Realização profissional no exterior.
No artigo Construindo a carreira no exterior, falamos sobre dicas quando o objetivo é desenvolver uma trajetória profissional progressiva e sustentável em terreno estrangeiro.
Uma vez que a meta inicial de obter uma colocação é alcançada, não podemos considerar que o jogo está ganho, muito pelo contrário. Esse é o momento de provar que merecemos estar em campo na posição que desejamos.
Realização profissional no exterior
O processo de integração numa nova empresa é sempre delicado. A diversidade cultural é muito mais expressiva no Canadá e existem certas normas de convivência e interação intangíveis que, ainda assim, não devem ser negligenciadas. Elas são cruciais para se manter relevante no jogo.
Um outro momento crucial é quando perdemos a motivação ou sentimos que as expectativas ou interesses se desalinharam em relação ao nosso empregador.
Mudar de time tornar-se inevitável. Vamos abordar também esse assunto, assim como a atitude a manter ao longo dessa jornada profissional que visa também a nos conduzir à realização pessoal.
Regra n.4 – Saber impor e respeitar limites nas relações interpessoais no trabalho
O brasileiro é conhecido pela personalidade extrovertida, como um povo mais caloroso, amigável. Porém, num contexto de trabalho, é sempre interessante partir de um modo mais observador do que “causador” num primeiro momento. Cada empresa e, principalmente cada equipe, tem uma dinâmica pré-existente.
Já passei por algumas empresas e posso dizer que as pessoas por aqui costumam ser polidas, mas não necessariamente amigáveis logo de cara. É muito comum que nos primeiros dias pouca ação aconteça e que você esteja entregue à sua própria sorte, de certa forma.
Você passará boa parte do seu tempo lendo procedimentos internos, instalando ou configurando equipamentos que você utilizará, eventualmente terá reuniões de boas vindas ou de apresentação. Fora isso, será necessário ter iniciativa para começar a conhecer seus colegas, seus gestores, os hábitos e a rotina da equipe em que estiver inserida.
Ninguém lhe pegará pela mão ou fará convites para almoço, explicará as regras não ditas de boa convivência, ou quem é quem. O conselho é usar o bom senso e não invadir os espaços individuais para quebrar o gelo simplesmente porque você é extrovertida ou comunicativa. A necessidade de ser aceita e de agradar às vezes faz com que o efeito seja o contrário, portanto atenção!
É preciso estabelecer limites sobre até onde você deve falar sobre sua vida pessoal e questionar outras pessoas sobre assuntos mais privados. O mais seguro é focar nas situações de trabalho, discussões após reuniões ou planejar encontros com pessoas-chave para falar sobre a colaboração e o trabalho que irá realizar.
Aos poucos a equipe lhe dará mais espaço e nada impede que belas amizades aconteçam como consequência. Apenas não force situações nesse sentido. Seja profissional.
Regra n.5 – Estar aberto ao feedback como oportunidades de crescimento
Reconhecimento é algo que se conquista e ele vem de terceiros. Comecemos por aqui. Por mais elevada que seja a sua autocrítica e senso de realização, a validação ou avaliação externa é que determina o quanto de valor você realmente gerou para a empresa. O ideal é quando, ao cruzar as percepções, nos encontramos todas na mesma página ou com um mínimo de desvio do esperado.
Ao desempenhar nossa função, iremos errar e acertar. Receber feedback exige abertura e transparência, porque no final do dia estamos ali para desempenhar e promover resultados, não é uma questão de popularidade.
Evidentemente que nem todos os responsáveis por nos fornecer um feedback o fazem de forma hábil e objetiva. Independente disso, cabe a você criar um espaço de discussão saudável em que todos os pontos devem estar claros, em especial quando se trata de oportunidades de melhoria.
Minha sugestão quando faltar clareza é solicitar exemplos concretos do que o seu avaliador está querendo dizer. Não basta dizer, por exemplo, que você não desempenhou segundo o esperado ou que seu trabalho é incrível. Nesse caso, qual era o resultado necessário de forma quantificável e por que faltou algo ou superou as expectativas.
Vamos combinar que esse tipo de conversa é desafiador, mas não se coloque na defensiva e nem comece a especular coisas na sua cabeça. Algo que percebi aqui no Canadá é que as pessoas não falam por falar, seja para agradar ou não.
Então receba as críticas ou comentários como eles são, nem a mais nem a menos. E reflita na sequência sobre o que realmente faz sentido e talvez valha a pena rever na forma como você atua.
Regra n.6 – Identificar quando é hora de mudar de empregador
Durante o tempo de colaboração com uma empresa, várias oportunidades de alinhamento de interesses e expectativas costumam se apresentar: reuniões one-on-one com seus gestores imediatos, avaliações de performance, contribuições com outras equipes, participações em projetos internos, possibilidade de mudança de cargo interna.
No entanto, é possível que em algum momento os caminhos se desviem. Isso é perfeitamente normal, mas antes de tomar uma decisão impulsiva, vale a pena esgotar todas as possibilidades de restabelecer essa parceria. Para isso, é essencial criar canais de comunicação, saber expressar de forma respeitosa o que não está indo bem e ser um agente de mudança ativa.
Vivi essa situação no meu segundo empregador. Estava super motivada com o trabalho que realizava, até que houve uma divergência importante de percepção quanto ao valor do que eu realmente produzia.
Entre esse primeiro momento de crise e a minha decisão de pedir demissão, seis meses se passaram. Uma vez que minha função foi modificada, tentei fazer o máximo para dar sentido ao meu “novo” trabalho, mas não deu certo. Não era o que estava buscando e aí me permiti buscar uma nova empresa em que não me sentisse subutilizada.
Importante dizer que fui transparente com meu empregador. Expressei em diversas oportunidades meu descontentamento, ainda que correspondendo às expectativas reduzidas do meu gestor. Dei um aviso prévio de 1 mês, quando poderia ter sido de apenas 15 dias.
Negociei a minha entrada no novo empregador de forma a não sobrecarregar a equipe com a qual trabalhei por quase dois anos e pela qual sempre tive grande estima.
No meu almoço de despedida, pessoas de vários departamentos participaram e ainda encontrei com o presidente para que ele entendesse minhas razões. Enfim, se for para sair, saia de cabeça erguida, consciente, em paz e com as portas abertas. A gente nunca sabe o dia de amanhã.
Regra n.7 – Aproximar-se do seu propósito a cada recomeço
Aqui cabe o velho ditado: Não troque seis por meia dúzia. Uma vez que você decide recomeçar em outra empresa, esteja certa de que você continua alinhada com seu propósito pessoal.
Quando falei sobre construir uma carreira, a primeira dica foi: Visualize o caminho que deseja trilhar. Ao realizar esse exercício, a direção escolhida continua fazendo sentido ou não?
Não se abstenha dessa resposta porque o ônus é muito grande. Tenha sempre em mente as lições aprendidas ao longo da trajetória e tudo bem se for preciso rever conceitos e necessidades. Apenas não torne seu trabalho uma obrigação pura e simples.