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    Home»Espanha»Uma década fora do Brasil
    Espanha

    Uma década fora do Brasil

    Melissa DobrezanskiBy Melissa DobrezanskiSeptember 3, 2017Updated:April 30, 20186 Comments7 Mins Read
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    Minha chegada em Barcelona. Acervo pessoal.
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    Uma década fora do Brasil.

    Este mês estou completando 10 anos morando na Espanha. Quando pensei em escrever este texto, vieram muitas lembranças na minha cabeça, um nó na garganta, um montão de palavras soltas e um coração apertado. A primeira coisa que pensei, obviamente, foram os preparativos e o dia do meu embarque. Que difícil é isso, cruzar o oceano! Dias de angústias, noites de despedidas e uma única certeza: eu estava realizando meu sonho. Sempre tive a ideia de um dia morar fora e essa era minha grande oportunidade. Deixei meu emprego, vendi minha moto e aluguei meu apartamento novo que estava ainda em construção. O mais doloroso era a família ficando para trás, o cordão umbilical cortado pela segunda vez, de forma definitiva. Já não tinha como voltar atrás, tinha que perseguir este sonho.

    Já fazia alguns meses que estava tudo programado. Era a hora e eu estava feliz por isto. Não olhei para trás na hora do embarque. Me despedi do meu pai com um forte abraço, da minha irmã caçula que não parava de chorar e de alguns amigos. Ninguém entendia porque eu estava fazendo isto. Nem eu entendia! Entrei no avião com uma única promessa: prometi a mim mesma que teria que ser sempre sincera comigo e que, se algum dia eu não estivesse bem, eu teria que voltar.

    Desembarquei em Barcelona falando algumas poucas frases em espanhol, já que a minha primeira intenção era morar na Itália e eu já tinha começado a estudar italiano. O espanhol, mesmo pouco, não ajudava muito em Barcelona, pois o catalão – também um dos idiomas oficiais – é muito mais falado no dia a dia do que o espanhol, mas conseguia me virar. Na porta do aeroporto, uma mulher cheia de energia e muito sorridente (brasileira) estava me esperando. Ela era a cunhada de uma amiga e a gente só tinha conversado umas duas ou três vezes por skype. Ela veio me buscar e me deixou ficar na sua casa nos primeiros dias, até eu encontrar algo, mas acabei ficando na sua casa por 1 ano!

    Nos primeiros minutos dessa nova vida tive meu primeiro desafio: minhas malas foram perdidas e eu tentei resolver tudo “hablando” o pouco de espanhol que eu sabia com a atendente do aeroporto. Um dia depois, e já na cama, havia se passado umas 14 horas. Meu corpo precisava descansar, minha cabeça precisava descansar e o estresse da viagem já, por fim, se liberava do meu corpo.

    Em uma semana eu já tinha conhecido bastante a cidade e visto coisas que jamais imaginei ver ao vivo um ano atrás. Fui conhecer o Estádio Olímpico, onde me lembro bem daquela flecha acendendo a grande tocha em uma Olimpíada e que, sem saber, começou a traçar meu futuro.

    Leia também: custo de vida em Madri

    Não foi fácil, mas também não posso dizer que o meu início em terras espanholas foi difícil. Tinha tanto a certeza de que queria explorar este mundo que em nenhum momento senti arrependimento por viver aqui. A parte ruim é ser estrangeira em um lugar que você sente que também é seu. O idioma parecido que me faz confundir, por exemplo, papéis que sempre têm que estar em dia, tramitações demoradas que, até ao final delas, me terá feito tomar algumas caixas de Omeprazol. E é claro, a distância da família. Já não tinha mais o almoço na casa do pai, nem churrasco nos domingos, nem discussões de irmãos. Acabou a época de ir no salão de beleza todas as semanas. Tive que aprender a fazer a unha, a sobrancelha e a limpar sozinha a casa (aqui diarista é para quem tem dinheiro!).

    Africa
    Visitando a África. Acervo pessoal.

    A parte boa de morar aqui? Para mim são várias e que, nos dias de hoje, são muito importantes e que me fazem sentir que tomei a decisão certa. A famosa “qualidade de vida” e a “segurança” seriam as primeiras no meu ranking. Não posso dizer que morar na Europa é melhor ou pior que morar no Brasil, só posso dizer que é diferente e que justo essas diferenças são fundamentais para mim. Minha necessidade de mudar de lugar era maior e por mais que eu tivesse tudo para ter uma vida tranquila no Brasil, eu sempre achava que faltava algo. Tinha uma peça que faltava no meu quebra-cabeça que eu só encontrei depois da minha viagem. Difícil de explicar e talvez mais difícil de tentar entender.

    Algumas vezes me passou pela cabeça essa culpa de ter encontrado minha felicidade sem as pessoas que amo ao meu lado. Mas tive que pensar em mim e lutar por tudo que eu queria. Com esta mudança, eu ganhei muitas coisas, mas perdi muitas também. Perdi nascimentos de sobrinhos, festinhas de aniversário, casamentos, reencontros de amigos. Perdi pessoas muito próximas que nunca mais voltarei a ver e que não tive a oportunidade de me despedir.

