Os Estados Unidos é um dos países mais conhecidos para nós brasileiros. Os filmes, as músicas, a moda, as comidas e costumes norte-americanos sempre estão muito presentes em nossas vidas, mesmo para quem nunca viajou para cá ou nunca se deu conta disso.
Assim, alguns estereótipos são comumente construídos e, quando chegamos aqui de mala e cuia, nos deparamos com muitas surpresas.
Depois de um ano e meio da mudança é tempo de fazer um balanço. Vou tratar de algumas idéias que confundem muito os brasileiros, vem comigo?
Alimentação – Terra do Hambúrguer? Hmmmmm, não só!
Sempre que pensamos em comida americana, imaginamos todo o tipo de fast foods e comidas não-saudáveis; tudo muito industrializado, calórico e pouco nutritivo. Somado à isso, temos a imagem do povo americano em sobrepeso e, assim, criamos a errada impressão de que aqui só se vive de hambúrguer e batata-frita. A boa notícia é que não, isso não é verdade!
Sempre fui uma pessoa curiosa em experimentar de tudo um pouco no universo gastronômico e, aqui na América, descobri delícias, sabores e cheiros que nem imaginei que existissem. Pode-se encontrar qualquer coisa e a variedade e diversidade dos super-mercados e restaurantes deixa até os paulistanos da gema como eu, boquiabertos. E veja, não estou me restringindo às grandes metrópoles como Chicago, Nova Iorque, Washington, etc. Me refiro até as cidadezinhas no meio do nada, que abrigam restaurantes incríveis e mercadinhos charmosos cheios de delícias locais.
É adepto aos orgânicos? Você terá um universo de escolhas. Prefere alimentos rápidos e pré-prontos? Ídem. Tem saudades dos sacolões do Brasil, cheios de verduras e frutas? Corra até um mercado asiático para se surpreender. Quer provar coisas exóticas e inusitadas como um prato etíope ou afegão? Nem precisa ir para Nova Iorque, você encontra cozinha internacional em todos os cantos.
Quando o assunto é vinhos e cervejas existe aqui uma variedade sem limites de tipos, preços e procedências. Tem para todos os gostos e bolsos. Até escrevi um texto somente sobre vinícolas da região, que você pode ler aqui.
Por falar em bolsos, uma outra constatação: não é barato como se imagina no Brasil. Acho até (sem base científica) que aqui se gasta muito mais para comer bem do que em São Paulo, por exemplo. Mas procurando, com absoluta certeza você irá encontrar um mundo de opções adequadas à sua verba e ao seu paladar. Ponto pra você, América!
2. Saúde (Prepare o bolso)
Infelizmente, nesse quesito as notícias não são tão boas. Saúde aqui é cara, e muito! Não existe saúde pública e gratuita. Todos, sem exceção, precisam pagar por isso. Mesmo para quem tem os melhores convênios, há sempre uma porcentagem a ser paga pelo usuário. Assim, ter uma caixinha para despesas inesperadas é fundamental.
Os hospitais e laboratórios são de uma excelência inquestionável. Até o pior e mais simples tem uma ar de Albert Einstein (famoso hospital paulistano). Contudo, esqueça aquele papo caloroso e íntimo com o seu médico, ou mesmo aquelas ligações no meio da noite para o pediatra se o seu filho espirrou. Aqui você pagará – e muito! – por qualquer contato. E emergência significa emergência. Ninguém corre ao pronto-socorro porque está com tosse. Isso também se estende à saúde dental e veterinária, tudo muito caro e preciso, onde só são feitos procedimentos de alta necessidade.
Se eu mostrar para um dos médicos daqui a quantidade de exames que já realizei no Brasil, eles acharão que eu estava nas últimas quando, na verdade, eram apenas os exames de rotina. Para brasileiros acostumados ao sistema de saúde privada, isso é uma diferença gritante.
