Vale a pena morar nos Estados Unidos?
O país da terra do Mickey é um dos países mais desejados para emigrar do mundo. Sua fama de ser a terra das oportunidades faz com que o país brilhe aos olhos do estrangeiro.
Porém, assim como o Brasil, nem tudo são flores, os Estados Unidos possuem inúmeros problemas sociais, dificuldade no acesso à educação, usufruir de saúde de qualidade não é para todos, e o custo de vida é alto nas cidades grandes. Assim, ao considerar mudar de país, é importante pesquisar outros países, e entender qual é o melhor para você.
Motivos que justificam a mudança
Segurança Pública
No Brasil, o medo de sair de casa e não saber se irá voltar ou como irá voltar é constante, fazendo com que esse seja o assunto mais relevante da atualidade. Segundo a matéria do Bom dia Brasil, a cada cinco minutos uma pessoa é roubada no Rio, outras capitais não devem ficar atrás.
Assim, com o medo sempre à porta, e sem perspectiva de melhoria, os brasileiros tendem a mudar de país em busca de mais segurança e a encontram. São raros os casos de brasileiros com residência internacional que relatam viver sempre preocupados ao andar pelas ruas.
Em Los Angeles, a criminalidade é alta em bairros específicos, por isso é importante escolher bem a região. Eu mesma já sofri tentativa de furto, tentaram levar minha bicicleta que estava trancada na garagem do meu prédio. Meu bairro é muito bom, e sem fama de crimes, mas ao longo dos anos o número de pequenos assaltos cresceu na região de Westside. Por isso, gosto de dizer que todo país possui problemas sociais, em maior ou menor escala, e não é especialidade apenas dos Brasileiros.
De forma geral, o país é seguro, principalmente se comparado ao Brasil. Nos Estados Unidos, os maiores problemas estão relacionados ao terrorismo e atentados em escolas. Esse vídeo é direcionado a turistas, mas dá uma ideia geral dos números de crimes no país.
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Oportunidades de Trabalho
O Brasil está em crise e conseguir emprego na área desejada virou uma realidade para poucos. A mais recente pesquisa feita pelo IBGE mostra que o desemprego no Brasil está em 11.6%, ou seja, atinge 12 milhões de pessoas.
Para muitos brasileiros sair do país parece ser a única solução, afinal os Estados Unidos possuem a fama de ser o país das oportunidades, além de possuir índice de apenas 4% de desempregados. Após de seis anos morando aqui posso dizer que não é apenas fama, realmente há muitas opções de trabalho em diversas áreas.
A melhor parte, pelo menos em Los Angeles, é que estrangeiros são bem recebidos, questões como visto e sotaque acabam ficando em segundo plano. Portanto, aqueles que desejam construir uma carreira nos Estados Unidos precisam das seguintes características: dedicação, proatividade, dominar o idioma, e força de vontade. O trabalho bem feito é reconhecido e muitas portas estão abertas aos estrangeiros.
Acredito que a principal dificuldade seja encontrar uma empresa que faça seu visto de trabalho, ou seja, que seja seu sponsor—de forma simplificada, sponsor é a empresa que quer contratar um estrangeiro para trabalhar em sua empresa, e está disposta a pagar pelos custos do processo.
Algumas pessoas conseguem um sponsor ainda no Brasil e outras precisam estar nos Estados, trabalhar com o futuro empregador, para então ser contratado.
Por isso, é importante muita pesquisa na área em que deseja entrar e descobrir se há e quais são os empregadores que contratam estrangeiros dentro do ramo que deseja ingressar.
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Motivos de desafiam a mudança
Visto
Na minha opinião lidar com o status nos Estados Unidos é parte mais desafiadora. Primeiro, porque é a área mais limitante de todas, sem visto não se pode nada, e nesse momento as dúvidas se tornam monstros. Então para evitar mais desafios do que o necessário recomendo que estude um pouco sobre todos os tipos de visto e entenda o que é necessário para consegui-los.
Comece desde o primeiro dia a construir a trajetória para a conquista do seu Green Card, caso seu objetivo seja permanecer nos Estados Unidos. O Green Card é o visto de residência permanente, depois dele só faltará a cidadania americana, que é mais uma questão de escolha do que necessidade. Com o Green Card é possível fazer tudo livremente, excluindo-se direitos civis como votar.
Claro que é possível morar nos Estados Unidos com outros vistos, e são mais fáceis de conseguir. Mas, para isso seria necessário um artigo à parte, somente para falar de todos os vistos, suas vantagens e desvantagens.
Como já passei pelos vistos de turista, estudante, trabalho, e esposa, conheço bem o procedimento, por isso, se você tiver alguma dúvida sobre vistos, deixe seu comentário, ficarei feliz em esclarecer no que eu puder.
