Como é comer fora no Uruguai.
O Uruguai é um país relativamente parecido com o Brasil em termos de costumes culinários. Entre as inúmeras diferenças estão comer as pimentas picantes, as carnes exóticas e coisas realmente super estranhas para o nosso paladar; porém, as diferenças existem. A forma como os alimentos são servidos é diferente e não tem tantas opções quanto temos no Brasil devido à enorme influência de tantas culturas que tivemos.
No Uruguai os acompanhamentos são como na maioria dos países; as pessoas não costumam comer dois tipos de acompanhamentos na mesma refeição. Ou seja, a carne vem acompanhada de batata ou de arroz, ou de salada. Os pratos são menos gordos e mais balanceados. Não é como no Brasil que fazemos um filé, arroz, feijão, batata frita e farofa. Se der para colocar uma friturinha, melhor. Brasileiro gosta de um carboidrato. Variados, de preferência. E isso faz uma falta no dia a dia. Por isso eu sempre costumo pedir um filé com purê e mais uma porção extra de arroz. Pessoas me olham como seu eu fosse um E.T. Arroz com purê? Sim, por favor!
Normalmente os acompanhamentos para serem escolhidos são: batata cozida sem nada, batata frita, purê de batata (de saquinho), batata recheada, legumes, salada, purê de abóbora.
Também não existe este costume de comer arroz nas refeições. Tem restaurante que nem tem arroz e quando tem, muitas vezes o arroz vem gelado – sim, gelado mesmo, pois arroz é considerado um acompanhamento de salada! Eles comem arroz frio com maionese e atum e ainda colocam parmesão em cima. Mas no geral, ninguém pede arroz. O arroz é um fator muito importante para mim (e imagino que para a maioria dos brasileiros). Um arroz bem soltinho, temperadinho, ninguém resiste. No Uruguai o arroz é apenas fervido e coado, sem tempero. Então eu prefiro cozinhar o arroz em casa, mesmo.
Bom, feijão, nem pensar. Os restaurantes não servem feijão, ninguém faz. No supermercado se vende feijão preto, mas nunca vi ninguém comendo. Algumas receitas de puchero levam feijão, mas nunca provei e nunca vi nenhum lugar servindo. No supermercado também tem feijoada enlatada para vender. Eu nunca comprei. O feijão, faço em casa.
As massas são demais! Em quase todos os lugares pode-se comer uma boa massa. Diferente do Brasil, onde as massas são boas apenas nos restaurantes italianos, lá se pode comer tranquilamente em todos os restaurantes, mesmo porque são raríssimos os restaurantes especializados no Uruguai; ou seja, em praticamente todos os restaurantes se pode pedir um espaguete. Além disso existem diversas casas especializadas em vender massas frescas. Tem uma em cada esquina. Apenas uma massa é diferente da que pedimos no Brasil: a lasanha. Lasanha é feita com massa de crepe e normalmente vem com acelga e molho branco, um gosto bem peculiar, que eu particularmente não gosto.
As carnes são basicamente feitas na parrilla e as feitas à milanesa. Não existem opções de carnes com molhos e preparadas de outras formas como temos no Brasil: carne ao molho de queijos, ao molho madeira, escalope recheado, Oswaldo Aranha, entre outras diversas variedades. No Uruguai as carnes são feitas nas brasas. Quase todos os restaurantes têm sua parrilla e oferecem churrascos no menu – não só carnes, mas também linguiças (chorizos) e outros cortes feitos na brasa. Vale lembrar que as carnes no Uruguai tem altíssima qualidade. São saborosas e muito macias.
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São raríssimos os restaurantes que servem buffet ou almoço por quilo. As opções são à la carte. Praticamente todos os restaurantes servem o mesmo menu composto por: parrilla, peixes, massas, minutas (milanesas e outras comidinhas), chivito, pizzas e sobremesas. Não existem restaurantes especializados em algum tipo de culinária. O que serve sushi, também serve parrilla. O especializado em massas serve outras coisas também. Basicamente o tempero é o mesmo em todos os restaurantes. Claro que em um a carne pode ser mais nobre e o bife à milanesa pode ser mais macio, mas o gosto é basicamente o mesmo.
Este é o meu ponto de vista, claro. Tem gente que vai me dizer que não, tudo é muito diferente, mas sinceramente, para mim o gosto é bem parecido em qualquer restaurante. As comidas não têm sal ou têm muito pouco. Além disso, está proibido, desde 2014, que os restaurantes deixem o saleiro à mesa. Tem que pedir para o garçom.
