4 Lugares para conhecer na Argentina
Passei quase 3 meses na Argentina e viajei por apenas 5 estados, pois o país é gigantesco e ainda tenho muito para explorar. Penso em um dia retornar para conhecer mais sobre essa terra tão exuberante e com pessoas tão acolhedoras. Enquanto isso, relembro e recomendo para vocês alguns dos lugares que fiquei com vontade de retornar.
1) A clássica e envolvente Buenos Aires
A cidade mesmo sendo uma metrópole, não me assusta. Tudo é de muito fácil acesso caminhando e me sentia como se estivesse caminhando pela minha cidade no Brasil.
Quando caminhava em Buenos Aires, me envolvia com a sensibilidade da cidade que parecia tocar tango o tempo todo. Quando não, creio que escutava o som do piano de uma amiga argentina que me recebeu em sua casa. Oras, a cidade é embalada por música.
O estilo arquitetônico me fez mergulhar por diferentes décadas. Desde o estilo levado pelos espanhóis colonizadores como também pela influência de outros estilos arquitetônicos desenvolvidos mundialmente como o modernismo, contemporaneidade e até o assustador conceito de arquitetura atual com arranha-céus quadrados, que na minha opinião, não se têm muita expressão – parecem caixas reproduzidas que tampam os céus nos passando uma sensação de sermos muito pequenos.
Os bosques são muito vivos. Tem gente fazendo música (isso é por toda a cidade), lendo livros, correndo. Mas há um ponto de atenção: muitos deles, mesmo sendo públicos, possuem horário de fechamento por determinação da municipalidade.
Se você curte programas culturais, saiba que também é um forte da cidade. Há muitos museus e teatros. Eu fui em muitos, mas como faz algum tempo, já esqueci os nomes.
Confesso, não gostei de Puerto Madero, um lugar altamente turístico e caríssimo! Eu, particularmente, não gosto desse lance de turismo muito caro que intimida quem não tem poder aquisitivo. Ok, quando são lugares privados, mas espaços públicos delimitados por status, não me agrada.
Enquanto o Caminito, que é turístico, mas por ser uma região pequena, mesmo que explore o turismo é de uma forma mais delicada, eu diria, colorida, com pessoas locais prosperando junto ao turismo.
Um filme recomendado por amantes de Buenos Aires chama-se Medianeras que transmite o contexto da cidade na visão de uma arquiteta. Para mim, o filme é ótimo. Porém, possui uma visão um tanto melancólica da cidade, contudo, contém também uma grande verdade: Buenos Aires ignorou o Mar de Plata, pois a cidade foi construída de costas para o mar, desprezando-o totalmente.
2) Córdoba, vem dançar!
Ah, que charme! Depois de Buenos Aires, não pensei em encontrar uma cidade tão envolvente, mas encontrei Córdoba.
Uma cidade não muito grande, repleta de verde que dá sensação de luz baixa à noite, como se fosse iluminada pela lua cheia, mas na verdade, são postes de luzes amarelas que deixa tudo iluminado, mas sem muito contraste, com penumbra. Na época que fui, estava friozinho, era outono e a música embalava uma constante dança. Inclusive, eles vão te tirar para dançar! Pode ir que há muita salsa e tango.
É muito comum chegar em uma praça à noite e ter muitas pessoas dançando tango. Você, com seu cachecol e cores sóbrias, vai ver que o ritmo ali é outro. Não corra, pare para apreciar.
Além da noite, os dias de sol também têm um clima agradável que permite usar tanto roupas de verão quanto de inverno, mas notei que é clássico usar um cachecol ao final do dia.
Não se esqueça de conhecer a feira de artesanato, Paseo de las Artes que acontece entre as Ruas Belgrano e Canadá. Você poderá apreciar a comida local e música ao vivo aos domingos na parte da tarde.
Ah! A cidade parece girar em torno das Universidades com suas belas construções e gramados cheios de vitalidade com estudantes realizando ensaios de bateria, lendo livros e fazendo reuniões ao ar livre.
