Quer fazer mestrado ou doutorado nos Estados Unidos, mas não tem ideia de por onde começar? Esse texto explicará exatamente como sair do zero e dar os primeiros passos na direção do seu sonho!
Vou assumir que você já tem uma ideia geral do processo e sabe que você precisará de no mínimo um ano de preparação (caso não, recomendo ler o meu passo-a-passo para estudar nos EUA com tudo pago antes de ler esse texto).
Parte 1 – Estudar!
Vamos à primeira coisa que você deve fazer: organizar um calendário de estudos e preparação com metas semanais, mensais e anuais. As duas tarefas que tomam mais tempo são estudar e encontrar programas de pós-graduação; portanto, serão o foco desse texto.
Apresento aqui um exemplo de calendário de estudos e preparo bem puxado para uma pessoa que trabalha ou estuda durante o dia e tem as noites e finais de semana livres. Além disso, esse calendário seria ideal para alguém que já tem inglês de nível médio, é bom em matemática e redação e sabe bem a sua área de estudo.
Nesse calendário somam-se 272 horas de estudo para o TOEFL, 360 horas para o GRE geral e 240 horas para o GRE específico. Eu, que não sabia nada de inglês, mas era boa em matemática e redação e tinha conhecimento razoável na minha área, precisei de 720 horas de estudos para o TOEFL, 1140 para o GRE geral e 660 horas para o GRE específico. Foram dois anos de estudos enquanto eu fazia mestrado, com alguns meses de pouco e vários meses de muito estudo. Portanto, a duração do seu calendário vai depender completamente de seu conhecimento prévio e seu tempo disponível.
A partir daí, você pode planejar estrategicamente o número de horas de preparo por semana e o uso dessas horas. Por exemplo, se você é uma pessoa que estuda bem quando tem horas seguidas sem interrupção, você pode estudar inglês 8 horas por dia nos sábado e domingos. Por outro lado, se você se concentra melhor com intervalos curtos de estudo, você pode estudar inglês 2 horas por dia.
Ressalto que autoconhecimento é fundamental. Só você mesmo pode descobrir qual é a sua forma mais efetiva de aprendizagem, por quanto tempo de estudo você consegue ser produtivo, e quão disciplinado você é. Dê o melhor de si e programa-se para 1, 2 ou 3 anos de preparo – o quanto precisar.
A partir daqui vou assumir que você já sabe como as provas são – caso não, leia o meu texto sobre como estudar para o TOEFL e GRE. Sugiro intercalar o que se estuda para evitar cansar muito rapidamente. Por exemplo, para o TOEFL, você pode estudar 1 hora escrevendo, 1 hora ouvindo, 1 hora falando e 1 hora lendo. Para o GRE, você pode intercalar matemática, redação e interpretação de texto.
Como eu não gostava muito de inglês e gosto de matemática, eu “me deixava” estudar matemática só depois de estudar uma hora de gramática. Eu intercalava ao longo do dia esses dois tópicos, e, quando começava a ficar muito cansada, usava comidas e caminhadas como recompensa por tempo a mais de estudo (haja chocolate!). Quando eu já estava exausta, me servia um pouco de vinho e seguia estudando até que aguentasse.
Sempre adorei colocar coisas nas paredes. Enchi o apartamento com cartazes de motivação, resumos e fórmulas, e até um mapa, em que marquei as cidades dos Estados Unidos em que queria estudar.
Parte 2 – Selecionar programas de pós-graduação
Essa busca é muito longa e é feita toda na internet. Aqui vou detalhar um pouco mais como fazer essa busca começando com o exemplo de doutorado em serviços sociais (social work).
- Buscando por programas
Procure no Google “USA PhD programs in social work“. Adicione à busca o estado americano de sua preferência se tiver. Entre no site de cada programa e verifique se eles dizem que há apoio financeiro com bolsas, GTAs ou GRAs (Não sabe o que é isso? Leia meu texto sobre dúvidas frequentes.).
Se o programa não oferece nenhuma forma de renda, descarte-o. Se oferecer, verifique como o programa funciona, quais os requerimentos para inscrição, que professores (faculty) estão no programa e que tipo de pesquisa eles fazem. O que leva mais tempo é procurar por todas essas informações nos sites dos programas. Mande um e-mail para a secretaria do programa pedindo por informações que não estejam claras no site. Faça um documento digital contendo toda informação que você conseguir sobre cada programa de seu interesse.
- Buscando por universidades
Ao invés de buscar diretamente por programas de pós-graduação, você pode selecionar universidades e então pesquisar que programas elas oferecem. Uma dica é que todo o estado americano tem a sua “state university” – Oregon State University, Kentucky State University, Ohio State University, etc. Você pode também procurar no Google por uma lista de universidades em um estado específico – “list of universities in California“, por exemplo.
