Trabalho Voluntário na Holanda.
No Brasil, eu era uma mulher com um histórico profissional excelente e com uma ótima formação acadêmica, e que por opção estava se dedicando a cuidar dos filhos. Contudo, ao me mudar para Holanda, o que era opção virou situação. Ou seja, aqui todo aquele histórico relevante passou a não ter valor algum na busca de um emprego, e o recomeçar tornou-se palavra de ordem na minha vida. Esse é o lado bom de ser expatriada, você aprende a não desistir e a buscar novos caminhos para alcançar os seus objetivos e foi através do trabalho voluntário que me reencontrei.
A minha primeira experiência voluntária foi como fotógrafa numa gincana na escola dos meus filhos. Foram três horas correndo atrás de crianças e tentando pegar o melhor ângulo para a foto, mas o resultado foi gratificante!
A segunda experiência foi acompanhar crianças num passeio escolar. Cuidar de 5 crianças holandesas sem dominar a língua foi desafiador e me deixou alguns traumas, que já superei.
Como fotógrafa, fui chamada para ser voluntária no Centro Comunitário da cidade num evento da noite do Dia das Bruxas. Este trabalho me propiciou conhecer um pouco mais da cultura local e me deu a oportunidade de participar de um evento num local de integração da comunidade.
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E foi ali, naquele local, que tive um dos maiores desafios profissionais até agora aqui na Holanda: fui convidada a organizar um “Taal Café” na cidade. É um projeto que já funciona em várias outras cidades holandesas e consiste em reunir voluntários, uma vez por semana, para conversar com estrangeiros que falam pouco o holandês, com o objetivo de ajudá-los a aprimorar a língua e a melhorar sua condição de vida no país.
A minha função era encontrar voluntários holandeses ou estrangeiros residentes que dominassem perfeitamente a língua holandesa. Envolvia visitas aos projetos similares nas cidades vizinhas para entender o funcionamento do processo e o planejamento de reuniões para discutir a melhor forma de divulgação do Projeto. Confesso que toda a minha experiência como instrutora empresarial numa grande empresa no Brasil, onde palestrava para mais de 100 pessoas diariamente, e todas as técnicas de planejamento estratégico adquiridas no meu mestrado em Administração, naquele momento não me serviram de nada!
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Aprendi que pode-se dominar todas as técnicas, mas o que realmente importa é o contato humano, é a força da resiliência e do saber se expressar através de um sorriso. É sentir que todo o esforço empreendido para superar os obstáculos, não traz benefícios somente para si, mas, também, para as várias pessoas ao seu redor. Isto é um aprendizado incrível!
O projeto está em funcionamento. Obviamente não fiz nada sozinha. Assim como eu, várias outras pessoas doaram um pouco de si e do seu tempo para tudo acontecer. E valeu a pena!
Não sei qual será o meu destino profissional, mas sei que tenho um longo caminho a seguir. E tenho uma única certeza: o trabalho voluntário faz, e fará sempre, parte da minha vida! Não importa o país, a atividade profissional, o meio social. Haverá sempre alguém, em algum lugar, precisando de algo que eu possa oferecer.
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A palavra para voluntário em holandês é vrijwilliger. Existe um site específico para buscar serviço voluntário chamado Vrijwilligerswerk , onde você pode se candidatar a vários trabalhos como ajudar a vizinhança, ajudar pessoas em situações de risco, refugiados, entre outros.
Outro trabalho bem bacana é fotografar recém-nascidos em salas de UTI de hospitais. É necessário passar por um processo seletivo, ter experiência em fotografia com pouca luminosidade e muito controle emocional, além do domínio da língua holandesa. E este último quesito me desclassificou. Mas o projeto é muito interessante, pois as suas fotos podem ser a única lembrança que aqueles pais terão dos seus filhos. Ficou comovido? Então se inscreva no site Earlybirdsfotografie.
Caso ainda não domine o holandês, poderá ajudar ONGs brasileiras no país, como por exemplo a ONG Casa Brasil, que presta orientação e assistência a brasileiros visando uma melhor integração da comunidade brasileira na Holanda. Outra ONG internacional interessante é a Dona Daria, que ajuda mulheres, homens e jovens, organizando cursos e encontros temáticos dando ênfase à emancipação do indivíduo.
Ou se preferir, busque na sua cidade um Centro Comunitário ou uma associação de moradores, até mesmo nas escolas próximas à sua residência. Ser voluntário faz parte da cultura holandesa, então oportunidades não irão faltar para você ajudar o próximo e ainda se ajudar. A oração de São Francisco de Assis diz: “é dando que se recebe”. Independentemente da religião, ao doar um pouco do seu tempo em prol de outro, nos tornamos seres humanos melhores, e o mundo precisa cada vez mais de pessoas altruístas.
E você, é voluntário em algum trabalho ou projeto? Conta pra gente!
Te vejo no próximo post.
3 Comments
Olá, Melissa!
Meu nome Mayara, sou brasileira e recem chegada na Holanda. Já tinha lido essa sua publicação hà meses, foi a partir dela que achei a Casa Brasil Holanda, me comuniquei com a fundadora porém não era bem o que eu imaginava. Não existe lugar fixo para eu ajudar com o trabalho voluntário. Eles não usam a Casa Brasil nem nenhum lugar específico para exercer o voluntariado. Apesar de ser incrível a proposta, tudo a ver com o que procuro. Sou estudante de psicologia e procuro algum trabalho voluntário social. Estou residindo em Rotterdam. Mandei e-mail para Dona Daria e estou aguardando resposta. Você teria algum outro para me indicar? Também estou à procura de curso de inglês para brasileiros. Se souber de algum, de agradeço muito.
Mayara,
A Melissa parou de colaborar conosco, mas você pode entrar em contato com ela através do blog melissanaholanda.com
Obrigada,
Edição BPM
quando acontecera o proximo taal cafe;