Uma das primeiras coisas curiosas da minha experiência na China foi o contato com essa tradição do “chá da tarde”, ou Dim Sum. Aqui no sul do País é comum você almoçar mais tarde, lá pelas 2 ou 3 da tarde, e por isso, neste horário os restaurantes mais frequentados são os que servem o Dim Sum. É uma ocasião para conversar com os amigos, comer e tomar chá!
Eu achei parecido com a nossa tradição como em alguns lugares do Brasil onde temos o costume de fazer um café da tarde, com bolos, salgados e café – e quem sabe chamar o vizinho. Aqui eles tem a tradição de tomar o “chá da tarde”. Para mim foi uma adaptação bem prazerosa, trocar o costume de tomar café pelo chá. Existe uma variedade grande de chás para serem escolhidos e compartilhado com todos na mesa. (deixo para falar sobre chás em outro post)
Em tempos antigos, para acompanhar essa tradição de tomar chá, se originou o Dim Sum, que tinha o propósito de ser um momento de relaxar, e saborear um chazinho com algumas guloseimas. Hoje em dia essa tradição se modernizou e o “chá da tarde” virou uma confraternização animada, onde os cantoneses se encontram para apreciar além da culinária, uma boa conversa. Para alguns, o Dim Sum substitui o café da manhã e o almoço, trocam duas refeições por uma só. Assim como na cultura inglesa fazem o “brunch” , misto de café da manhã e almoço (breakfast e lunch), os chineses tem o Dim Sum.
Em Hong Kong e em outras regiões que derivam da cultura cantonesa, no sul da China, o Dim Sum começa a ser servido por volta das 5 da manhã e vai até a metade da tarde. Os mais idosos que tem o hábito de se exercitar pela manhã, saboreiam o Dim Sum logo após os exercícios. E em ambientes corporativos não é estranho as reuniões acontecerem em mesas de restaurante de Dim Sum por volta do horário do almoço. Disso os chineses entendem bem, deixar o convidado confortável em um ambiente amistoso para discutir sobre os negócios. Quem sabe é esse o segredo da evolução da China? (risos)
Além disso, encontrei outra utilidade para o Dim Sum. De Hong Kong à Shanghai, percebi que o Dim Sum também supre a necessidade dos expatriados (ou mesmo chineses) que estão saindo das festas de madrugada e querem comer algo antes de ir para casa. Ou seja, o Dim Sum é simplesmente saboroso e fácil de encontrar a qualquer hora do dia.
Dim Sum, que em tradução literal significa “tocar o coração”, consiste em uma variedade de pequenos pratos, os “dumplings” conhecidos pelos falantes de língua portuguesa como trouxinhas, bolinhos, pasteizinhos, capeletis, enroladinhos… enfim, a palavra que você quiser usar para traduzir essa iguaria para o português. Fato é que não dá para traduzir esse sabor, tem que experimentar!
Os pratos são ou cozidos a vapor, ou fritos. A maioria vem servido em um recipiente redondinho de palha que conserva o vapor. Entre os clássicos você encontra costelinhas de porco no vapor, os “buns”, ou pãezinhos cozidos com recheio de carne de porco assada, ou o meu preferido, os dumplings (enroladinhos) de camarão, com a pele translúcida. Essa massa que envolve os “dim sum” é única. A massa pronta pode ser encontrada para comprar em mercados de produtos orientais pelo Brasil também, caso queira se arriscar a copiar esta tradição chinesa. Fato é que entre uma região da China e outro, os pratos já mudam completamente de receita e de sabor. Mesmo tendo o mesmo nome, existem pratos únicos em cada região.
Entre os pratos fritos, encontramos os rolinhos primavera, outros frutos do mar fritos, ou até mesmo crus e bem temperados.
Além disso tudo, as sobremesas… hum… uma diferente da outra, e existem umas sobremesas doces feitas de feijão preto, dentre uma infinidade de outros sabores. Dá uma olhada nas fotos.
Virou o meu costume pessoal, procurar pelo Dim Sum nos sábados chuvosos da China. Aquele dia em que você acorda tarde, e só quer curtir um evento preguiçoso antes de o dia começar. Pra isso o Dim Sum se encaixa perfeitamente.
Em Hong Kong e Macau você até encontra os cardápios em inglês, mas na China continental, me arrisco a dizer que os melhores Dim Sums serão encontrados naqueles lugares pequeninos, escondidos e cheios de caracteres chineses.
O que você faz? A melhor solução é chamar aquela amiga chinesa para ir com você, mas caso queira se aventurar e se arriscar, é só levar com você as fotos dos seus pratos preferidos! E mostrar para a atendente do restaurante, que com certeza vai te atender com a maior admiração e sorriso no rosto.
Por aqui também precisamos andar sempre com os endereços escritos em caracteres chinese dos lugares que gostamos de ir, pois ninguém na rua fala inglês, e você ainda não aprendeu a falar todos os lugares, muito menos vai se lembrar na hora de sair.
Quando gosto do restaurante, bato foto de tudo e guardo o cartão. Ah, procuro fazer check-in no Swarm também, apesar de estes lugares pequenos às vezes não serem encontrados por lá…