A Arábia Saudita é um dos países mais restritivos do mundo, principalmente quando falamos sobre os direitos das mulheres. Como muitos sabem, a vida por aqui assusta um pouco, sobretudo no que diz respeito às liberdades individuais. Direto de se vestir como bem entender; direito de se casar ou mesmo de namorar com quem quiser; direito de ir comer aonde você desejar; direito de andar do jeito que decidir. Resumindo, o direito de ir e vir e, também, o de se expressar de forma livre.
Porém, pelo o que tudo indica, uma nova era se inicia na capital do islã. O país está passando por um processo de modernização e a força e a igualdade de gêneros estão sendo timidamente aplicados, o que já é alguma coisa, não é mesmo? Afinal, ninguém chega lá sem dar o primeiro passo.
O direito das mulheres na Arábia Saudita é muito limitado quando comparado ao que já foi conseguido no resto do mundo, no entanto, mesmo aos poucos, as coisas estão melhorando. Ainda não podemos falar de igualdade, mas podemos, sim, falar de um grande passo.
Algumas mudanças foram feitas recentemente e, entre elas, uma mudança em especial que afetará, principalmente, a nova geração feminina, oferecendo às meninas e adolescentes de hoje, um futuro com mais possibilidades e liberdade de expressão.
Em 2015, pela primeira vez na história da Arábia Saudita, as eleições foram aberta às mulheres. Ou seja, elas não só puderam votar, como também se candidatar a cargos públicos. Essa conquista foi muito importante e absolutamente inédita. Vale lembrar que “Saudi” foi o último país do mundo a liberar o direto feminino ao voto.
No entanto, uma curiosidade pouco divulgada no estrangeiro. Apesar da desigualdade, graficamente falando, mais mulheres concluem a universidade do que os homens por aqui, e, atualmente, 20% da população feminina trabalha no país, o que não deixa de ser um grande avanço quando comparado aos últimos 40 anos.
Atualmente, tivemos uma notícia que foi um passo grande, muito significativo e nada tímido para as mulheres que vivem em “Saudi”: o direito de dirigir.
Outro exemplo impressionante também aconteceu esse ano: a liberação de academias de ginástica e esportes para mulheres. Eu sei que você deve estar pensando como essa proibição era possível e no absurdo que ela significa, mas, infelizmente, era a realidade local. A lei foi aprovada pela princesa Reema e, segundo ela, foi para combater o sedentarismo e a obesidade. Um passo muito válido para toda a população feminina.
A parte legal da história é que as mulheres estão fazendo valer a pena todo o esforço que a princesa teve em conseguir a aprovação da lei. Eu, como trabalho em academia, posso garantir que um grande número de mulheres passaram a frequentar esses espaços. Um número, por sinal, muito bom para o “começo” da era fitness no país.
Mas, o mais legal nessa mudança foi a inclusão e a conscientização da nova geração de meninas. Elas estão crescendo totalmente incluídas no esporte e na oportunidade de ser saudável ou, até mesmo, atletas.
O que para nós, brasileiros, é super normal, aqui, teve uma luta gigante para conseguir a aprovação e a aceitação da população. E quando você acha que “Saudi” conseguiu superar algumas barreiras, você descobre que “Saudi” superou uma muralha.
E, como já adiantei acima, há pouco tempo, saiu a última das conquistas e, talvez, a mais inesperada de todas: o direito das mulheres à carteira de motorista. Isso mesmo! Um carro, uma moto, quem sabe até mesmo uma bike elétrica. Agora, quem decide somos nós. O rei Salman assinou o decreto autorizando a emissão das carteiras de habilitação para mulheres. Foi um choque e um marco na Arábia Saudita.
Por ora, até mesmo quem mora aqui, como eu, não tem ainda muita informação sobre como ocorrerá o processo de emissão, quando as carteiras estarão disponíveis e etc, porém, ouvimos falar que a lei começará a ser realmente aplicada em junho de 2018.
Confesso que estou um pouco preocupada com o trânsito, que já é uma loucura, porém, os habitantes locais sabem que poucas serão as mulheres sauditas que vão querer se dar ao trabalho de pegar no volante. Ou seja, essa lei é, praticamente, para as estrangeiras.
Bom, gente, acho que, basicamente, é isso. O que para muitos pode não ser uma grande coisa, para quem mora por aqui foi motivo de comemoração e grande felicidade. É dando um passo de cada vez que se consegue alcançar os objetivos traçados.
Acredito que, em breve, novas leis estão por vir e, automaticamente, mais liberdade de expressão e do direito de ir e vir para onde quiser, serão aprovadas, beneficiando as mulheres.
Vejo vocês no próximo mês com mais novidades. É sempre um prazer compartilhar tudo com vocês. E mandem perguntas, dúvidas e temas, estou de olho por aqui!
3 Comments
Qual é a porcentagem de mulheres que terminam a universidade em relação aos homens? Um abraço, Sandra
Fui convidada para conhecer Jeddah,moro no Rio Grande do Sul,o que tu me aconselha, é perigoso? será uma ótima viagem? tenho alguém que irá me receber,mas tenho medo?fico no aguardo,bjs.
Olá Carmem,
A Larissa Madruga parou de colaborar conosco, mas temos outra colunista na Árabia Saudita chamada Gabriela Lirio que talvez possa te ajudar.
Você pode entrar em contato com ela deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM