5 curiosidades sobre o Panamá
Até 2016, o pouco que eu sabia sobre o Panamá é que se tratava de um pequeno país localizado na América Central, que abrigava o célebre canal que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. Por ser ter muito interesse em política e economia internacional, também estava por dentro de que o país infelizmente ficou conhecido pela corrupção e por ser um dos maiores centros de lavagem de dinheiro do mundo, o que foi confirmado pelos Panama Papers, uma investigação realizada por jornalistas do mundo inteiro, inclusive do Brasil.
Por obra do destino (ou do mercado de trabalho) meu marido foi transferido para o Panamá pela empresa que ele trabalhava no Brasil. Quase 1 ano e meio depois já posso dizer que descobri um país interessante, cheio de contrastes e curiosidades. Compartilho cinco delas com vocês a seguir.
Muito além da imponência
O Canal da Panamá é muito mais que uma obra de engenharia impressionante e um dos pontos turísticos mais visitados do país. Sua história e funcionamento são tão fascinantes que merecem um texto especial sobre isso. Mas fato é que foi em torno dele que a nação e a identidade panamenha se desenvolveram. Depois de uma tentativa frustrada de construção por parte dos franceses (na qual morreram milhares de trabalhadores, vítimas de doenças tropicais ou acidentes), foram os norte-americanos que finalmente conseguiram reduzir a poucas horas a travessia do Oceano Pacífico para o Atlântico, antes realizada em muitos meses, dependendo do ponto de origem do navio.
Mas o Canal não foi um presente: os gringos ocuparam a região onde ele está localizado desde 1913, quando foi inaugurado. A cidade foi, então, dividida na área americana e na restante, a panamenha, o que mexeu com os brios dos mais nacionalistas. Depois de batalhas, uma intervenção nacional por parte dos E.U.A e tentativas de acordo, o canal, a área onde ele está localizado e sua operação foi entregue aos centro-americanos em 1999. Hoje é seu maior orgulho e fonte de receita. Só no ano passado foram $565,5 milhões, de acordo com o jornal local La Estrella.
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Ritmo caliente
O que o hit Despacito (que fez o mundo mexer os quadris em 2017) tem a ver
com o Panamá? Que a compositora da música Erika Ender nasceu neste pequeno
país entre a Costa Rica e a Colômbia (mas de mãe brasileira, vejam só) muita gente sabe. O que a maioria desconhece é que o reggaeeton, este ritmo que faz até quem não leva jeito para a coisa dançar involuntariamente, é meio panamenho e meio porto-riquenho. Em meados dos anos 80, produtores musicais dos dois países começaram a mesclar elementos de outros ritmos afro-antilhanos como o reggae, o dancehall e o calipso (que no Panamá chegaram com os jamaicanos que vieram trabalhar na construção do Canal) a batidas eletrônicas e samplers. Depois vieram combinações com outros gêneros latinos mais tradicionais, como a salsa e a bachata. O resultado? Um sucesso estrondoso que criou artistas milionários, como o colombiano Maluma, o panamenho Joey Montana e o porto-riquenho Luis Fonzi, que aliás é o cantor de Despacito.
Espanhol ou inglês? Na dúvida vá de “spanglish”
Cada país da América Latina (e a Espanha, ¡pues cierto!) tem uma forma diferente de falar o idioma espanhol, com pronúncias e vocábulos próprios. Por influência dos trabalhadores de países caribenhos de língua inglesa como Jamaica, Barbados, e Trinidad e Tobago, além dos norte-americanos que vieram viver aqui na época da construção e ocupação do Canal, o idioma de Cervantes hablado localmente vem temperado com molho inglês (ou seria catchup?). Expressões como pritty (do inglês “pretty”, que no espanhol panamenho pode ser tanto “bonito” quanto “legal”), man (“homem”, que aqui é equivalente aos brasileiros
“cara” ou “mano”) e fren (“amigo”) fazem parte deste vocabulário peculiar.
Estreia na Copa do Mundo
Alguns países centro-americanos possuem uma relativa tradição futebolística, como Costa Rica e Honduras, que contam com algumas Copas do Mundo no currículo. Mas durante muito tempo os esportes favoritos dos panamenhos foram o box e o beisebol. Foi só no final dos anos 80 que a pelota passou a chamar a atenção do público e ter uma liga local. Vinte anos depois, o número de boleiros cresceu, a participação da seleção local no campeonato regional da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e do Caribe (Concacaf, na sigla em inglês) melhorou e, finalmente, o Panamá irá participar da sua primeira Copa do Mundo, agora em 2018. A conquista da vaga para o mundial foi
super comemorada em todo o país, com direito a feriado no dia seguinte ao jogo eliminatório, no final de 2017.
País de bons cafés
Como os brasileiros e os vizinhos colombianos, os panamenhos também apreciam e produzem ótimos cafés, alguns semelhantes aos brasileiros, como o arábica e o catuaí. Não faltam excelentes opções nas prateleiras dos supermercados e nos muitos cafés da cidade. Mas nas terras altas da província de Chiriquí (na fronteira com a Costa Rica) cresce uma variedade especial do grão arábica. Originário da Etiópia, o gueixa – que tem esse nome por ser o preferido da família real japonesa – foi introduzido no Panamá em 1963. De sabor mais suave, ele pode ser consumido da mesma forma que os outros grãos (coado, espresso, em prensa francesa etc), mas também como chá. Mas essa delícia não é das mais acessíveis: uma xícara pode custar U$ 7 na capital. Hoje, além de ser exportado para mais de 30 países (6.000 e 7.600 sacas de 60 quilos) outras 766 são vendidas localmente.
3 Comments
Ana,
Achei seu texto muito legal.
Parabéns e bem-vinda ao BPM!
Bjs,
Lili
Obrigada, Lili querida! Beijos!
Gostaria muito de ir trabalhar no canada como babá …ou outro trabalho que ñ exija qualificação somente experiencia..tem alguma empresa que posso mim escrever?