Uma vez que você tenha uma boa lista de universidades, você pode procurar a lista de programas de pós-graduação que elas oferecem tanto no Google quanto no site da universidade. Finalmente, eu já publiquei uma lista de universidades americanas para brasileiros que inclui um link para as 25 universidades americanas que mais aceitam alunos internacionais que você pode conferir.
- Buscando por professores
Uma terceira opção é primeiro selecionar professores de seu interesse e, depois, verificar de que programa de pós-graduação eles fazem parte, e então se inscrever para esses programas por causa de certos professores. Um cuidado que se deve ter ao usar esta estratégia é contatar o professor para saber se a pessoa estará aceitando novos estudantes quando você estiver começando o programa.
Além disso, nunca há garantias de que o professor vai querer orientá-lo; em diversos programas você não entra com um orientador já determinado, mas faz rotações com diversos orientadores para posteriormente escolher um, como explico no meu texto sobre dúvidas frequentes. Ainda assim, é muito vantajoso já ter uma lista de professores para contatar, pois esse contato pode ajudá-lo a ser selecionado para o programa.
Para buscar por professores, recomendo selecionar artigos científicos na sua área e investigar quem são os autores. Ir a congressos internacionais também é ótimo para ver quem são os professores palestrantes. Depois que você já tiver alguns professores selecionados na sua lista, estude bem o que eles pesquisam e mande um e-mail se apresentando. Você pode até usar um dos modelos de e-mail que disponibilizo aqui.
Em conclusão, comece essa jornada pela organização de seu calendário e inicie seus estudos e busca por programas assim que possível. A cada mês avalie o seu progresso e reajuste o seu calendário se necessário. Faça uma lista de conteúdos para cada prova e tenha um controle de quantas horas por semana você realmente está estudando. Planeje também estratégias para se manter motivado. Essa jornada é longa e trabalhosa, mas muito recompensadora para quem realmente gosta de uma área de estudo. Não é uma questão de inteligência, e sim de dedicação e persistência!
31 Comments
Olá, Paula. Tudo bem?
Estava procurando informações sobre e cheguei ao seu blog, adorei as dicas e o post, super bem explicadinho. Pretendo estudar nos Estados Unidos e acredito que organização é essencial.
Muito obrigada pelas dicas.
Um abç
Muito obrigada, Suyane! Eu tenho uma série de textos sobre o assunto: https://brasileiraspelomundo.com/author/paula-martins
Boa sorte com seus estudos!!
Um abraço,
Paula
Oi Paula, tudo bem? Primeiro gostaria de te parabenizar pelos posts muito bem elaborados e informativos! Agora queria saber se você poderia me responder algumas dúvidas…meu marido recebeu uma proposta de trabalho em Columbus e eu automaticamente iria com visto H4, certo? Gostaria de saber se com esse visto consigo fazer um pós doutorado, por exemplo. Vc tem conhecimento sobre isso? Obrigada por compartilhar tanta informação boa! ?
Oi Tarcila,
Sobre o visto H4, minha colega Lorrane sabe melhor e escreveu este texto no BPM https://brasileiraspelomundo.com/eua-visto-h4-mudanca-na-lei-e-reconstrucao-da-carreira-profissional-441616220
Na verdade, acabo de ler no texto que sim, se pode trabalhar com este tipo de visto! Mas também, estando nos EUA, você pode procurar vagas de pós-doutorado diretamente com os professores, e aí, uma vez que alguém queira te contratar como post-doc, você pode tirar também o visto J1. Não há limites no número de vistos diferentes que se pode ter para os EUA, até onde sei. Te aconselho a contatar professores desde já, pois tirar esse visto e a permissão de trabalho pode demorar bastante. Não sei qual é a sua área, mas de repente o site da Science, onde se anunciam vagas de post-doc, possa te ajudar http://jobs.sciencecareers.org/jobs/postdoc/
Boa sorte e me avise se vocês forem para Columbus!
Um abraço,
Paula
Oi Paula, obrigada por responder tão rápido!!! Pelo que li no texto do link que você deixou no comentário aí de cima, com o visto H4 eu só conseguiria trabalhar depois que meu marido estivesse trabalhando 6 anos aí ou se tiver me colocado como beneficiária no formulário I-140, certo? Então seria melhor eu já ir com o visto J1 para facilitar as coisas…eu sou da área de engenharia de materiais. Ainda estamos ponderando a decisão de aceitar a proposta de trabalho dele. Seu marido foi com visto H4? Obrigada mais uma vez por toda ajuda.