Além da arquitetura deslumbrante, as construções do período colonial têm muitos mistérios: salas escondidas, espaços secretos, aliás, recomendo conhecer o Antigo Convento.
Uma cidade que se mostra sensual e envolvente de uma forma muito delicada, como o ritmo do tango.
Mas lembre-se, em cidade com música, todo mundo é feliz!
3) San Marcos Sierra
Há quem diga que é o povoado hippie e há quem diga que é um falso povoado hippie. Eu creio que tudo se define quando se entra na essência do lugar. San Marcos, possui fama de místico e realmente é, se você sentir.
A cidade está localizada entre dois Rios, San Marcos e Quilpo. O San Marcos, atravessa a cidade e o Quilpo, fica um pouco mais distante. É muito comum escutar pessoas falando que o povoado é uma Ilha pelo fato de estar rodeado pelos dois rios. Além do mais, o que não é rio, é floresta que inclusive é muito parecida com o cerrado brasileiro.
Estive lá durante 3 semanas e ainda tenho vontade de voltar. Fiquei na casa de locais durante todo o período e eles foram muito acolhedores. A principal atividade da cidade é o comércio e serviços em função da qualidade de vida que eles levam.
Algumas coisas que mais me encantaram: A simplicidade das pessoas. Era comum saber que elas mesmas fizeram mutirão para construção da própria casa. As roupas usadas por eles me fez estar em um filme esotérico. Claro, imediatamente pensei que fosse um filme, mas com o passar do tempo, percebi que as pessoas realmente vivem daquele jeito.
Presenciei muito a rotina mística. As pessoas têm toda fé em artes místicas, por isso, desenvolvem rituais de magia. Inclusive, foi lá que aprendi a ler cartas de tarot. Penso que esse lugar me marcou muito na parte espiritual.
As comidinhas artesanais são as melhores. Além disso, há uma grande preocupação com a alimentação – a população é majoritariamente vegetariana. Recomendo se estiver por lá procurar os jovens franceses que vendem pão em um cesto pelas ruas, como o povoado é muito pequeno, todos se conhecem.
A praça central tem Wi-Fi livre e o povoado é todo de terra batida. Há quem diga que o tempo por lá não passa e você vai se sentir preso. Eu me sentia sem os pés no chão.
Há muitos brechós, feiras que vendem comida e artesanato que acontecem de sexta a domingo na praça central de às margens do Rio San Marcos.
A vida funciona em seu ritmo natural fora de temporada, mas dizem que no verão a cidade enche de turistas.
Um encanto era às escolas alternativas: Há aulas com contribuição livre e algumas com preços sugestivos. As aulas são muito interessantes, como yoga, dança folclórica, alongamento, meditação dirigida, etc. Me lembro de estar chegando na aula de dança folclórica toda tímida e travada e a galera foi muito compreensiva. Experimente!
4) Purmamarca
A cidade tem uma paisagem diferente de tudo que pensei em conhecer – com montanhas coloridas e cactos. Creio que o Estado de Jujuy é muito amplo para eu classificar somente uma cidade, porque Tilcara também é outro charme e conta com um parque imperdível de conhecer.
Escolhi falar de Purmamarca porque também me marcou afetivamente. Lá conheci um grupo de estrangeiros que começou a viajar comigo e iniciamos nosso roteiro em Purmamarca e prosseguimos até o Peru. Nos intitulamos de delegação clandestina – éramos uma família de argentinos, franceses, eu do Brasil e depois alguns belgas que se somaram ao grupo. Todos curiosos e dispostos a desvendar a América do Sul com muita empolgação.
A cidade é pequena e conta com suas construções de terra assim como suas ruas além do clima muito árido e seco. E se você subir às montanhas, poderá ver algumas coloridas.
Durante o dia, ficávamos fazendo música na praça e à noite, olhando as estrelas no céu que é imperdível.
Por fim, são vendidas umas empanadas recheadas com carne e queijo assadas em churrasqueiras pelas ruas da cidade que possuem sabor de empanada defumada e são deliciosas.
Un gusto, gracias hermanas!