As eleições presidenciais estão finalmente chegando e a forma de votar na Argentina é completamente diferente de como estamos acostumados no Brasil. Fiquei pensando naquelas pessoas que reclamam por perderem um domingo para votar porque aqui, a eleição se dá em várias etapas e as pessoas têm que ir várias vezes às urnas. As diferenças que notei foram:
- Não tem horário político.
- Também não tem debate com os candidatos, mas neste ano os meios de comunicação estão tentando promover um e vários candidatos já se prontificaram a participar.
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Os partidos políticos são muito fortes, tanto que muita gente pode não gostar de um determinado candidato, mas votará nele por pertencer ao partido político daquela pessoa.
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Atualmente não há partidos de direita. São de esquerda e a oposição é feita de um partido contra o outro.
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Não percebo os candidatos fazendo aquela lavagem de roupa suja ou acusações violentas como no Brasil.
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O voto eletrônico foi implementado pela primeira vez neste ano, apenas na capital e apenas em uma eleição.
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Aqui não se vota pelo número do candidato e sim, pelos nomes. Os partidos não têm um número que os identifica como no Brasil.
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Como aqui o voto ainda é de papel, cada eleitor recebe um envelope e dentro dele coloca os boletos. Os partidos têm boletos com a identificação de cada um de seus candidatos e o eleitor, ao entrar, vai destacando o boleto para quem vai votar e colocando no envelope, depois lacra e o deposita na urna.
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Algo que chamou muito a minha atenção é que os candidatos demoram para confirmar a candidatura. Por exemplo, as eleições serão em outubro e em julho tem candidato que ainda não confirmou definitivamente a sua candidatura ao cargo, apesar de já ter começado a aparecer na mídia.
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Os dias de votação são diferentes nas províncias e na capital.
E como funciona a escolha dos candidatos?
Desde junho, cada fim de semana era a votação para eleger o governador das províncias. Explico: num domingo votava a população de Mendoza e Córdoba e no seguinte outras províncias, e assim por diante. Isso acontece porque aqui as eleições são divididas entre regionais e nacionais.
No domingo 09/08 foi a eleição nacional e provincial para que a população escolhesse os candidatos presidenciais que representarão cada partido político nas eleições de outubro. São as chamadas Pasos. Nas Pasos, o candidato que não alcançar 1,5 de intenção de votos fica fora das eleições deste ano. Isso elimina vários pequenos partidos da corrida eleitoral. Nessa fase é comum cada partido apresentar dois possíveis candidatos que já estão em campanha política e o que tiver maior intenção de votos é quem irá representar este partido em outubro. Além de termos uma ideia para onde está pendendo o voto da população, as Pasos também ajudam os candidatos com menores números de votos a fazerem alianças políticas.
Parece complicado?
Vou resumir: para cada posto principal como governador e presidente são realizadas duas eleições. A primeira, Pasos, serve para selecionar o candidato de cada partido político e depois acontece a eleição definitiva. A população de cada província e a capital sai para votar mais de uma vez entre os domingos de junho até outubro. Os governadores são eleitos em julho e para presidente e outros cargos como deputados e intendentes (prefeitos) a eleição será em outubro. Assim, a população votou nas Pasos em junho e em julho elegeu o seu governador. Na capital esse cargo é do Chefe de Governo. Conforme os candidatos vão ganhando nas províncias, seja nas Pasos seja na eleição para governador, eles vão definindo o caminho da campanha política dos candidatos na Capital Federal.
Todos os argentinos votam no mesmo dia para o mesmo cargo político somente para a Presidência da República – e como curiosidade, o segundo turno aqui é chamado de balotaje. Muita gente não gosta da ideia da urna eletrônica, mas nas Pasos a quantidade de denúncias de fraudes e de roubos de boletos indica claramente que votar com papel dá muita margem aos votos comprados. É um sistema de votação muito diferente do Brasil e agora sabendo disso tenho certeza que poucos vão reclamar de ter que ir votar apenas dois domingos, em caso de segundo turno, não é mesmo?
5 Comments
Muito interessante! Só ouço falar bem dos hermanos. A mídia só divulga o caos econômico, é uma pena. É um país interessante. Penso que devem ser bastante nostálgicos dos velhos tempos, quando estavam entre as 10 maiores economias. Sou advogado e sempre vejo professores palestrantes mencionando a legislação argentina que, em alguns pontos, está bem mais avançada que a nossa. Obrigado por esta informação enriquecedora. Abraço.
Olá,
É verdade, há uma nostalgia por parte de muitos, ainda mais que todos aqui estão acostumados a pensar em dólares e com a proibição desse complicou não apenas a economia como a cultura.
Em alguns pontos a legislação daqui é mais avançada que a brasileira, mas em muitos é muito atrasada. Algumas leis que temos há décadas aqui não tem. Bem, mas isso acontece em todos países, o jeito é ir se adaptando no dia a dia.
Vc só não falou se na Argentina é obrigado a votar,pq aqui no Brasil é idiotice VC votar ou ser obrigado a se alistar. Não adianta obrigar o sujeito a votar se a pessoa não tá nem aí .No alistamento obrigatório é a mesma coisa também: não adianta obrigar o jovem se ele não quer seguir a carreira militar.Perda de tempo.E mais: obrigando- o VC
acaba tirando vaga daqueles q querem seguir carreira militar… Rafaela .
Oi Rafaela,
Sim, aqui o voto é obrigatório, mas nao existe alistamento nas Forças Armadas.
Queria saber qual é a idade mínima para se votar na Argentina?