Eu, se estivesse lendo esse texto há três anos, pensaria: mas eu nem sei onde fica a Croácia ou coisas básicas do país, por que saberia ou para que eu precisaria saber quais são as regiões da Croácia e suas diferenças?
A questão é que nos últimos anos, o turismo na Croácia vem crescendo muito e de certa maneira, em áreas concentradas do país. Então, esse texto é também para os curiosos, mas principalmente para futuros visitantes da Croácia que se interessam em saber quais são as principais características de cada região para poder definir o roteiro que melhor lhe agrade.
Zagreb, a capital nacional, é um polo para estudantes, trabalhadores e também para turistas, mesmo não sendo muitas vezes a cidade mais conhecida internacionalmente da Croácia. Lá, há grandes opções para todos os gostos e isso é o que fez da cidade a mais visitada de 2017. Por esses e outros motivos, Zagreb dá nome a uma das regiões da Croácia, composta pela capital e por municípios vizinhos que de alguma forma, possuem forte relação com a mesma. Tal região fica totalmente na área continental, sendo como uma área intermediária entre o interior do país e a costa marítima. Há paisagens naturais muito bonitas nessa área, com algumas montanhas próximas à capital e por isso de um relativo acesso facilitado.
A leste da região de Zagreb há a região da Eslavônia. Não, não é “Eslováquia” ou “Eslovênia”, esses dois são países próximos à Croácia, mas todas às vezes que eu dizia que iria à Eslavônia, tentavam me corrigir como se eu quisesse dizer que iria a um desses dois países.
A Eslavônia é o interior da Croácia. É de lá, por exemplo, que vem grande parte da produção agrícola do país. É uma região de muita história e pontos marcantes que fazem referência às guerras principalmente dos tempos da antiga Iugoslávia. A cidade de Osijek é uma das principais nesse quesito.
Essa região, ainda tem atravessado um processo de alteração do seu espaço geográfico e de suas estruturas por ser o local por onde muitos refugiados vindos do Oriente Médio têm passado para ir em direção à Áustria, Alemanha e outros países mais ao norte da Europa. Eu disse “têm passado”, porque não é comum que esses imigrantes se estabeleçam na Croácia até por conta das condições econômicas do país (podemos conversar mais sobre isso em um próximo texto).
Já ao norte da região de Zagreb, há uma pequena região que é principalmente polarizada na cidade de Varaždin. Essa cidade é muito agradável e possui pontos turísticos muito curiosos como um famoso castelo no centro. Se você for visitar Zagreb e tiver um dia livre, um passeio por essa região do norte da Croácia seria algo muito prazeroso.
Indo em direção à costa croata e por isso às áreas mais turísticas do país, passamos pela região de Lika ou também chamada de Condado de Lika-Senj, e eu te garanto que se você for para a Croácia, você passará por essa região. É na região de Lika que se localiza o Parque Nacional Plitvice, o parque mais famoso croata e um dos três principais pontos turísticos do país.
O mais legal desse parque e também dessa região da Croácia, é que você pode visitá-la em qualquer estação do ano e terá uma vista e experiência incrível, por isso lhe recomendo pesquisar na internet algumas fotos do parque nas quatro estações se você estiver precisando ver algumas imagens bonitas e sonhar com as próximas férias.
Passando por Lika, há a região costeira croata mais ao norte, chamada de Ístria, e essa região é extremamente charmosa. A Ístria foi e ainda é, muito influenciada pela cultura italiana, por isso as casas, a comida e até a comunicação das pessoas que vivem nessa região, podem nos lembrar muito o país vizinho. Conversando com alguns amigos que nasceram na Ístria, é comum ouvir que lá todos falam croata e italiano, até pela quantidade imensa de turistas italianos que a região recebe frequentemente.
Na Ístria há cidades como Rijeka, Rovinj e Opatija, que são muito turísticas e até cinematográficas; e também há algumas ilhas mais admiráveis, como Cres e Krk, conhecidas por serem muito encantadoras. Segundo uma amiga polonesa que estudava comigo em Zagreb, essa é a região mais romântica do país.
Por fim e sendo a mais conhecida, há a região da Dalmácia. Quando saímos da região de Lika em direção à costa no sentido sul, podemos perceber o momento exato da transição das duas regiões porque o relevo e a vegetação mudam completamente.
Sim, a Dalmácia é o local de origem do cão dálmata, o qual se espalhou pelo mundo ao longo dos anos. Mas além disso, podemos associar essa região às suas cidades principais (Zadar, Split e Dubrovnik), à sua culinária peculiar totalmente relacionada aos frutos do mar, aos dialetos croatas falados nas centenas de ilhas da região e na cultura dessas ilhas. Há uma área continental de plantações e também de parques naturais como, por exemplo, o Parque Nacional de Krka, mas o grande forte da Dalmácia é a costa marítima.
Os muros da cidade histórica de Dubrovnik, o Palácio de Diocleciano em Split para apreciar monumentos construídos nos primeiros 500 anos d.c., a ilha de Hvar para festas, as ilhas de Brač e Pag para banhos em águas muito limpas e para paisagens que remetem a calmaria, Zadar para o pôr-do-sol mais lindo do mundo (segundo Hitchcock), e tantos outros pontos turísticos que se potencializam a cada ano.
Talvez sejam muitas informações para a gente guardar assim em uma primeira leitura, mas é que mesmo sendo um país quase dezesseis vezes menor que o Brasil, há grandes diferenças de uma região para outra na Croácia.
Por isso, se você me pedisse para resumir em poucas palavras quais as principais diferenças entre as regiões croatas, eu diria que é o modo de levar a vida e o sotaque, exatamente como acontece no Brasil. Por outro lado, ao mesmo tempo em que há uma grande necessidade de identificação dos indivíduos com suas regiões de origem, também há um forte sentimento nacionalista croata, e isso provavelmente por terem passado por guerras que os fizeram desenvolver esse grande e belo senso de unidade, apesar de todas as diferenças e várias “Croácias” em uma só.