8 Dicas de como fortalecer sua mente para morar fora.
“A vida na gringa é muito fotogênica. Folhas, filhos, casinhas, cachecóis. Um castelo do século XV. (…) Tem ônibus vermelho de dois andares. Parque, neve, fonte, grama. O palácio e seus jardins explendorosos. E ouvi dizer que não te roubam a câmera. No outono, fotos de abóbora, floresta, pinheiro, esquilo. Uma mãe passeando de bicicleta.“É tão primeiro mundo comer mirtilo”.O que o Instagram não mostra porque a fotogenia não permite. São os bastidores da vida na gringa. E tudo que nela existe.
É filho grudado na gente365 dias por ano. Não tem avó, primo, sobrinho.Nem faxineira pra passar um pano.Não tem ajuda doméstica.Também não tem roupa passada. As casas têm poeira. O chão é sujinho, a criança mal lavada. A neve é linda em fotografia.
Tudo branquinho na avenida. Mas quando se tem que conviver com ela.É sujeira, pé sujo e atraso de vida.Jantar romântico são dois por ano.Ou não tem babá ou se tá cansado. E no Natal bate a tristeza de não se ter a família ao lado”.(*)
O trecho acima foi lindamente escrito pela cronista e amiga, Roberta Ferec, e descreve exatamente os dois lados da moeda. Fotos lindas. Mas tem cada perrengue que a gente passa morando fora… Afinal, “Boleto e pia cheia de louça o Instagram não mostra“, não é mesmo?
Acredito que todos aqui já sabem o quão difícil é morar fora. Existem vários textos aqui no BPM sobre isso. É preciso coragem, desapego, resiliência, paciência e tudo que é substantivo forte para se aguentar o tranco. O que ninguém fala é como enfrentar esse leão todos os dias.
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Me dá a mão aqui e vamos juntos falar sobre a força mental que precisamos exercitar constantemente para se adaptar. Reuni 8 dicas que podem ajudar quem está tentando chamar o “longe de casa” de lar. Vem comigo.
Tenha um plano e agarre-se a ele
Faça chuva ou faça sol, lembre-se do seu propósito e viva as consequências das suas escolhas sem perder energia e tempo pensando nos caminhos que não percorreu. Ou numa vida que não seja a sua. Coloque seu foco onde deseja estar e as ações que deve realizar para alcançar seus objetivos. Tenha maturidade para entender as consequências das escolhas que fez. E se você tem um propósito (ou um plano) a seguir, isso te fortalece. Escrever tudo num papel ajuda a clarear as idéias.
Não se compare com ninguém
As pessoas têm diferentes contextos de vida. E a história e trajetória de cada um tem a complexidade de um Universo. Não perca tempo se comparando com outras pessoas. Cada um tem uma história a ser vivida e nós, quando somos espectadores, tendemos a ignorar o tempo de bastidores que os outros tiveram antes de subir no palco. Vemos só o espetáculo e o sucesso. Ignorando tudo o que as pessoas trabalharam e erraram até chegar ali.
Não se faça de vítima
Vida nova dá uma preguiça danada, gente. Eu sei que mudar para um país cheio de oportunidades é maravilhoso. Mas no começo, tudo o que você sabia, parece que já não sabe mais. A dica é não ficar sentado pensando na vida que ficou para trás. É encarar os desafios e fazer acontecer. Tudo de novo. Mais uma vez. Toca o barco. “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.”
Se fazer de vítima na história da sua própria vida só te leva mais e mais pro buraco, afasta pessoas e não te deixa virar o jogo. Faça o teste: assuma responsabilidade pelo que acontece com você, vá atrás das coisas. Estude, trabalhe, experimente, vai lá e faz. De duas uma: ou você acerta, ou você aprende.
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Saiba que momentos difíceis sempre existirão
Assim como bons momentos. E ambos passam. Se sentir triste de vez em quando faz parte do processo. O problema é se a tristeza não passar, aí o ideal é pedir ajuda. Seja de amigos, família ou profissionais. Deixando claro que não há nada de errado em pedir ajuda quando a barra estiver pesada demais para se aguentar sozinho. É uma atitude de amor próprio.
Encontre um espaço público particular
Somos seres sociais. Então é crucial conhecer lugares que você goste no novo país e tornar esses lugares familiares para você. Escolha um lugar público onde se sente bem. Pode ser um café aconchegante, um parque, uma livraria, museu ou biblioteca. Frequente esse lugar sempre que puder para ter um espaço público que seja familiar. Isso traz conforto, experimente. Precisamos sentir que dominamos (pelo menos uma minúscula parte) da comunidade onde vivemos. E você pode aproveitar para conversar com as pessoas que estiverem por ali também. Outra coisa que pode ser legal é fazer passeios guiados nos museus próximos de onde você mora. A arte nutre nossa mente e faz um bem danado para nossa alma. Além de que conhecimento nunca é demais.
Fale com estranhos
Conheça pessoas, converse, esteja aberto a se apresentar. Claro, se o idioma permitir. Mostre-se para o mundo. Fale de você, de onde veio do que gosta. Elogie o lugar onde mora. Seja positivo. Pergunte para outras pessoas sobre elas, onde gostam de ir nos finais de semana, restaurantes favoritos na cidade, onde elas fazem compras. Por mais fria que seja a cultura de um país, 9 entre 10 pessoas estão dispostas a ajudar e gostam de dar boas dicas dos lugares onde frequentam. Apegue-se a isso. Tente conversar com desconhecidos locais. Eles têm grande potencial em se tornarem conhecidos em um futuro próximo.
Busque positividade
Fale com pessoas que te transmitam força. Pessoas que te energizem. Alguém que te faça rir. Nada de ficar nesses grupos de expatriados que só lamentam as saudades do Brasil. Aproveite a oportunidade atual a qual está vivendo. Conviva com brasileiros que dividem interesses com você. Conheça pessoas interessantes, que te acrescentam. O mundo é o limite.
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Abra-se para o novo
Busque também o que é diferente. Olha que oportunidade incrível de conviver com pessoas de outros países com vivênicas e formas de encarar a vida tão diferentes das suas. Se você mora num lugar muito remoto ou não domina o idioma local ainda, procure livros, palestras, cursos que te façam bem e alimente sua mente de forma positiva. Abra-se para o que é novo. Segundo Einstein: “A mente que se abre a uma nova idéia, jamais voltará ao seu tamanho original“.
Experimenta. E me conta aqui depois?
(*) Esse trecho que abri o texto foi escrito pela minha amiga e inspiração Roberta Ferec, sempre com ótimas crônicas sobre o dia-a-dia de morar fora. Você pode acompanhar a Roberta e suas divagações no Instagram @mamas.sanas.