Saúde
Não existe saúde pública gratuita nos EUA, o que até hoje me causa insatisfação. Esse assunto é intensamente debatido pelo congresso, há a bancada que defende saúde pública gratuita a todos, enquanto que há os que acreditam no sistema que existe hoje.
Porém, não haverá, em curto tempo, mudanças consideráveis nessa área. Se você considera se mudar é importante saber que não há saúde gratuita para todos, e que para ter saúde de qualidade é necessário ter plano de saúde.
O tema é extenso e complexo, por isso tenho um artigo que explica com mais detalhes o sistema de saúde dos Estados Unidos.
Educação
O prestígio internacional das Universidades Americanas causam uma falsa ilusão de que a educação do país é excelente. Acontece que, há alguns anos as escolas públicas do país vêm recebendo duras críticas dos educadores. O ensino de base até o colegial nas escolas públicas estão perdendo qualidade a cada ano, conforme indica essa matéria do Washington Post.
Além disso, as universidades são para poucos. O alto custo e da dificuldade em ser aceito fazem com que ensino superior seja privilégio de poucos. Isso explica porque mais de 60% da população não possui nível superior no país.
Assim, se esse sempre foi um critério de peso na balança para decidir morar nos Estados Unidos, avalie bem todas as condições. Seja qual for a motivação—educação pessoal ou dos filhos—entenda quais são os critérios necessários para ser aceito em universidades, quais são os estados que oferecem melhor educação de base, e custos.
Dia a dia
A vida nos Estados Unidos é semelhante à brasileira, trabalhamos a semana toda, descansamos no final de semana, há eventos e pessoas para ver em todos os lugares. Ainda assim, há certos costumes que diferem os americanos dos brasileiros e, por isso, exigem cautela de nossa parte para não cometermos gafes.
Aqui é muito comum festinhas com amigos e colegas de trabalho, nessas festas as conversas são, geralmente, superficiais, chamadas de small talk. Nessas festinhas, a conversa nunca entra em detalhes, pode-se dizer ser apenas uma atualização sobre o que você tem feito no trabalho, lugares novos que descobriu, como restaurantes e passeios. Nada muito íntimo e muito menos sobre problemas pessoais. Por isso, é muito comum que as amizades construídas no exterior sejam com pessoas de outras nacionalidades ou com brasileiros.
Outro aspecto, são as burocracias como, por exemplo, tirar carta, comprar um carro, documentação de trabalho etc. Todo país possui seu próprio procedimento, e quando chegamos temos que aprender sobre eles. Porém, ninguém lhe fornece um manual com tais procedimentos, é com erros e acertos, dicas de um e de outro se aprende os segredinhos do jeitinho americano de fazer. Tenho um artigo com várias dicas sobre assuntos que só sabemos e aprendemos depois de anos morando aqui.
A vida nos Estados Unidos é sim muito boa, a adaptação à cultura americana acaba sendo rápida devido à influência de filmes e séries que nós brasileiros absorvemos, quando bate a saudade de casa sempre é possível encontrar alguém para conversar em português ou comer uma comidinha brasileira.
Os desafios ficam por conta dos vistos e do custo da qualidade de vida, portanto, planejamento é essencial—conhecer suas metas e motivos da mudança—auxilia na escolha correta do país que possui o perfil dos seus planos de vida. Não é porque um país é considerado rico, seguro, e próspero que as pessoas desse país sejam necessariamente realizadas, na verdade, a satisfação pessoal vem de cada um e não do país onde vive. A mudança deve ser um motivo de vida e não de espaço físico.
19 Comments
Oi, Natália.
Amei seu texto! Super informativo e simples de ler.
Sou colunista de NY.
Bjsss!
Oi Larissa,
Obrigada por ler!
Tem muito significado pra mim.
Beeeijos
A segurança sempre foi o que mais me despertou interesse. Entendo que não existe lugar 100% seguro, porém… O Brasil é realmente muito complicado. Espero, do fundo do coração, que isso melhore por aqui.
Você tem razão, fico muito triste sempre que vejo uma notícia sobre o índice de criminalidade do Brasil. Sonho com o dia em que o Brasil será um país melhor, pois temos tantas coisas boas, que eu gostaria de ver esse país prosperar!
Natália, teus artigos são excelentes! Mostram de forma clara e realista todos os aspectos relacionados à mudança para os Estados Unidos. Ajuda muito quem está neste processo, como eu.
Tenho uma dúvida e acho que você pode me ajudar : sou casada com um americano e apliquei para o green card, form I 485, Adjust Status. Ocorre que mandei minha certidão de nascimento (atual e apostilada) sem traduzir para o português. Agora recebi uma notificação do Uscis pedindo que envie. Tenho que ter um tradutor certificado? Quem pode atestar que a tradução está correta? Estou morando na Califórnia desde o ano passado, mas ainda em fase de adaptação e aprendizagem.
Te agradeço desde já!
