Já escrevi aqui sobre as escolas internacionais onde as crianças podem vir cursar o ensino fundamental e médio, sobre os cursos de mandarim nas universidades que dão direito a visto de estudante e também sobre fazer um mestrado em mandarim.
Mas e a graduação? Será que é possível?
Sim, é possível e a cada dia mais os jovens do mundo todo estão optando por fazer sua graduação na China.
E a língua?
Alguns cursos de graduação voltados para estrangeiros são ministrados em inglês. O que fica bem restrito são as opções de cursos. De resto funciona como qualquer universidade no mundo.
E apesar de ter poucas opções de carreiras, a maioria são voltadas para negócios e relações internacionais, o ‘plus’ de se graduar na China é que você ainda termina a universidade falando mandarim. Sabem o curso que citei no início, de mandarim na universidade? Então, ele é compulsório em vários cursos de graduação, e não é possível se formar sem terminar os créditos de mandarim.
As universidades
Nesse link aqui, tem uma lista de todas as universidades chinesas que admitem estudantes internacionais, seja para a graduação completa ou para um intercâmbio (muitos alunos do Programa ‘Ciências sem Fronteira’ estão aqui na China nessa condição). Há muito mais cursos ministrados em mandarim do que em inglês, mas ainda assim a oferta e procura por cursos em inglês vem crescendo ano a ano.
Da mesma forma que os alunos dos cursos de mandarim, o visto emitido é o de estudante, e esse não dá permissão para trabalhar na China.
Na hora que o aluno precisar fazer estágio, que não pode ser remunerado, a própria universidade vai pedir a documentação necessária para a empresa e emitir um novo visto que dá direito a estágio vinculado ao curso universitário de ‘x horas’.
Como aplicar
A China está na mira de todo o mundo, então claro que já existem várias empresas espalhadas por aí que atuam como facilitadoras do processo de admissão e até dão suporte na adaptação do aluno à nova cultura. Mas é possível buscar as informações nos websites das próprias universidades e tentar se comunicar via email.
O importante é ter certeza de tudo que foi concordado, de trazer a documentação necessária e, principalmente, resolver a questão de visto de forma clara. Como já escrevi em outro artigo aqui, o visto na China é algo bem sério e requer atenção.
O exame de proeficiência na lingua inglesa, TOEFEL, pode ser feito no decorrer do primeiro ano de curso.
Como iniciar o processo:
– Escolher a(s) cidade(s) onde quer aplicar – esse é um dado importante, pois se escolher uma cidade de interior, tem que saber que o processo de adaptação será mais complicado, que a cidade não oferece estrutura para estrangeiro e o inglês não vai ajudar no dia a dia. Por outro lado, tem o custo de vida muito mais baixo que Shanghai ou Beijing, por exemplo. E o ambiente facilita o aprendizado do mandarim, afinal, de alguma forma a pessoa tem que se comunicar fora da universidade.
– Escolher a universidade – que terá que ser entre as que oferecem cursos em inglês e que atendam as expectativas de carreira (a não ser que se fale o mandarim de trás para frente, existem cursos de graduação em mandarim onde são aceitos estrangeiros!)
– Seguir as instruções descritas no website, fazer contato com a instituição, enviar os documentos exigidos e esperar o resultado – geralmente a prova de aplicação é online (mas sempre fazendo contato e cobrando a resposta, pois aqui as coisas funcionam de uma maneira diferente, podemos dizer).
E quanto custa estudar na China?
Como escrevi acima, a escolha da cidade será o grande diferencial no custo de vida total aqui (desde a anuidade do curso, passando por moradia, alimentação e lazer).
Quanto mais longe das ‘bolhas internacionais’ que a China possui, mais barato será.
Mas para ter uma ideia, coloquei aqui o custo calculado pela Donghua University Shanghai.
Por estar na cidade mais cara de se viver na China, já dá para ter uma noção do custo total. Também recomendo que olhem o artigo sobre custo de vida que escrevi aqui.
Experiência pessoal
Vivo na China há muitos anos, meus filhos vieram para cá adolescentes, terminaram o IB (International Bacharelor) em escola internacional, e resolveram ficar por aqui.
Um estuda ‘Fashion Design’ (Moda) na Raflle Institute e o outro ‘Management in Business Administration’ (Administração e Comércio Internacional), ambos na ‘Donghua University’. Para eles a vida se fez aqui, e pretendem ficar após se formarem e iniciarem suas carreiras profissionais.
