com três idiomas oficiais: 60% da população falam neerlandês, enquanto 35% falam francês e menos de 1% falam alemão. Oi? Como assim a maioria não fala francês? Pois é, amiguinhas, eu também não sabia. Geograficamente os francófonos vivem na região da Valônia, mais ao sul, perto da França. Mas eu tenho certeza que vocês tão se perguntando que língua é essa: neerlandês? É o holandês, também chamado de flamengo. A diferença entre o belga e o holandês seria como o português do Brasil e o português de portugal… Esse idioma é muito difícil de aprender, eu estou ralando e nem bom dia direito eu sei dar ainda. Mas um dia eu chego lá. Também pudera, o francês é bem mais fácil pra nós brasileiros, tudo ali no latim, né?
Acho que é essa mistura, que fazem com que os belgas sejam tão interessantes, ou melhor, que a Bélgica seja tão interessante. E nesse ponto eles são parecidos com a gente, o Brasil é diferente por ter sido formado a partir de uma mistura também. Não é mesmo? Confesso que ainda estou tentando entender como esse país funciona. O sistema de governo é tão complexo, a cultura é tão vasta, que vale a pena estudá-lo com profundidade. Quem sabe não aprendemos mais sobre respeito e diferenças? Como eles fazem para governar e organizar essa gente tão diferente? Quando descobrir eu conto.
3 Comments
Olá Marcela!
Gostei de seu post e sei que você vai descobrir muitas coisas maravilhosas na Bélgica.
Trabalhei por dez dias em Chaleroi e me tornei um admirador dos Belgas, também encontrei facilidade em conversar em português, pois há muitos imigrantes que falam nosso idioma.
A cultura que você vai conhecer vai transcender as dimenções deste pequeno e rico pais.
Abraço!
oi André! Que bom que curtiu! Eu estou amando esse país… Cada dia uma surpresa nova! Abraço! M.
Oi Marcela…
Adorei seu texto…muito bem humorado e cheio de novidades…
Estive na Bélgica algumas vezes…amei….quando vou , fico em Hooleiaart , que falam neerlandês e nunca ninguém tinha explicado tão bem que o neerlandês , o flamenco e o holandês era a mesma coisa…Eu penava pra entender …e vc explicou de uma maneira tão simples…
Gostava muito de sair pra ir ao supermercado com minha amiga que vive lá , e depois de 10 minutos estávamos numa região que falavam francês.
Adorava ir à igreja aos domingos , e ter a opção de ouvir a tradução pro francês ou neerladês , porque o culto era sempre em inglês, pois Bruxelas e região tem gente de todo mundo , e a igreja que eu ia tinha muitos diplomatas , e todos falavam inglês.
Como sinto saudades deste país tão rico em cultura , paisagens lindas com fauna e flora de tirar o chapéu.
Um abração , e parabéns pelo texto….amei !!!