Fazer negócios na China é sinônimo de fazer negócios com o mundo inteiro. Um dos principais fatores que me instigaram a aceitar vir para o outro lado do mundo, foi o fato da China ser uma das principais economias do mundo. Isso somado ao fato de poder aperfeiçoar meu segundo idioma (inglês) e estar em contato com um terceiro (mandarim). Porém estando aqui percebi que ia muito, mas muito além disso.
Viver aqui é um desafio diário. Você nunca está numa zona de conforto, e isso na verdade me motiva a realizar o que faço. Depois das minhas primeiras aventuras, atualmente auxilio uma empresa de papel de parede de Hong Kong em suas exportações e relações internacionais. Viajo com eles dentro da China e por outros países, apresentando nossos lançamentos e visitando clientes para estreitar os laços de negócios. Estou constantemente em contato com culturas diferentes, e hoje vejo o quanto este desafio agrega à vida de uma pessoa.
Auxilio também no desenvolvimento da comunicação das coleções como capas, fotos, rótulos, caixas, enfim, a comunicação primária do produto. Adoro estar envolvida com isso, pois torna o trabalho mais dinâmico.
Na empresa tem pessoas que falam somente o chinês, outras somente inglês, alguns bilíngues, e os poliglotas.
As reuniões são muito interessantes. Sempre tem uma tradutora para auxiliar aqueles que ainda não são totalmente fluentes no mandarim. Às vezes as coisas tem que ser repetidas várias vezes, e outras, tenho certeza, passam sem serem traduzidas. Essa experiência vem lotada de desafios, o que, do meu ponto de vista, faz ela ficar ainda mais interessante.
No final de um dia de trabalho, numa reunião, você para pra analisar o quão fascinante é a mistura de culturas entre as pessoas na sala. Entre os idiomas falados na sala de reunião estão o mandarim, inglês, cantonês e xangainês. A hierarquia é super respeitada mas logo vira uma certa bagunça… Um dos diretores começa falando em mandarim, outros começam a responder em cantonês. Quando é importante, o diretor para e repete tudo em inglês, pra os estrangeiros entenderem. Então começamos a falar em inglês e construir ideias, mas a outra metade da sala que só fala chinês, fica por fora, e lá vai outra tradutora resumir em mandarim o que foi falado. E por aí vai… É esse desafio diário que virou parte da minha vida.
Estando na China por mais que você continue morando no mesmo lugar, você sai da sua zona de conforto todo dia, assim que coloca o pé na rua. Além dos lugares em si mudarem muito rápido (sempre há uma loja nova ou um prédio que é construído da noite para o dia) você tem o desafio constante de se comunicar com as pessoas locais em mandarim. Nenhum chinês fala inglês nas ruas. São raríssimas as excessões. Todo dia aprendo uma palavra, um caminho novo, uma comida diferente, conheço pessoas que vem de lugares que eu nem sabia que existiam.
Já vi em muitos lugares, pessoas simplesmente abaixando a cabeça e dormindo na mesa. Talvez você já ouvido falar isso, não é incomum por aqui. Até em lojas e centros comerciais, você chega a ficar com pena em ter que acordar a atendente. Foi triste no início ver coisas assim, e me adaptar. Sem contar as pessoas que ficam no celular. Jogando, ou pior, assistindo novela. Não, minha adaptação não foi começar a fazer igual. Muito pelo contrário.
Os chineses geralmente vêem o estrangeiro com respeito, um modelo. Principalmente nas cidades pequenas. E eu achei que com isso, seria interessante passar alguns exemplos, até mesmo de cidadania. Não dá pra tentar mudar a cultura deles. Mas eles não iam mudar a minha. Eu ainda acho que o exemplo funciona, ou um dia irá funcionar. Por exemplo, no elevador, é comum entrarem correndo, e fechar a porta o quanto antes para ninguém mais entrar. Ou então cortar a vez numa fila de táxi, do cinema. Sempre que posso, seguro a porta para os outros, dou a preferência. Se é para copiar… vamos copiar bons exemplos.
Quando estamos viajando à negócios, praticamente não existe hora para descanso. Quem sabe, as horas do voo. O avião vira um refúgio. Sempre brigando contra os fuso-horários, em adaptar-se em outro país, se aventurar por algumas ruas e aos poucos absorver as singularidades daquela cultura. Mal chegar no hotel e já ter que se enganjar com atividades da empresa, é tudo bem cansativo. E quando tem um tempinho para lazer, dá para chamar o colega para um bar, e conversar. Sobre… negócios. Ou chamar qualquer outra pessoa e falar sobre… negócios, a crise, as conquistas. Aqui a vida gira em torno disso. Workaholics, é o que a maioria das pessoas são.
Enfim, você deve estar se perguntando como eu vim parar do outro lado do mundo. Uma dose de coragem, sorte e outra de ousadia. Deixo para explicar no próximo post. Se tiver alguma pergunta ou sugestão, escreva nos comentários abaixo.
Até o mês que vem!
4 Comments
Adorei, Bruna! Nao morei na China mas ja viajei bastante por ai. Adoro! Vou passar a ler seus posts. 🙂
Oi Carla! Obrigada! Viajou por aqui a negócios, ou a passeio? Obrigada por acompanhar os posts, se tiver alguma sugestão ou assunto de interesse, me diga 😉 Tudo de bom pra você!
Oi Bruna! Bem vinda ao time BPM 🙂
Muito legal conhecer um pouquinho mais da sua rotina. Eu me identifiquei muito com seu dia-a-dia, principalmente em relação à língua. Eu trabalho na Alemanha em uma empresa multinacional e aqui também temos as pessoas que só falam alemão, os que só falam inglês e os poliglotas. As reuniões também são um pouco baguncadas e sempre tem alguém traduzindo .Quando é importante, o diretor também repete tudo inglês. Eu já acho o alemão um caos, então só consigo imaginar que em chinês seja um pouquinho pior, com o desafio de ter um alfabeto diferente, inclusive.
Boa sorte e sucesso pra você!
Hahaha verdade né Beatriz! Isso é tão legal, estar em reuniões assim. Você fica tentando pescar algumas palavras do que está sendo falado, e depois traduzem pra você. É um aprendizado muito bom. Sim, chinês é complicadinho, mas alemão é igualmente difícil! A gramática do alemão é muito complicada! Em mandarim já acho mais fácil 😉 Obrigada, e sucesso pra você também :*