Abraço,
Tarcila
Oi Tarcila,
Olha, eu não sei muito sobre o visto H4. O que sei pela minha experiência e pela de amigos é que os esposos que vão de acompanhante geralmente demoram um bom tempo para conseguir trabalhar, quando conseguem. O meu marido, que também tem formação de engenheiro, está comigo como F2, que não permite trabalhar nos EUA (e nenhuma empresa quis dar visto de trabalho). Portanto, sugiro tomar essa decisão ponderando se você estaria confortável em não trabalhar, pelo menos por um tempo, pois provavelmente é isso que vai acontecer. Se você pode trabalhar através da internet para uma empresa no Brasil (ou independentemente), ganhando dinheiro em reais no Brasil, aí não haveria problema – é o que meu marido está fazendo. Claro, você também tem a opção de ir como post-doc com visto J1; se der tempo de encontrar uma posição e fazer a papelada antes de vocês se mudarem, esta é uma ótima opção!
Um abraço,
Paula
Oi Paula,
obrigada por responder novamente!!! Estamos na correria por aqui para decidir se iremos aceitar ou não a oferta de emprego para o marido aí…posso te fazer mais uma pergunta? Você pretende voltar para o Brasil? Quais são suas expectativas em relação a trabalho se ficar por aí? Agradeço mais uma vez imensamente toda sua atenção e ajuda…e se formos para aí, eu te aviso, tá?
Abraços.
Oi Tarcila,
Eu quero ir para a Europa. É possível ficar nos EUA na área acadêmica sim; se vocês vierem, provavelmente poderão decidir por isso no futuro. Não quero ficar porque muita coisa nos EUA não fecha com os meus valores, não há férias nem licença maternidade pagas, as pessoas trabalham longas horas diárias e há muita competitividade. Não quero desanimar vocês; isso tudo só não é o estilo de vida que eu quero ter. Muitos brasileiros encontram nos EUA um novo lar e oportunidades que não há no Brasil.
Boa sorte com tudo e sim, me avisem se forem à Columbus!
Um abraço,
Paula
Muito obrigada por todos os posts no blog Paula eles serão muito úteis para o meu planejamento. Estou terminando a graduação e pretendo iniciar o mestrado aqui no Brasil e posteriormente fazer o Doutorado fora, dessa forma quero me preparar durante esses 2 anos de mestrado. Sobre a tradução juramentada dos documentos, é preciso enviar uma tradução para cada universidade ou é possível fazer uma autentificação da tradução “original” com o tradutor para poder enviar para várias universidades e assim diminuir o custo com a tradução dos documentos. Quando você foi aceita no programa os custos com a viagem para os Estados Unidos e com as instalações na cidade foram arcados por você ou você conseguiu algum auxílio da universidade? Abraços!
Oi Juliana,
Bom saber que meus posts tem sido úteis para ti!
Quanto às traduções juramentadas, tu vais fazer uma cópia digital e mandar o mesmo pdf para todas as universidades. Quando fores aceita, vais precisar dar uma via original de todos teus documentos na chegada à universidade. Algumas universidades pedem materiais por correio; neste caso, vais ter que mandar cópias das traduções. Geralmente os tradutores cobram um preço pela tradução e outro, bem menor, para cada via.
Não – custos com provas, visto e viagem são totalmente do aluno. Custos iniciais também, já que o primeiro salário chega só ao final do primeiro mês. É preciso juntar uma grana para tudo – aconselho a chegar com uns 4 mil dólares no mínimo.
Boa sorte com tudo!
Paula
Oi paula, muito legal o seu texto. Preciso de ajuda com uma duvida, sou recém formado no Brasil em ADM. de Empresas, e quero ir para os Estados Unidos fazer uma pós, mas pelo que vi você só citou mestrado e doutorado. Eles não tem uma pós graduação sem ser nesse nível? Ou o correto é eu aplicar para Mestrado? Minha área de interesse é Recursos Humanos.
Oi Rafael,
Até existem especializações, mas são raras, até onde sei. Na área de administração o que vejo muito são MBAs – que são mestrados, e geralmente caros, sem financiamento. Esse texto meu tem dicas de bolsas, se te interessares.
Que bacana o seu texto, eu estou em um grande impasse. Recém-formada, com um emprego razoável, estou naquela famosa dúvida, interrompo a carreira para ir para os Estados Unidos aprender inglês, ou fico por aqui, procuro maior experiência e aprendo inglês aqui mesmo.
Nessa caso, mudar para aí e tentar a bolsa, pode ser algo muito complicado? Ou é melhor ir já com algo definido?