Aqui, se você tem fome de um belisco no meio da tarde, provavelmente você vai pedir uma empanada ou um sanduíche quente em alguma loja de conveniência. Não existem padarias nem pães de queijo e salgados no geral.
As frutas basicamente são banana, maçã, pera, laranja, pêssego e ameixa. Por não ser um país tropical, as frutas como mamão e abacaxi são o olho da cara. Cheguei a pagar 15 reais no mamão papaia.
As pizzas são feitas com molho pronto adocicado, com uma camada grossa de muçarela. Normalmente são quadradas e a massa é fofa. Tem um gosto de pizza de lanchonete. É boa, mas bem diferente das pizzas servidas no Brasil.
Em contrapartida, o preço das comidas é bem salgado. Uma refeição completa não sai por menos de R$ 50. E não estamos falando de um super almoço. Uma refeição qualquer na hora do almoço sai por este valor. No centro você encontra restaurantes um pouco mais baratos, mas geralmente para comer fora é isso o que você gasta sem pedir vinho nem sobremesa. Quando se vive por aqui e se come fora todos os dias, aos poucos vai-se vendo que tudo é muito caro e as opções são poucas em termos variedade de paladar para quem está acostumado com as comidas brasileiras, então as pessoas costumam levar a comida para o escritório ou pedir alguma coisinha para almoçar, como uma torta ou um sanduíche, ou deixam para comer em casa à noite.
Quem vai turistar por uma semana não nota tanta diferença. Comem ótimas carnes, massas e chivitos e voltam com a sensação de que a gastronomia é maravilhosa. Eu mesma tive a impressão de que tudo era muito bom, quando visitei a primeira vez. E é. Só que vivendo, é outra coisa, é diferente.
A gente sempre dá um jeitinho. Assim como em tantos outros países mundo afora, aqui há brasileiras que cozinham para vender para suas compatriotas. Além disso, podemos matar a saudade nas reuniões que fazemos na casa de amigos e com a própria comida que cozinhamos.
4 Comments
Adorei seus comentários. Concordo com a qualidade eno sabor da comida! Peço sal em todos os restaurantes. Não precisa morar no Uruguai para ter está percepção, pois eu passei 5 dias e notei as mesmas coisas.
Ah…tô passada com os preços!
Olá Adriana,
Meu nome é Eulália, trabalho numa consultoria de treinamentos interculturais.
Nós treinamos expatriados de diversas empresas.
Nessa quinta feira atenderemos um colaborador que será transferido para o Uruguai em breve, e gostaríamos de saber se você pode colaborar com o que chamamos de ‘Testemunho’, explico: usamos uma hora do treinamento para conectar o participante com alguém que tenha experiencia no país de destino, para que você compartilhe um pouco da vivência no país.
Brevemente é isso. Se você achar que pode nos ajudar te passo informações mais detalhadas. meu e-mail: globalline@gline.com.br.
Obrigada
Eulália, a Adriana parou de colaborar conosco. Temos contato com a Marcia aí na sua empresa e sempre indicamos nossas colunistas para os treinamentos de vocês, porém é preciso que nos avisem com certa antecedência para que as pessoas possam se organizar e se preparar.
Obrigada
Equipe BPM
Acabamos de sair do Uruguai, comida cara sem variedade, carne dura e sem sal. Também não achei o atendimento hospitaleiro nem nos hotéis/restaurantes/lojas mais caros ou baratos. Não há opções todo lugar é carne com fritas ou outro acompanhamento como maionese, arroz ou salada. Infelizmente pagamos mais de 120 reais em Punta por um peixe que veio borrachudo, em Montevideo várias refeições por mais de 60 reais que sinceramente não valiam, em Colônia a pior decepção, após pagar a conta a dona insinuou que estávamos viajando sem condições isso pq deu problema no cartão e tivemos que contar dólares, uruguaios e reais para conseguir quitar o valor da conta, foi humilhante e bem chato e a comida estava tão ruim que não valia os 1200 pesos que pagamos, ainda mais quando comparamos as variedades e valores que encontramos no Brasil. Após 7 dias não tinha mais como conseguir comer milanesa com fritas ou carne dura e sem sal. Também não achamos hospitalidade ou boa vontade , talvez tivemos azar, mas como turistas tentamos ter empatia e relevar as coisas por entender que é outra cultura e que estamos em viagem e não queremos nos estressar, mas foi difícil e decepcionante.