    Leia também: 28 anos morando fora

    Meu melhor aprendizado foi conhecer a mim mesma! Sério! Aprendi a gostar mais de mim. Aprendi que estar sozinha era gostoso. Aprendi que era capaz de fazer coisas sensacionais mesmo estando só. Aqui posso fazer coisas que no Brasil parecem mais coisa de cinema. Uma vez comprei passagem para viajar no outro dia, saindo do continente. Jantar em casa e almoçar em algum lugar da África. Passar um fim de semana em Paris. Conhecer lugares incríveis, entrar em museus que contam as histórias, aquelas que eu aprendi na escola quando tinha apenas uns 11 anos. Subir no metrô sem medo (mas com aquele cuidado com a bolsa que eu jamais perdi, como uma boa brasileira). Não é que não roubem aqui, mas a probabilidade é bem, bem menor. Às vezes, até me sinto diferente dos demais por estes cuidados que eu fui criada.

    Aprendi que para viver em harmonia tenho que respeitar uma cultura que nem sempre entendo. Mas respeito porque elegi morar fora do meu país. E nem falo só de aceitar a cultura espanhola, porque quando se mora na Europa a sensação é que as pessoas se movem mais. Já trabalhei com italianos, búlgaros, irlandeses, ingleses… e posso garantir que cada um é tão diferente do outro e aprendemos tanto com isto.

    E dez anos depois, o que eu posso contar sem que caiam lágrimas pelo meu rosto?

    Posso contar que a saudade é minha companheira, e dói muito, mas aprendi a conviver com ela. Não é porque se passaram 10 anos que não tem um domingo que eu não lembre mais ou menos da minha família. Não tem uma vez que eu vá ao shopping e não me lembre das minhas amigas que eram super companheiras. Não tem uma vez que eu não abra a janela da minha casa e que desejaria que os meus vizinhos fossem os mesmos que eu tinha no Brasil. Aquelas pessoas que me socorriam, ou que sentavam comigo na escada ou no jardim para um bate papo. Essas coisas vão ficar para sempre guardadas dentro do meu coração que foi dividido em um antes e um depois de subir naquele avião, com a promessa que voltaria se algum dia, eu não estivesse bem!

    Os anos foram passando, me mudei de cidade, casei, tive filhos. Sigo trabalhando na minha área. Vivo feliz ao lado da montanha! Cada dia vejo mais longe este retorno ao meu país.

    E se você que esta lendo esse texto está em dúvida e não sabe bem o que fazer, eu só posso dizer que faça o que fizer, que o que tiver de ser feito que seja não apenas com a cabeça mas, principalmente, com o coração. Tenha toda a certeza do mundo para dar este grande passo. A caminhada vai ser longa e, muitas vezes, será necessário dar uma paradinha para descansar, respirar fundo e seguir.

    E se eu tivesse a oportunidade de voltar 10 anos no tempo? Ahhh, eu faria exatamente o mesmo…

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    dez anos fora espanha longe de casa morar fora
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    Melissa Dobrezanski
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    Melissa é curitibana, formada em Educação Física e pós graduada em Educação Física Escolar. Deixou seu trabalho de técnica em voleibol no Brasil em 2007 para trabalhar pela Federação de Voleibol em Barcelona organizando os mundiais de vôlei de praia. No terceiro ano em terras espanholas casou e se mudou a Madri. Mora na Serra de Madri com o marido e os dois filhos. Tem seu próprio clube de voleibol e trabalha em um colégio como coordenadora de atividades extra escolares.

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    6 Comments

    1. Marcela Bueno on September 3, 2017 2:32 pm

      Lindamente escrito Melissa. Parabéns! Sou novata na Espanha, companheira da saudade, mas amiga do bem estar. E como você, o que trouxe de mais importante na mala foi a certeza de poder voltar se não estiver feliz. Felicitaciones a los 10 años!

      Reply
    2. Eliane Mara Ferreira Moro on September 3, 2017 10:38 pm

      Belo texto Melissa, que Deus abençoe os dias que a saudade não a machuque tanto, pois as pessoas que te amam estão sempre na sua torcida. Beijos

      Reply
    3. Claudia Hosbach on September 4, 2017 2:21 pm

      Olá Melissa,

      Seu texto é altamente verdadeiro. Pois a cada leitura de uma frase ou palavra me identifiquei por demais com a sua História. Eu farei 10 anos que moro na Alemanha. Posso dizer que não me arrependo de nada e faria tudo novamente. As dores existem e sempre vão existir. Quer por saudades ou dificuldades de viver em uma cultura diversa da nossa. Mais com certeza absoluta as vitorias e obstáculos vencidos são um orgulho para mim. Saber que superei incertezas e situações difíceis e continuo superando. Abraços e Parabéns

      Reply
    4. Devart on September 5, 2017 1:43 am

      Texto emocionante, parabéns! Espero um dia ser a pessoa que dirá/pensará essas mesmas palavras. ^^

      Reply
    5. Beatriz on October 18, 2017 12:13 am

      olá, ótimo texto!
      Qual o nome do pueblo que você mora? estive pesquisando pueblos em madrid e não consegui encontrar…

      Reply
    6. Renato Gabriel on November 20, 2017 10:37 pm

      Sua história é belíssima e inspiradora!
      Parabéns por ter conseguido jamais deixar de seguir seus instintos e, principalmente, o seu coração!
      Tomara que um dia eu possa finalmente também dizer o mesmo sobre mim…

      Reply

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