Obrigada! E fico feliz que você gosta e lê meus textos.
Te mandei um e-mail 🙂
Beijos
Olá Natália.
Muito bacana o seu artigo, aproveito para perguntar se tem como pedir a extensão do visto de turista? De 6 meses para mais 6 meses.
Como é feitoa mudança no status do visto de turista para estudante?
Fico no aguardo.
Obg.
Oi Aline,
O visto de turista pode ser extendido, porém o tempo máximo de permanência com o visto de turista é seis meses. Ou seja, não pode extender por mais 6.
A transição do visto de turista para o de estudante dependerá da escola para onde você irá estudar e do procedimento deles. Se for escola de inglês acredito que você não precisará sair dos Estados Unidos e entrar com o visto novo. No entanto, não é garantido que você consiga ter o novo visto aprovado.
O ideal seria estudar em alguma Universidade ou College, assim você demonstra que está interessada em crescer profissionalmente, geralmente esse procedimento demora uns dois mêses e você precisará sair do país pois terá que ir na embaixada para solicitar o visto de estudante.
Oii Natália, tudo bem? Eu e meu namorado temos muita vontade de ir morar nos Estados Unidos, mas temos medo e não sabemos por onde começar, com visto e tudo mais. Poderia me esclarecer algumas dúvidas? Fico no aguardo, obrigada!!!
Oi Leticia,
Obrigada por entrar em contato!
Vou te mandar um e-mail!
Adorei o texto. Já começou a esclarecer e clarear um pouco mais da vida nos EUA.
Eu gostaria de saber se você tem mais informações sobre ter um filho nos EUA.
Por favor, se possível, me envie um e-mail em Fernanda.vet@hotmail.com ????
Oi Fernanda,
Te mandei e-mail hoje!
Beijos
Olá,Natália!Tudo bem? Sou policial,tenho uma namorada grávida e pretendemos ir tentar a vida nos EUA,inicialmente como turistas,pretendo tirar o visto com ela e posteriormente eu sair da polícia. Gostaria da sua opinião,vale a pena tentar? Manda um e-mail para mim,agradeço.
Oi Wesley,
Obrigada por entrar em contato, e ler os textos por aqui.
Estou te mandando e-mail hoje.
Abraços!
Você sabe se para quem tem a cidadania portuguesa precisa de um green card?? Ou a cidadania já é o suficiente??
Olá Pedro,
Precisa sim pois você quer ter residencia permanente, poder trabalhar ect.
A vantagem de ter um passaporte europeu é para viajar para os Estados Unidos sem presisar de visto de turista, o que você irá precisar é do ESTA, que pode ser solicitado com 72 horas de antecedencia da sua viagem, e pagar um valor mais baixo que o visto de turismo. O ESTA é válido por 2 anos, mas permite estadia no país de 90 dias. Espero ter esclarido um pouco sua dúvida.
Abraços
Oi, Natália. Tudo bem?
Gostaria de uma opinião sua, se possível.
Minha esposa é americana, nasceu nos EUA e veio para o Brasil com 3 anos. Ou seja, ela se considera brasileira e não conhece nada sobre a “vida americana” e muito menos tem inglês fluente. rsrsrs
Nós dois somos funcionários públicos e temos rendas muito boas, temos plano de saúde, conseguimos contribuir com um bom recurso para nossa previdência privada, temos uma boa poupança, temos casa própria, carro do ano, etc…
Eu tenho 28 anos e ela 30.
Temos uma filha que hoje está com 1 ano e 7 meses e depois que ela nasceu, começamos a imaginar como seria criá-la nos EUA e dar essa oportunidade a ela. Depois de algumas pesquisas decidimos que iriamos mesmo “abrir mão” de nossas carreiras aqui e partiríamos para os EUA.
Nosso processo de greencard (meu e da nossa filha) está em fase final.
Agora, acho que pelo fato de estar chegando o dia de partirmos, bateu uma insegurança muito forte. Confesso que a pandemia também nos desanimou muito.
Estamos com muito medo do mercado de trabalho, das leis trabalhistas nos EUA, do custo de vida e do sistema de saúde. Nossa ideia inicial é irmos para San Diego.
Eu sou piloto de avião e ela contadora. Sei que o mercado de trabalho para pilotos é super aquecido nos EUA, mas até eu covalidar minhas carteiras levará algum tempo. No caso dela não sabemos como é o mercado.
Você acha, que diante dessa nossa realidade, ainda assim vale a pena arriscarmos e começar do zero?
Oi Natalia adorei a colocação, meu sonho é morar ai estou passando por muitas dificuldades no brasil e gostaria de tentar a vida .. Você acha que ganhando um salario mínimo é possível tirar o visto de turista ?
oi entao eu queria saber se tem como morar nos estados unidos com a familia e mais facil de conseguir o green card ? e como conseguir o green card//?/