Tenho um colega de departamento que é músico e é meio famosinho aqui na Bélgica. Pensei comigo, preciso conversar com ele sobre música belga. Estou deixando de aproveitar uma grande oportunidade, não é mesmo? Então pensei melhor e resolvi fazer uma entrevista com ele… O post desse mês é sobre música belga e eu brincando de entrevista. Senta que tá cult.
Antes preciso fazer algumas aclarações: 1- não entendo muito de música, não toco nenhum instrumento e sou conhecida mundialmente pela minha voz desafinada e por nunca lembrar as letras das músicas; tenho gostos duvidosos para alguns, mas prometo que esse post vai ser baseado em uma pesquisa séria e científica; 2- vou falar mais sobre músicas neerlandesas, ou seja, da parte flamenga da Bélgica, o que poderia implicar em músicas em inglês, ou seja, mais fácil de entender e apreciar. Solta o som, DJ!
Então, preciso contar pra vocês sobre o Allan, fonte de inspiração do post e fonte de informação. Allan Muller é cientista político, vocalista e guitarrista. Sua banda foi trilha sonora de uma série policial belga. Veja:
Eu: Allan, você pode contar para os leitores do Brasileiras pelo Mundo um pouco sobre você?
Allan: Eu toquei profissionalmente de 1996 até 2007. Gravei 7 álbuns com 4 bandas diferentes como compositor, cantor, guitarrista e também produtor. Com minha primeira banda profissional “Metal Molly” eu tive um enorme hit em 1996. Isso nos levou a tocar no maior festival da Bélgica: Rock Werchter; inclusive tocamos no palco principal. A partir desse festival, fechamos contrato com uma gravadora. Gravamos 2 álbuns e um EP com essa banda.
Outra banda que eu tive foi Satellite City, a qual foi também de grande sucesso com singles nos terceiros e quintos lugares nos quadros de rádios alternativas. Eu lancei um disco solo que levava meu nome em 2007, que foi meu último disco, mas atualmente eu estou trabalhando em algo novo. A banda vai se chamar ŒSeven Year Sleeper, fazendo referência ao fato de que minha música está adormecida há 7 anos… Ok, agora já são 9, porém 7 soa melhor (risos).
Eu: Quais foram as suas grandes influências belgas na música?
Allan: Muitas pessoas da minha idade preferem escutar música que eles escutavam quando eram jovens. Esse não é o meu caso, mas eu acredito que a música que você escutou quando era jovem tem um forte impacto no seu gosto musical e nas suas escolhas posteriores. A banda belga que todo mundo queria tocar igual, eu estou falando do início dos anos 90, era “Deus” com seu álbum “Worst case scenario”. Ainda é uma das melhores bandas belgas de todos os tempos. Infelizmente, eu não gosto do que eles estão fazendo atualmente. Dito isso, eu sou mais influenciado por bandas inglesas e americanas.
Eu: Se você pudesse listar as maiores bandas ou cantores belgas atualmente, quais seriam? Quem os brasileiros precisam conhecer?
Allan: Bem, o maior não é necessariamente o melhor, claro. Mas uma das bandas que eu realmente gosto, que tem feito muita coisa boa, sempre é a “The Van Jets”. Também tem “Balthazar” que criou seu próprio universo. O cantor desta banda acabou de lançar um projeto solo chamado “Warhaus” que é bem legal! Uma grande referência é também o Soulwax/Too many Deejays. Eles são mundialmente famosos atualmente e têm trabalhado com grandes artistas internacionais.
Eu: Como você caracterizaria a música belga neerlandesa? Muitas bandas cantam em inglês, por quê?
Allan: Inglês é a língua do rock and roll, e é universalmente musical. Escrever em neerlandês é difícil, porque não há dicionário de sinônimos, figuras de retórica, citações do rock and roll, etc. que você possa se inspirar. Pessoalmente, eu acho muito difícil escrever em neerlandês mas existem várias bandas boas que cantam em neerlandês.
O interessante da música belga é justamente o fato de ter um caráter próprio. Em relação aos países vizinhos: claro que a França tem sua própria música e tal, e todo mundo sabe sobre a música britânica. Porém a Holanda geralmente parece cópia de coisas dos Estados Unidos ou da Grã Bretanha, com algumas exceções, claro. O que a gente tem aqui é mais estranho, original, mais inovador. Claro que temos coisas ruins… (risos).
E aí, anotaram as dicas do Allan? Vale ouro, ou platina, ou o quê?
E para aqueles que acompanham a saga, anotem aí, porque tudo é belga, até na música. Para aqueles que, como eu, viveram um pouco o início dos anos 90, vão se lembrar de um super hit que teve um papel muito importante no desenvolvimento da música eletrônica mundial. O grupo belga Technotronic teve vários sucessos, entre eles o Pump Up The Jam. São deles também as músicas: “Get up” e “Move This”. Bateu nostalgia que eu sei,, então vamos cantar junto:
Deixei uma coisa gostosa pro final: falemos de Stromae, provavelmente o cantor belga que você conhece. E se não conhece, te conto quem é. Paul Van Haver é filho de mãe belga com pai africano (Ruanda), sua mistura racial representa muito bem Bruxelas e a Bélgica: uma grande miscelânea de gentes. Apesar de francófono, é impossível não falar dele nesse post.
Começando com o hip hop nas periferias de Bruxelas, hoje é um dos artistas mais famosos da música eletrônica. Letras muito ricas em conteúdos sociais e batidas alucinantes fizeram com que Stromae (anagrama de Maestro) seja hoje o cantor belga mais famoso no mundo.
Seu hit de 2009 “Alors on Danse” (Então a gente dança) chegou a bater todos os recordes do país e também a ser primeiro lugar na Europa. Tente não dançar.
Line up Belga para Brasileiras pelo Mundo:
- dEUS
- The Van Jets
- Balthazar
- Stromae
- Alice on the Roof
- Intergalactic Lovers
- Admiral Freebee
- GOOSE
- Absynthe Minded
- Lost frequencies – Hit “Are you with me”
Vocês sugerem outras bandas? Vamos ampliar essa lista?
DankUwell!