Adaptação do pet na França.
Encerrando uma série de 3 artigos sobre Como levar o meu Pet para a França, acabei deixando para o final talvez o assunto mais importante, mas que eu só me dei conta quando passei por duas situações difíceis.
Nós ficamos tão preocupados com a viagem deles, os documentos e como seria o voo que acabamos não pensando muito na chegada e nos primeiros dias na casa nova.
Eu me preparei, li e ouvi bastante sobre o assunto e por isso decidi levar alguns brinquedos, os cobertores que eles usavam no Brasil, para ter o cheiro da casa antiga, as caminhas que eles mais gostavam e alguns sachês de ração para fazer a transição com tranquilidade, caso eles rejeitassem a comida nova nos primeiros dias.
Para os animais que viajarão no porão, recomendo também uma roupa usada do dono para que eles se sintam mais seguros.
Embarque feito, era torcer para o voo ser tranquilo e chegar em casa rápido. Alugamos um carro grande para facilitar a chegada sem precisar procurar um carro que coubessem nós, as nossas malas e que aceitassem os gatos.
O voo foi tranquilo, eles até cochilaram um pouquinho e quase não miaram. Chegando no aeroporto, fomos direto para o desembarque e para a minha supresa, ninguém nem olhou para os gatos, não pediram nenhum documento, foi super simples entrar com eles na França assim, acredito que o momento importante de documentação seja apenas na saída do Brasil.
Veja mais informações sobre o processo no post anterior.
Pegamos o carro e pronto, finalmente estávamos fora do aeroporto. Era dirigir direto pra casa, depois de conseguir colocar todas as malas no carro, é claro.
Dei água pra eles, um pouco de ração úmida e os coloquei dentro da bolsa; fechei o zíper e a deixei no banco de trás do carro para então arrumarmos as bagagens no porta malas.
Estávamos seguros, quase em casa.
Sabe aquela história que os maiores acidentes acontecem com os melhores motoristas por causa da auto confiança? Você se sente seguro e não mantém o mesmo nível de atenção que tinha antes, quando não estava em segurança. É exatamente isso.
Colocamos as bagagens no porta malas e quando voltei para entrar no carro, resolvi dar uma olhadinha nos gatos e só vi um, olhei melhor e percebi que o zíper da mala estava aberto e o Scott tinha desaparecido.
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Sim, ele abriu o zíper duplo da bolsa sozinho e escapou, enquanto o Tyrion, mesmo com o zíper aberto, estava quietinho no canto da bolsa.
Por um segundo eu senti um desespero enorme e pensei, “jamais vou encontrar um gato no estacionamento de um aeroporto”, e no segundo seguinte meu anjo, ou o anjo dele, me fez olhar em baixo do nosso carro e ele estava lá, quietinho com uma cara mais desesperada do que a minha. Eu não pensei em nada, me joguei embaixo do carro e segurei a pata dele até que o meu marido conseguisse alcançá-lo.
Eu acho que continuei tremendo por uns dois dias mas, finalmente, chegamos em casa e ficou tudo bem. Eles passaram horas cheirando tudo e no mesmo dia durante a noite, já estavam brincando, comendo e dormindo como se nada tivesse acontecido.
A lição que ficou e que eu, sem dúvida nenhuma recomendo, é que sempre viagem com a guia no pet, mesmo dentro da bolsa de transporte.
Depois disso, eles nunca mais saíram de casa sem guia.
Meses mais tarde, tivemos uma outra surpresinha por falta de experiência e atenção. Casa nova, com espaço disponível, decidimos montar um jardim.
Os gatos adoram espaços abertos porém, nossos gatos foram criados em apartamento, no máximo eles sabiam o que era uma mosca do centro de São Paulo.
Assim que soltamos os dois no jardim a alegria tomou conta e eles nunca mais quiseram entrar, choravam todos os dias na porta para sair, passavam todo o tempo perseguindo os pássaros, as abelhas e todas as folhas que pudessem caçar porém, tudo era muito novo e sem que eu percebesse o Scott (sim, ele novamente) decidiu comer um gerânio.
Como o anjo é bom, fez com que ele passasse mal e eu encontrasse as folhas do gerânio mastigadas. Pesquisei no super “Dr. Google” e vi que o gerânio é uma planta venenosa para gatos.
Era um feriado enorme e eu consegui falar com a veterinária dele no Brasil, a Dra Angélica da Clinica Bigodinhos em São Paulo, que me orientou a levá-lo a um veterinário com calma para os procedimentos de observação. Ela me explicou sobre a importância de acompanhar os animais, o que me acalmou, e eu consegui através de uma amiga, a indicação de uma clínica que estava aberta no feriado.
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Ele ficou 2 dias internado e agora esta ótimo. Deu férias para o anjo e os humanos puderam descansar sem sustos.
É claro que eles reagem por instinto e ao mudar de país, a vida deles também muda. Os cheiros, o ambiente, a natureza, tudo ao redor é novo e eles, que são conhecidos pelo ditado, “a curiosidade matou o gato”, querem explorar e entender tudo o que está se passando ao redor.
Duas lições importantes:
- Cuidar da adaptação deles, mesmo depois da primeira etapa vencida. Dar atenção ao que pode ser curioso e, pelo fato de ainda não conhecerem toda a casa, poderem se interessar em explorar principalmente as áreas externas.
- Ter um veterinário no local e se apresentar ao chegar, trocar telefones, fazer uma consulta, nem que seja de cortesia, para ter a quem recorrer caso seja necessário.
Claro que deveríamos fazer isso também com os nossos médicos e dentistas, mas no dia a dia deixamos de lado pois, quando necessário, as informações sobre prontos socorros, por exemplo, são mais fáceis de serem encontradas, ao contrário de veterinários que, fora dos grandes centros, pode ser um desafio.