Ramadan em Kuala Lumpur.
No dia 16 de maio, aqui na Malásia, iniciou-se o mês do Ramadan ou Ramadã. O Ramadan tem duração de um mês, sendo este o período do ano mais sagrado para os muçulmanos. Segundo o alcorão, o profeta Maomé disse: “Quando o mês do Ramadã começa, os portões do céu são abertos e os portões do inferno estão fechados e os diabos são acorrentados”.
O Ramadan é um período de conexão e reflexão em que os muçulmanos praticam um dos 5 pilares do Islã: o Sawm (que significa abster-se). Durante o mês do Ramadan os muçulmanos praticam o Sawm, que nada mais é do que um jejum que começa ao nascer do sol e termina ao pôr-do-sol. Esse jejum engloba comida, bebida (inclusive a água), atividade sexual e todo comportamento imoral, como por exemplo: mentir, ter pensamentos impuros, falsidade. Todos os praticantes da religião são obrigados a participar do jejum. Há dispensas, apenas, para mulheres grávidas ou amamentando, doentes, idosos que não tenham mais condição, mulheres que estejam menstruadas durante o início do Ramadan e para crianças menores de 7 anos. Na verdade, as crianças começam o jejum aos 8 anos. Antes dessa idade eles fazem o jejum apenas de água, podendo se alimentar normalmente durante o período do Ramadan.
Os muçulmanos acreditam que a prática ao jejum tem um impacto tanto social quanto espiritual em suas vidas. Que o jejum serve para lembrá-los da fragilidade do ser humano e para despertar a compaixão em ajudar os pobres e necessitados. Além, claro, de fortalecer a ligação espiritual e o relacionamento com Deus.
O jejum no período do Ramadan começa ao nascer do sol, mais ou menos às 05h30; e termina ao pôr-do-sol, às 19h18. Lembrando que esses horários são considerados pelas pessoas que vivem aqui na Malásia e que de país para país ele varia. Todas as pessoas que estão fazendo o jejum devem acordar antes do nascer do sol para fazerem a primeira refeição. Após a primeira oração a vida segue normal, as crianças vão para a escola, os adultos vão para o trabalho. Apesar do jejum, nada muda na rotina. Aqui na Malásia, durante o período do Ramadan, a única coisa que muda é o horário de trabalho; pois, como eles não fazem horário de almoço, a carga horária termina uma hora mais cedo, às 17h.
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Após o pôr-do-sol, os muçulmanos se reúnem para o ifṭār. O ifṭār é como é chamada a refeição de quebra de jejum. Geralmente os muçulmanos se reúnem com seus familiares e amigos para a refeição. Após o ifṭār, a maioria dos muçulmanos seguem para as mesquitas onde são realizadas as últimas orações do dia.
Conforme já disse em um texto anterior, a população muçulmana, na Malásia, corresponde apenas a 60%. Durante o período do Ramadan, nós, estrangeiros, não somos tão impactados. Os restaurantes funcionam normalmente. As lojas e supermercados não alteram o seu horário de atendimento. Bebidas alcoólicas são vendidas normalmente, ou seja, para quem não está fazendo o jejum, nada é alterado.
Esse é o primeiro ano que realmente vivo o Ramadan aqui na Malásia. Nesse período, percebi que as praças de alimentação ficam bem mais vazias durante o dia; o trânsito fica muito mais tranquilo; pois, a maioria das pessoas não saem para almoçar, além da cidade ficar muito bonita, decorada com diversas luzes, flores e lanternas.
Este ano, aqui na Malásia, o Ramadan irá terminar no dia 14 de junho, seguido por um feriado nacional de 3 dias. Nesse período, é realizada uma grande festa conhecida como Eid al-Fitr, que significa a celebração do fim do jejum. Muitos muçulmanos viajam para se reunir com suas famílias e trocar presentes. O Eid al-Fitr, para eles, é como se fosse o nosso Natal. É um período que eles aproveitam para estar em família, além de se reunir para ajudar os menos favorecidos.
Foi muito interessante poder vivenciar esses dias de Ramadan aqui na Malásia e ver a força de vontade que os muçulmanos têm em buscar uma conexão espiritual mais forte com Deus e ajudar o próximo.
Poder mergulhar nessas diferenças culturais é simplesmente fantástico!
Feliz Ramadan! Ou melhor, Ramadan Kareem para todos!