Tirar e trocar carta de motorista na Romênia.
Sempre que converso com pessoas que estão pensando em mudar-se para a Romênia, em algum momento surge a pergunta que não quer calar: ter ou não ter um carro? Essa também é uma discussão recorrente entre os que já estão aqui pelo país, e cada um tem sua opinião sobre o assunto. Bem, particularmente falando e como moradora de Bucareste, meu primeiro impulso é sempre opinar pelo NÃO ter um carro, e motivos para essa decisão não me faltam. Os principais são:
- O trânsito em Bucareste é caótico: Pesquisas da fabricante de GPS TomTom colocam Bucareste em quinto lugar no ranking das cidades com pior trânsito do mundo, sendo o pior da Europa. A pesquisa mostra, ainda, que, em média, uma pessoa com carro em Bucareste passa 57 minutos a mais no trânsito do que o tempo ideal calculado como “saudável” a nível mundial. Em um ano, isso são nada menos do que 9 dias!
- Transporte público em Bucareste funciona bem: a cidade é alimentada por uma boa rede de transporte público, formada por metrô, ônibus, ônibus elétrico, e tramvai (ou VLT, Veículo Leve sobre Trilhos). O transporte não custa caro, e pode nos levar para todos os lados da cidade.
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- Táxi / Uber e afins são baratos: mesmo para os que não são fãs do transporte público, pegar um carro para ir a qualquer lugar é muito fácil e barato. Uma corrida com Uber ou outros aplicativos similares saem na faixa de 1.30 Lei por km, enquanto ir de táxi tem o custo de 1.69 Lei por km. Atenção redobrada sempre que optar por um táxi, pois as “pegadinhas” são uma constante na relação entre estrangeiros desatentos e taxistas. Geralmente o estrangeiro sai perdendo.
- Bucareste não é preparada para a quantidade de carros que possui: e isso ocorre simplesmente por questões históricas. Na época do comunismo, as pessoas não tinham carros. Assim, por muito tempo não existiu uma estrutura pensando nesse assunto: os prédios não possuem garagem (com exceção aos que foram construídos pós-década de 90). Carros ficam estacionados nas calçadas, forçando pedestres a andarem no meio da rua, a maioria das ruas não tem área de estacionamento que comporte a busca por vagas, e a personalidade do romeno no trânsito não ajuda muito: eles são, de forma geral, estressados, fãs de gritos, manobras arriscadas e muita, mas muuuita buzina.
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Importante sempre ressaltar que meus textos refletem puramente a minha experiência e meu ponto de vista em relação a minha realidade vivendo na capital do país, Bucareste. Como a maioria das pessoas interessam-se pela capital, fica aqui meu relato.
Apesar de todos esses pontos, existem aqueles que, por escolha própria ou por necessidade, optam por dirigir. Pode não ser uma questão de dirigir todos os dias, afinal, quem não gosta de pegar um carro e dirigir sem rumo no final de semana para descansar? E convenhamos que cantinhos escondidos no interior para serem descobertos é o que não faltam por aqui.
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De qualquer forma, seja lá qual for o seu motivo para dirigir, ficam aqui algumas orientações em relação a tirar ou transferir a sua CNH no país:
Como tirar Carteira Nacional de Habilitação:
Em essência, o processo é muito similar ao processo do Brasil. O interessado passa por exame médico, aulas teóricas, aulas práticas e testes. O valor a ser investido nesse processo pode variar entre 700 – 1.700 Lei dependendo da escola, mas a maioria dos lugares oferece valores na faixa de 1.000 Lei (R$ 1.015,00 em conversão utilizada no dia que escrevo este texto). Para aqueles que falam romeno e querem ter uma noção um pouco mais detalhada do que inclui o processo para tirar a CNH, sugiro uma visita ao site dessa autoescola. Para os que não falam romeno, existem opções de autoescolas com aulas em inglês ou francês. Basta pesquisar para encontrar algumas opções.
Como trocar Carteira Nacional de Habilitação:
Caso você já tenha sua CNH no Brasil ainda com validade e gostaria de transferir para a Romênia, os seguintes documentos precisam ser apresentados, de acordo com o Direcţia Regim Permise de Conducere şi Înmatriculare a Vehiculelor, o órgão oficial responsável na Romênia:
- Formulário preenchido pelo requerente
- Carteira Nacional de Habilitação brasileira válida, traduzida por tradutor juramentado
- Documento de identidade do requerente (original e cópia) – tanto a permissão de residência no país, quanto o passaporte
- Ficha médica emitida por uma unidade de assistência médica autorizada atestando que o requerente está apto a dirigir
- Comprovante de pagamento da taxa de transferência da CNH, no valor de 68 Lei (aproximadamente R$ 70,00)
Uma vez entregues os documentos ao órgão responsável, o requerente recebe uma autorização provisória para dirigir por um período de até 30 dias. No entanto, como normalmente acontece na burocracia romena, o tempo que leva para chegar o documento costuma ser maior do que esses 30 dias da autorização (sei de casos que levaram de 4 até 6 meses para chegar). Apesar da possível demora na entrega do documento, a grande vantagem desse processo é que, independente da validade da CNH brasileira, o documento romeno será emitido com um prazo de validade de 10 anos.
1 Comment
Achei o artigo muito bom e esclarecedor.
Pretendo viajar para a Romênia e farei a conversão da carteira de motorista para poder dirigir tranquilamente.