Bairros de São Francisco: The Mission e uma viagem ao Mexico hipster.
Nesse texto da série “Bairros de São Francisco” deste mês, decidi falar de um dos bairros mais famosos de São Francisco e parada obrigatória para qualquer turista: The Mission.
The Mission é hoje um dos bairros com hipsters de São Francisco, com infinitas opções de coisas para comer, beber ou simplesmente passar tempo.
História do Bairro
Mission é um bairro que foi originalmente ocupado por imigrantes mexicanos. A influência mexicana ainda é muito forte e pode ser notada na rua Mission e Valencia que, ao visitar, parece que você se teletransportou à Cidade do México.
Mercados de produtos latinos (inclusive brasileiros), casas de câmbio com letreiros em espanhol, lojas de roupas populares e um número inacreditável de taquerías (restaurantes que vendem tacos mexicanos) estão distribuídas pelo bairro.
No século XIX, a área era constituída por ranchos de famílias hispano-mexicanas. Essas famílias (Valenciano, Guerrero, Dolores, Bernal, Noé) hoje dão nome às ruas e áreas da região.
Nas décadas da “corrida do ouro”, a cidade de São Francisco cresceu muito e os ranchos das “missões” foram subdivididos em moradias populares para imigrantes alemães, irlandeses e italianos, todos trabalhadores braçais (industriais ou mineiros).
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Em 1906, São Francisco passou por um terremoto devastador, e muitos que perderam seus negócios e casas se mudaram para a região, transformando a área em comercial-popular. Durante as décadas de 1940 a 60, uma onda imigratória mexicana tomou conta da região (eles moravam antes numa região que foi desabitada para a construção da Ponte da Baía (conectando São Francisco a Oakland), e a população branca se mudou da área.
Pessoas da América Central, na década de 1960, também migraram para a região, garantindo o que vemos hoje como o look do bairro latino. As décadas de 70-80 trouxeram a população LGBT (especialmente lésbica – maior população lésbica concentrada dos Estados Unidos). A parada do orgulho gay ocorre no mesmo bairro e vale a pena conferir. A vibe é diferente de outras paradas, mais liberais e muitas pessoas andam nuas pela rua durante o evento (acabei acidentalmente levando minha família para visitar o bairro no dia da parada e foi uma experiência, para dizer o mínimo, interessante).
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Finalmente vieram os punks nas décadas 1980 -1990 – até hoje ainda se encontram lojas de roupas punk no bairro. A região começou a se gentrificar nos anos 2000 e se tornou a preferida dos yuppies (jovens profissionais endinheirados), atraídos pela diversidade cultural e comida de qualidade, levantando o preço dos imóveis.
Onde comer?
Não poderia deixar de começar oferecendo dicas de restaurantes mexicanos. O melhor taco que comi na vida custa aproximadamente três dólares e o pagamento é feito somente em dinheiro. Fica difícil de escolher nas muitas opções pelos bairros, mas parece ser uma regra em São Francisco (com poucas exceções), que se você quiser qualidade, escolha pela maior fila. Vou sugerir aqui dois lugares que já comi infinitas vezes e não dá para enjoar: o sabor é tradicional e não tem jeito de errar.
Primeiro, La Taqueria, na rua Mission, foi o primeiro taco que comi em São Francisco, após muitas deliberações sobre qual seria o melhor taco da cidade. Buscando pelo “Yelp” (que sugiro baixar para todos os turistas brasileiros que vêm para cá), La Taqueria tinha excelentes reviews e realmente não desapontou.
Com a possibilidade de pedir tacos mais tradicionais como o carnitas (carne de porco moída e frite), steak (bife), chorizo (linguiça moída e picante), al pastor (carne de porco desfiada e abacaxi) ou algumas iguarias como o taco de língua e de cérebro, a opção “super” com sour cream (coalhada seca) e guacamole é sempre a melhor pedida. Também recomendo nesse lugar pedir chips and salsa (tortillas feitas a mão e servidas com um molho de tomate picante que são a perfeita entrada).
A segunda taqueria, ainda mais simples, mas também com filas enormes é El Farolito. Todos os tacos são fenomenais, e eles também têm opções com frutos do mar, pratos feitos (caso sinta saudade do arroz com feijão), e minha preferida: quesadilla suíça (que é similar a um taco gigante, com queijo e prensado na chapa). Acompanhe com a Coca-Cola de garrafa e uma cerveja Modelo, para ficar perfeito.
A terceira opção é bem “São Francisco”: Gracias Madre, que serve comida mexicana vegana/vegetariana. Está achando que é ruim? Eu sou uma das pessoas mais carnívoras que conheço, mas me deliciei com a comida saborosa e os drinks que servem.
Outras opções para quem não está no clima de comida mexicana são:
- Padaria mais famosa no mundo hipster: Tartine ($). A fila também se nota, mas lá você encontrará além do tradicional sourdough (pão de massa azeda), um montão de sobremesas caseiras e deliciosas. Se estiver no clima pra sentar e jantar, recomendo o Tartine Manufacture ($$) – mesma rede, mas servindo jantares e o maravilhoso pão de entrada.
- Mau ($$): restaurante vietnamita moderno. Além do delicioso Pho (uma sopa típica), um montão de outras opções de sopas deliciosas e rolinhos de entrada.
- Lazy Bear ($$$$): restaurante que recebeu estrela Michelin, mas que não é tão formal. Você senta e consegue observar a comida sendo preparada pelos chefs. Precisa fazer reserva e vale a pena pegar o menu degustação.
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Passeios durante o dia
Sem dúvida aqui não posso deixar de sugerir o meu lugar favorito na cidade de São Francisco: Dolores Park. Nesse parque você sentirá o que é realmente estar em São Francisco. Nos fins de semana, centenas de pessoas de todas as idades sentam no extenso morro gramado e desfrutam de uma das mais bonitas vistas da skyline da cidade.
Se você quiser passar o dia aqui terá que abrir a sua cabeça. As pessoas ao seu redor estão fumando maconha, bebendo e andando com seus cachorros e ouvindo música. Então, não é um ambiente que recomendo para famílias com criança. Mas as fotos que você irá tirar por aqui valem a visita. Recomendo passar a tarde de um sábado ou domingo por aqui. Você estará cercado por algumas das casas mais lindas de São Francisco.
The Mission também é cercada de galerias de arte e vale a pena passear pela rua e entrar nesses cafés orgânicos e galerias de arte.
Vida noturna
A vida noturna em The Mission é agitadíssima. Uma coisa tenho que dizer aqui para não surpreender ninguém: a região tem uma população grande de moradores de rua (como muitos outros bairros de São Francisco), o que infelizmente significa muitos dependentes de drogas e pessoas te abordando pela rua. Recomendo tomar cuidado se for mulher e estiver andando sozinha pelo bairro à noite. Tome um táxi até o local onde irá e desça na porta. Em relação aos bares, não recomendarei nenhum em especial de lá, mas pelo contrário recomendo (se estiver em grupo) uma caminhada pela rua Valência: tem tanta competição que o ideal é sair de um e entrar no outro.
Espero que tenham curtido esse texto, y buen provecho!