Dicas para viajar sozinha: você é maior que o seu medo.
Você já assistiu ao filme Forrest Gump? É um filme que realmente expõe um homem que vive a filosofia ”carpe diem”, ou seja, ele permite que a vida flua sem ter a preocupação de deixar tudo muito organizado, planejado. Eu, constantemente me perguntava se seria possível, sendo mulher, viver assim.
Assim como? Podendo dormir cada dia em um lugar diferente, escolher ficar ou partir. Caminhar na rua sem ter horário e muito menos preocupação. Viver sem ter que me colocar dias, cálculos, prazos, lugares onde posso ou não ir por ser mulher. Qual é o limite da liberdade feminina?
Você realmente vai para onde quer e faz as coisas que quer fazer? Por muito tempo eu não fiz. Na verdade, ficava em casa pensando que isso estava muito distante da minha realidade como mulher e que tudo seria muito perigoso, resultado: frustração.
No dia em que peguei minha mochila e me fui de viagem, já tinha 20 anos, mas me olhava no espelho e me sentia com 15. Como vou me comunicar com as pessoas? E se o dinheiro acabar? E se eu tiver que dormir sozinha na estrada ou na rua? E se eu for trabalhar e não conseguir nada? Vou ter que ligar para minha mãe e falar ”não deu certo”? Vou ter que erguer a bandeira branca e falar ”vocês tinham razão, isso não é possível para uma mulher sozinha”? Realmente, não sabia fazer aquilo e isso me preocupava, mas tudo que não sabemos, podemos aprender.
É incrível como a maior parte dos nossos medos são criados socialmente e baseados no ”e se”. Eles são projeções e muitas vezes projetamos pensamentos negativos para um futuro que não existe. Mas o que acontece se você trabalha só com medos reais? Como por exemplo, tenho medo de cair de skate e me ralar toda porque eu não sei andar de skate, então enquanto não aprender a andar, não me atrevo, porque sei que irei cair e nisso o meu medo também é unicamente responsabilidade minha, logo, ele existe.
Quais são os questionamentos que mais recebo?
- Não saio para viajar sozinha, porque é perigoso para mulher.
O que respondo: Quantos casos você conhece de mulheres que sofreram abusos assim? Sabemos que a maioria dos abusos acontecem dentro de casa, inclusive. E quantas mulheres tiveram histórias lindas de viagens bem sucedidas?
- Não pego carona sozinha, porque sou mulher.
O que respondo: Queremos equiparidade, certo? Eu pego carona sozinha e assim defendo o meu direito como mulher de poder fazer isso.
- Queria ter um homem para ir comigo.
O que respondo: Você, mulher empoderada, precisa de um homem para garantir sua segurança? E manter a filosofia de que mulher precisa de homem para ser protegida de outros homens?
- Mas e se alguma coisa acontecer?
O que respondo: Recomendo que comece a pegar carona sozinha somente quando já estiver segura de si, segura de que nada na vida que você for fazer com medo vai ser legal, você não se sentirá confortável e muito menos saberá reagir aos inconvenientes.
Eu nunca passei por uma situação de extremo perigo, mas quando estou muito bem comigo mesma, me proponho a responder 3 questões:
- Quem sou eu? Se sei quem sou e estou segura de mim;
- Onde estou? Se sei onde estou, não estou perdida, logo sei como lidar com o espaço;
- Qual o meu propósito aqui? Se tenho um propósito minha presença não é inútil.
Ou seja, sentir-se segura é ter respostas para as 3 perguntas acima para não estar na hora e lugar errado.
- Uma menininha tão bonitinha, por que sozinha?
O que respondo: Porque independente de estereótipos de beleza, toda mulher deve ter o direito e a independência de ir e vir para onde e como quiser. E que ela com 15, 30, 40 anos ou mais, em seu próprio tempo, deve ter certeza que pode.
Já obteve resposta para seus medos e agora busca informações de como pegar carona sozinha? Eu explico como começar nesse post. Espero que goste e pratique!
Abaixo apresento um vídeo de uma viagem minha por Minas Gerais – Brasil, inspire-se!
A primeira carona sozinha, o frio na barriga, a destruição de todos os mitos, na segunda, na terceira e à comprovação de: Eu realmente posso, um ato de rebeldia também é minha libertação.
Um fato: Vivemos em sociedade, mas somos indivíduos. Cada ser está no seu processo de crescimento individual para assim se tornar engrandecedor para a evolução da população.
A questão é: O medo como atraso de desenvolvimento. Conviver com medo ou não conseguir encará-lo? Seja prática! Primeiramente, identifique seu medo e quais são os passos até chegar a eles. O meu medo era pegar carona sozinha, então comecei a pegar carona com amigos, depois de pegar com amigos, percebi ”é assim que funciona, agora para pegar sozinha eu preciso estar segura de mim”. Então, um dia que eu acordava sem disposição, ou estava um pouco doente, ou estava insegura, deixava a carona para outro momento. Quando acordava animada, de manhã com aquele sol lindo abrindo o dia pensava: hoje vou pegar uma super carona.
Uma vez que você conversa com seu medo, ele deixa de ser seu inimigo, porque não é algo exterior a você, não é o “perigo”, é você seu maior inimigo, e, na minha opinião, talvez você esteja assistindo televisão demais e pode estar de alguma forma refletindo nisso. Todos os dias quando se liga à televisão, pode-se ver um mundo em total destruição e sair na rua já é sinônimo de violência, por isso, acabamos ficando receosos sobre tudo que iremos fazer.
Calma! Quantos casos, principalmente fora do Brasil, você já escutou de Mulheres Mochileiras que foram estupradas? Existem casos, mas existem muito mais casos de sucesso que devem sim ser ressaltados. O medo não é o mesmo que precaução, cuidado, porque ele te atrapalha de ver que é possível fazer utilizando cautela.
Também já tive e tenho meus medos, mas eles eram tão grandes que atrapalhavam minhas relações, me davam crises de ansiedade e dores nas costas. Baseados nos ”e se”, de não posso fazer isso, porque ”pode” me acontecer alguma coisa por ser mulher. Meus medos me fizeram adiar, tomar iniciativa para fazer o que queria. E um dia, tive que dizer basta e parar de renegar minhas missões para enfrentar meus medos. Estou viva, inteira, sem dores e realizada. Não sei nadar e como assim você viaja países de carona e não sabe nadar? Sim, porque sou humana e tenho medo de água, mas fico fora das cachoeiras mais profundas por medo e quem não aproveita essa parte, sou eu. Sabe qual é meu próximo objetivo? Aprender a nadar.
Depois que você encara seus medos, eles deixam de ser grandes monstros e você se sente grande, forte, empoderada, independente e livre. Pensamentos positivos abrem portas para jardins floridos, fazem você ver o dia com mais beleza, encontrar pessoas boas, sim, elas existem! Existe mais bondade do que maldade no mundo, basta você acreditar!