Oi Brunna,
O visto só pode ser tirado do Brasil, e visto de turista dura até 6 meses. Eu acho 6 meses pouco tempo para aprender inglês, fazer as provas e ainda fazer as inscrições – fora que os documentos para as inscrições só podem ser tirados no Brasil. Se você tem dinheiro para estudar inglês nos EUA, vem que vale a pena, mas daí volta e dedica um tempo para a organização que sugeri neste texto. Outra coisa, nos EUA a grande maioria das pessoas não tem bolsas, e nem precisa =) Olha aqui: https://brasileiraspelomundo.com/mestrado-e-doutorado-nos-estados-unidos-451839287
Paula
Olá Paula. Tudo bem?
Gostaria muito de fazer mestrado nos Estados Unidos ou Canadá (ouvi dizer que lá no Canadá não precisar fazer o GRE, é verdade?), irei finalizar minha graduação no ano que vem. Já participei de projetos de extensão, pesquisa, monitoria e tenho boas notas. Porém não tenho nenhum artigo publicado em uma revista científica. Vc acha que isso irá diminuir as minhas chances de ser aceita em um programa de mestrado? Obrigada pelas dicas! Abraços
Oi Evelyn,
Não sei do Canadá, mas não ter artigo é a mesma situação dos estudantes americanos, então não há problema se o resto da tua inscrição (CV, experiência, notas, tudo) compensar. Tenta igual! Um abraço, Paula.
Ola Paula. Tudo bem?
Sou graduando do curso de Biomedicina e pretendo fazer mestrado nos Estados Unidos, irei finalizar minha graduação daqui um e ano e meio. Faço iniciação cientifica e já participei de projetos de extensão. Você acha que devido ao curso que faço e já estar iniciando na área da pesquisa, facilita algo? e outra pergunta, ir me preparando agora já ajuda bastante ? Obrigado pelas dicas ! Abraços
Oi André,
respondido no email!
Paula
Olá, estou realizando muitas pesquisas e achando poucas respostas, quero realizar o mestrado nos EUA, e não estou achando um programa nem indicações, unica coisa que estou fazendo é estudando para TOEFL IBT, podes me ajudar com alguma dica? Continuo com pesquisas diárias.
Oi Manoela,
Espero que estejas fazendo a sua busca em inglês – em português não há quase nada mesmo.
Eu uso muito este site para encontrar programas: https://www.gradschools.com
Ou coloca no google, por exemplo, “graduate programs in molecular biology USA”.
Na verdade, buscas como estas retornam muitos resultados, e terás que entrar no site de cada programa para ver se é o que queres.
Boa sorte!
Paula
Oieee Paula! Parabéns e obrigada pelos posts!
Estava navegando pela Ohio university e pude ver q todos os cursos de doutorado tem um custo aproximado de 50 mil dólares por ano. É isso mesmo?
Obrigada
Oi Erika,
Custos do tipo tuition não são pagos pelo aluno, mas sim pelo departamento ou orientadora. Em outra palavras, eu paguei 100 dólares por ano e recebi 1800 por mês (depois de descontar impostos e seguro saúde já).
Você não pagaria 50 mil dólares por ano.
Paula
Olá Paula, tudo bem?
Tenho procurado muito universidades para tentar uma bolsa de doutorado em Adm nos Estados Unidos. Sou religiosa, por isso tenho a graça e a facilidade de termos casa em Nova York, Connecticut, Missouri, etc. o que sei que facilita muito os custos. Meu nível de inglês é intermediário, por isso, acredito que meu foco agora deva ser aprofundar o inglês e realizar satisfatoriamente os testes necessários.
Enfim, você conhece bons locais para fazer um curso de inglês em etapas? Penso em jan/fev, depois jul/ago.
Agradeço muito suas dicas!
Um abraço.
Oi Grazielle,
Uma colega minha já escreveu sobre o assunto – da uma olhadinha nesse texto:
https://brasileiraspelomundo.com/como-fazer-curso-de-ingles-gratuitamente-nos-estados-unidos-371661145
Boa sorte com tudo!
Paula
Oi Paula, tudo bem?
Sou mestrando em Planejamento Urbano e Regional na UFRGS e gostaria de ir para os EUA fazer algumas matérias como aluno especial (como chamamos no Brasil), ficar talvez só um semestre.. Você sabe como isso funciona?
Se puderes me ajudar e indicar alguma Universidade que tenha essa área, fico imensamente grato
Abraços!
Oi, posso te perguntar sobre as suas notas? Tô tentando ter referências.
Olá Luiza,
A Paula Dalcin Martins, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
Gostei das informações, ainda não terminei minha faculdade , mas pretendo ir fazer umas pós nos EUA, até lá vou me preparando no inglês!
muito obrigado!
Boa noite Paula! Acompanho suas postagens, se você poder me indica algum curso de pós graduação ou curso normal de Reprodução Humana. Ti agradeço.
Olá Clélia,
A Paula Dalcin Martins, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
Entendi, obrigada.