Há um pouco mais de dois anos, eu exploro o mundo fazendo voluntariado.
Como tudo começou? Quando descobri que eu poderia trabalhar com o que amo.
Aqui, eu conto tudo!
O filósofo, escritor e educador Mario Sergio Cortella faz uma distinção entre trabalho e emprego:
“Emprego é fonte de renda e trabalho é fonte de vida. Meu trabalho é minha obra”.
Já compartilhei várias experiências sobre esta especial obra, que é a minha fonte de vida atual. Se tiver curiosidade, basta clicar em um dos links abaixo e confirmar que é possível viajar o mundo como voluntária:
+ Voluntariado na Oceania
+ Inspirando novos programas de voluntários na Dinamarca
+ Experiências na Croácia
+ Aprendi brincando
+ Dez aprendizados fazendo trabalho voluntário na Europa
+ O que tenho aprendido residindo como voluntária em ecovilas
Ficou animada? Seguem algumas dicas para você começar a pensar no assunto!
1) Tenha clareza do que você ama fazer
O que te traz brilho nos olhos? Essa era uma das perguntas que eu fazia para os candidatos que eu entrevistava enquanto gestora de Recursos Humanos. Meu prazer era ver os olhos das pessoas brilharem ao compartilharem suas paixões. Atualmente, enquanto viajante, quando encontro alguém pela primeira vez, costumo perguntar: O que você ama? Algumas pessoas se surpreendem e levam tempo para responder simplesmente porque ainda não se autoconhecem o suficiente.
Se você tem interesse em doar o seu tempo voluntariamente, tenha clareza do que realmente ama. Você é livre para escolher a área que pretende atuar, o que quer fazer, onde, quando e por quanto tempo. Portanto, não faz sentido perder a sua energia fazendo algo que não te traz brilho nos olhos.
2) Tenha um projeto
Por que você pretende viajar o mundo como voluntária? Independente do motivo, tenha um projeto! Isso abrirá muitas portas na sua jornada. Eu, por exemplo, só consegui entrar na Green School Bali e em tantos outros lugares porque tenho um projeto estruturado. As pessoas sentem prazer em colaborar.
Não precisa ser um projeto de grande impacto, basta algo que você possa utilizar para enriquecer a sua apresentação e justificar a solicitação de uma oportunidade de aprendizado e troca de experiências.
3) Busque as melhores referências
Após ter clareza do que você ama fazer e o projeto definido, busque as melhores referências na área. Minha paixão é Educação para Sustentabilidade. Tenho pesquisado e contribuído com as instituições pioneiras nessa área. Estar entre os melhores nutre o meu projeto e traz o estímulo que preciso para continuar a minha longa jornada de cinco anos pelo mundo.
A cada experiência, minha obra vai sendo reconhecida. Atualmente, tenho recebido numerosos convites por onde passo. Um cenário bem diferente do início da viagem, quando eu enviava vários e-mails por dia em busca de oportunidades.
4) Faça Networking
Conexão! Um dos itens mais importantes. Valorize e amplie a sua rede organicamente e viva o poder da cooperação. Você vai se impressionar positivamente com o resultado.
Até hoje, mesmo após dois anos de jornada, recebo indicação de pessoas que conheci no primeiro semestre. A rede é viva e produz frutos continuamente!
Leia também: Como o trabalho voluntário pode te ajudar a conseguir um emprego remunerado
5) Não perca tempo nem dinheiro com intermediários
Se você se dedicar aos quatro primeiros itens, vai perceber que não há necessidade de utilizar intermediários como WWOOF, Worldpackers, Workaway, Helpx e tantos outros existentes no mercado. Eu só usei o WWOOF uma vez em Portugal, no meu segundo mês de viagem, e o resultado não atendeu minhas expectativas.
É claro que ao escolher não pagar por esse tipo de serviço, você aumenta as suas responsabilidades buscando e negociando diretamente com cada instituição. Portanto, essa escolha é muito pessoal. Este tópico é apenas para mostrar que é possível voluntariar pelo mundo sem a utilização de intermediários.
6) Esclareça tudo antes de se comprometer
Como você não terá a garantia das “agências” citadas no item anterior, a responsabilidade de solicitar a política de voluntariado, ler atentamente e esclarecer todas as informações é sua.
Não se comprometa por impulso. Se a organização não tiver uma política definida, antes de aceitar qualquer oportunidade, pergunte principalmente sobre:
- Atividades que exercerá
- Carga horária diária e horário de cada turno
- Dias de folga
- Tipo de acomodação (com quantas pessoas irá compartilhar)
- Refeições incluídas
- Serviços disponibilizados (como lavanderia, por exemplo)
- Como chegar no local
- Transporte público na região
7) Tenha conhecimento dos seus direitos e deveres como voluntária
A Declaração Universal sobre Voluntariado foi publicada pela primeira vez em 1990, durante a Conferência Mundial de Voluntários em Paris, e revisada em 2001 em Amsterdã. Esta Declaração apoia o direito de todos e todas se associarem livremente e voluntariamente, independentemente da sua origem cultural e étnica, religião, idade, sexo e condição física, social ou econômica.
Leia o documento disponibilizado em inglês neste link.
8) Dê o seu melhor
Uma vez comprometida, dê o seu o melhor. Afinal, você escolheu estar naquele lugar doando o que tem de mais precioso: o seu tempo. Se algo não está fluindo ou te trazendo brilho nos olhos, dê e peça feedback utilizando os princípios da comunicação não violenta.
Leia também: Haiti – Voluntariado em Organizações Internacionais
9) Divirta-se!
Se não for divertido, não é sustentável! Portanto, faça do seu trabalho sua fonte de vida, e a sua obra leve e divertida. Sorria, abrace, dance, cante, crie, inove, transforme e, acima de tudo, se reinvente!
10) Solicite uma declaração ou certificado
Não sou a favor de papelada e burocracia. Para mim, o que vale é a experiência. No entanto, a comprovação do seu trabalho facilitará o processo com algumas instituições mais exigentes que solicitam carta de recomendação, e com o controle de imigração de alguns países mais fechados.
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Atreva-se a expandir a sua obra! Permita seus olhos brilharem com mais frequência.