No início desse ano, a lei mudou para estudantes estrangeiros que fizeram toda a graduação na China; poderão obter um visto de 2 anos para experiência profissional, investimento ou abrir seu próprio negócio em Shanghai.
A palavra de quem veio com esse objetivo
Mariana Camyla Duarte Pontes, 18 anos, Fortaleza Ceará.
“Cheguei em Agosto/2014 e não tenho previsão de retorno ao Brasil. Faço Medicina mas estou em processo de desistir do curso para começar a estudar Economia numa universidade em Shanghai. Escolhi Shanghai pois gostei muito da atmosfera da cidade, muito mais internacional que qualquer outra cidade chinesa. Eu gosto de dizer que eu não gosto da China, eu amo de paixão. O custo de vida é extremamente viável, com uma média de gastos de RMB 4.000,00 por mês (R$ 2.400,00) , com apartamento próprio fora da faculdade e saindo frequentemente para comer e beber. Recomendo muito a experiência.”
Ana Ron, 22 anos, São Paulo-SP
“Cheguei na China setembro/2014. Pretendo voltar por volta de julho/2016, que é quando o intercâmbio termina (Ciências sem Fronteira). Curso ‘Arquitetura e Urbanismo’ na Tongji University. Escolhi a China porque amo esse país e meus pais são chineses. Eu cheguei a visitar a China algumas vezes mas não tinha muita noção de como as cidades eram. Fui escolhendo de acordo com as faculdades/cursos e acabei em Shanghai. Foi uma das melhores experiências da minha vida! O custo de vida Shanghai, comparado com as outras cidades da China é muito alto. Mas mesmo assim ainda é viável, melhor do que São Paulo. E por último, recomendo sim a experiência! Mas quem vier tem q ter a mente aberta, porque a China, apesar de ser maravilhosa, tem suas peculiaridades!”
Karen Oliveira, 25 anos, Belém -PA, em Shanghai desde maio/2012 e sem previsão de retorno.
“Não fui eu que escolhi Shanghai, a cidade que me escolheu. Conheci o Luiz, meu atual namorado, no Rio de Janeiro, ele é de Shanghai e trabalhava numa empresa chinesa no Brasil. Decidimos vir para cá juntos. Escolhi o curso ‘International Trade’ na Donghua, porque era uma das poucas opções de cursos em inglês na época. Acabei de me formar e já estou trabalhando aqui. A experiência de viver na China sempre foi muito boa pra mim, especialmente pelo fato de ser bem seguro comparada ao Brasil. O custo de vida é viável, (gastamos em torno de RMB 15.000,00/mês). Definitivamente recomendo Shanghai.”
Além das facilidades para estudar aqui, o custo não ser tão elevado como nos EUA ou Europa, a experiência de vida que um jovem adquire na China é sempre imensurável. E não se esqueçam do bônus que é falar e escrever o mandarim, que por ser compulsório, ou se aprende ou se aprende!
E você? Já havia pensado nessa possibilidade?
Até a próxima!
8 Comments
Excelente!
Obrigada, Thais.
Muito bom Christine, parabéns! Deu pra ter uma boa ideia de como é a coisa por aí! Obrigada
Obrigada Juliana! Volte sempre.
Sem dúvidas a melhor experiência da minha vida até o momento! 😀
Obrigada pelo comentário, Rafael! Abraço.
Excelente texto! Muito esclarecedor assim como todo o seu blog!
Parabéns!
Estou fazendo um internship program em Changsha, Hunan duranre dez/2017 e Jan/2018.
Porém, me apaixonei pelo local e pelas oportunidades aqui existentes e estou avaliando a oportunidade de iniciar o curso de Business aqui.
No caso, faço administração no Brasil na FGV.
Você sabe dizer se o processo é muito restrito ou é possível conseguir uma vaga?
Um feliz 2018!
Olá!
Feliz 2018 para você também.
Olha, o processo para entrar não é muito complicado não, se o curso for em inglês. Se for em mandarim, tem que ter nível super alto no HSK. Só não sei te dizer se você consegue trazer créditos do seu curso para cá.
Talvez fosse melhor você terminar sua graduação e vir fazer mestrado.
Meus filhos se graduaram aqui, mas já estavam morando na China.
Abraço e boa sorte!