Acredite, até o sucateado e falido sistema de saúde pública do Brasil é melhor do que o nada que existe aqui – para quem não pode pagar. Uma das grandes falhas da América, no meu ponto de vista. Sei que a administração Obama trabalhou arduamente no assunto, porém desconheço as regras e facilidades conquistadas. Infelizmente, essas mudanças ainda não estão consolidadas e em tempos de troca de governo, não sabemos o que esperar.
3. Terra das compras ilimitadas? Não é bem assim…
São raros os brasileiros que não se encantam com um outlet americano. Parece quase uma obrigação visitar esses espaços tentadores durante as férias e não perder a oportunidade de comprar aquela bolsa de grife por U$100,00! Morando aqui o encantamento desaparece. Grifes são, para a maioria das pessoas, algo totalmente irrelevante. Já ouvi de americanos próximos a piadinha não tão simpática de que se reconhece um brasileiro(a) a distância, pela grife da bolsa ou da camisa…
E a triste constatação: gasta-se tanto com saúde, alimentação e moradia, que a pechincha da bolsa de U$100,00 não parece tão pechincha assim. É fácil comprar algo de qualidade equivalente por um terço do preço, em lojas desconhecidas dos brazucas. As ofertas são realmente de encher os olhos e acelerar o coração dos compulsivos. Parece que existe um hipermercado para cada ítem específico. De bijuterias a barcos de corridas e tudo o que se possa imaginar, você encontra perto da sua casa ou a um clique na internet (o mercado online é poderoso). Mas chegando aqui, você se depara com a falta de crédito pessoal. Esse tema merece um capítulo à parte, de tão complexo e há um post aqui no blog sobre isso. Mas resumidamente: não interessa o seu patrimônio no Brasil, morando aqui você começa sua história econômica do zero e dificilmente irá conseguir de cara um cartão de crédito dourado. Paga-se quase tudo à vista, de tratamentos de saúde (caríssimos, lembram?) a televisores. A não ser que você tenha um cartão de crédito específico das sonhadas lojas, que são praticamente inacessíveis a um recém chegado.
Comigo, pessoalmente, a oferta de coisas me pareceu tão intensa, que gerou um efeito contrário. Aprendi que preciso de bem menos para ser feliz e comprar deixou de ser um prazer para virar uma necessidade.
Além disso, a qualidade das coisas em geral, mesmo as não grifadas, é tão boa que você não precisa ficar trocando constantemente. No país das super – mega -lojas eu me tornei uma consumidora tímida. Ponto para mim!
Esse tema sobre a desconstrução de estereótipos rende bastante em vários outros aspectos. Prometo retomá-lo em breve mas, por enquanto, fico por aqui com a comida, a saúde e o consumo. Espero ter ajudado.
7 Comments
Gabriela, adorei seu texto. É muito interessante se sabertas de qum eSta no local, e acho qUE tera a mesma reação que vc kkkk menos consumista, também penso assim, a maturidade ajuda a gente a perceber que se precisa de bem menos pra ser feliz e saber dar valor ao que é importante. Bjs.
Obrigada Rita! Continue acompanhando, é sempre bom compartilhar experiências! Bjs
Muito verdadeiro seu texto. Bem adequado à realidade de quem mora nos EUA. Parabéns.
Fico feliz que tenha gostado Rosane!Obrigada e continue nos acompanhando 😉
Olá, Gabriela! Excelente artigo. Estou de mudança para os EUA com meu marido agora em outubro e achei muito úteis seus comentários. Fui em julho de 2016, oassei uma semana em Detroit, e tive esta mesma impressão: supermercados com muitas frutas e variedades: só querer mesmo. Tudo de bom e um abraço!
Seja bem vinda Natália! Vc certamente tb terá descobertas surpreendentes. Obrigada pelo comentário e sinta-se a vontade de perguntar se tiver alguma dúvida 😉
Ótima reflexão sobre a questão da saúde! E aqui infelizmente vemos um movimento no congresso para destruir o SUS!