Adaptação a uma nova cultura e a saudade de tudo no Brasil.
Vamos de texto saudosista, hoje! Aliás, o choque de, subitamente, não ter mais pessoas e coisas que ama e está acostumada, é o que primeiro se sente ao mudar. Dizem que os primeiros seis meses são os mais difíceis, pois é este o tempo que se leva para se desconectar do seu país e passar a se conectar com descobertas legais da nova vida.
Dependendo do país onde você more, você sente mais falta de certas coisas do que de outras. Mas, o mínimo múltiplo comum de toda mudança são PESSOAS. A sua família e os seus amigos, que falta eles fazem! Abençoados sejam WhatsApp, FaceTime, Skype, Instagram, Facebook ou qualquer rede social que veio para diminuir esta distância.
Você sente falta de compartilhar tudo de novo que está conhecendo. O compartilhar da rotina diminui drasticamente e a frequência do contato também. Sem falar naqueles momentos em que as redes sociais não dão conta e o que você quer mesmo é um abraço, sair junto para fazer coisas, ficar conversando de bobeira, tomando um café ou um vinho. Enfim, quando você só quer a companhia destas pessoas e nada mais pode ser colocado neste lugar. Isso é, com certeza, o mais difícil.
Em segundo lugar, vem o ícone de qualquer cultura que é a comida. Você se pega com saudades de coisas simples do cotidiano. Outro dia, me peguei com uma tremenda vontade de requeijão. É engraçado pensar assim, pois parece até desejo de grávida. Sinto falta das padarias deliciosas do Brasil, falta do simples pão na chapa no café da manhã ou do misto quente.
Falta de brigadeiro, pudim, doce de leite mineiro, goiabada; falta de pão de queijo, coxinha, comidas que eu nem comia sempre, mas só por não estarem à mão, dão vontade; farofa, purê de mandioquinha, melão docinho, couve, brócolis. Agora, passo de grávida para a propaganda da criança pedindo brócolis. Pois é, aqui não tem o brócolis igual ao do Brasil.
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Sem falar em um bom churrasco, uma boa picanha; definitivamente, a carne não é a mesma. Falta de feijoada, moqueca. E do japonês, então, aqui não tem japonês como no Brasil. O sashimi que eu comi era tão grande que parecia filé de salmão. O Brasil tem uma culinária tão vasta, que se torna uma das grandes faltas quando você vive fora.
Dá para caçar alguns ingredientes para cozinhar a sua comida brasileira, mas, muitas vezes, eles simplesmente não estão disponíveis. Existem muitos brasileiros vivendo em Cali e, nas suas viagens para o Brasil, a mala volta cheia de comida. Já vi de farinha de mandioca, tapioca, granulado, biscoito maizena a Yakult. Na minha próxima viagem, não vai faltar requeijão.
Tem utensílios domésticos que não existem por aqui e que você está acostumada, como rodo. Quando na vida eu imaginei que ia sentir falta de um rodo? Loucura? Mas, é verdade. Também suporte de filtro de papel para fazer café coado. E quase não tem tapete, pois faz tanto calor que as pessoas não usam. Enfim, coisas simples que você não encontra e precisa improvisar ou adotar novos hábitos.
Não sinto falta do idioma, pois tem bastante brasileiro e até que falo muito português. Mas as gírias e as expressões que estou acostumada me fazem falta, então não dá para pensar traduzindo, pois nem tudo o que quero dizer é traduzível.
Já as tradições do Brasil entram na lista, com certeza. O jeito de se comemorar Natal, a falta que faz o Carnaval, a tradição dos ovos de Páscoa. Aqui, as pessoas, praticamente, nem sabem o que é isso. Resultado: sem ovo de Páscoa este ano. O costume de se reunir para um churrasco e o do que consumir na praia (milho, caipirinha e queijo coalho, nem pensar); o hábito da cerveja gelada; a palavra gelada tem temperaturas diferentes entre Brasil e Colômbia.
A criatividade e o design do Brasil também são únicos, para móveis, roupas, sapatos, bijuterias, arte. Óbvio que tem coisas muito bonitas em todos os países, mas sinto falta da nossa beleza criativa.
Já quanto à beleza feminina, a Colômbia está muito bem servida. As colombianas são super vaidosas, mas fazer a unha não é a mesma coisa, quase não se tira a cutícula. E como se acostumar com cutícula, quando você viveu a vida toda sem?
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Serviços, em geral, e burocracia são mais evoluídos no Brasil. Tudo demora para ser instalado, mil ligações para resolver qualquer problema, demora no atendimento, sistema de banco super antigo. Imagine que ainda usam o método de digital em carbono, em alguns lugares. A moeda brasileira é mais fácil também: 1,00 Real equivale a 921,81 Pesos Colombianos. Agora, pense nos altos valores!
O trânsito do Brasil também é melhor, com mais sinalização. As pessoas dirigem melhor e respeitam mais, por incrível que pareça. Tem lugares que são bem difíceis de atravessar e quase fui atropela com o meu cachorro, por falta de semáforo. Os motoristas não param de jeito nenhum.
Música sempre posso escutar, mas é muito louco, pois vem um sentimento duplo. Ao mesmo tempo que a música mata as saudades, é neste momento que bate mais saudades, porque a música leva a gente de volta ao Brasil e é aí quando você sente que está longe. É uma sensação de “tão longe, tão perto”.
1 Comment
Boa noite minha querida!!!
Bom saber notícias suas!!!
Difícil todas essas mudanças!!!
O saudosismo é natural…
Desejo – lhe paciência e força!!!
Gde abraço!!!