Como abrir conta bancária na Bolívia.
A mudança para um novo país envolve a burocracia de vistos e documentos (como falei aqui) e também abrir uma conta bancária para que seja possível receber salário em moeda local e realizar movimentações financeiras no dia-a-dia. No post desse mês, falarei sobre a minha experiência de abrir conta bancária na Bolívia.
Enquanto no Brasil eu tinha o hábito de usar o cartão de crédito para pagar até o picolé comprado na padaria, na Bolívia é mais complicado sair de casa sem dinheiro em espécie. Mesmo nas grandes cidades, alguns lugares não aceitam nenhum tipo de cartão e, assim, ter dinheiro na carteira é fundamental!
Falando em dinheiro, o nome da moeda é bolivianos e não pesos, bolívares, ou qualquer outra variação que muitos brasileiros que vêm à passeio insistem em utilizar. O câmbio é fixo e um dólar americano equivale a Bs 6,96. Muitos lugares aceitam dólares como forma de pagamento e é comum que preços em vitrines de lojas, imóveis e automóveis estejam em dólares. Valores de serviços também são cobrados em dólares, como pintura de casa ou até tratamento médico.
É possível abrir conta bancária em bolivianos ou em dólares americanos e inclusive em alguns caixas eletrônicos é possível fazer saque de dólares. O banco segue a cotação de Bs 6,85 para a venda de dólares e Bs 6,96 para a compra. Assim, quando é necessário fazer uma transferência bancária, é habitual perguntarem se você quer o número da conta em dólares ou em bolivianos.
Existem várias instituições bancárias e fizemos nossa escolha pelo banco BCP (Banco de Crédito de Bolivia). Foi uma recomendação da empresa que meu marido trabalha, já que é o banco que eles têm relacionamento. Foi possível abrir uma conta conjunta e meu marido é o titular da conta, já que ele é quem possuía um contrato de trabalho local.
Os dois precisaram comparecer ao banco com documentos como passaporte, carteira de identidade de estrangeiro, comprovante de residência e contrato de trabalho. É interessante comentar que não temos nenhum comprovante de residência em nosso nome, já que não é comum transferir contas de serviços para o nome dos locatários. Assim, sempre que é necessário usamos nossa conta de luz que está em nome da proprietária de nossa casa e isso nunca foi um problema.
Abrimos uma conta corrente básica, não há cobrança de taxa de manutenção mensal e não temos talão de cheques, por exemplo. Para nós, não faz diferença e a opção mais simples já era suficiente. É necessário um depósito inicial na abertura de Bs 2.500 ou US$ 500. Na página do nosso banco, disponível aqui, é possível obter mais informações.
Não temos acesso a muitas opções de investimento, mas o rendimento básico da conta poupança (chamada de ‘cuenta de ahorros’) é por volta de 3% anual, o que é uma boa opção de investimento quando avaliamos que o câmbio é fixo e o rendimento é de dólares.
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Já saímos da agência bancária com nosso número de conta e não foi necessário esperar para receber em casa nossos cartões. Cada um de nós recebeu da gerente um envelope contendo um cartão de débito e sua respectiva senha e os cartões não vêm com nome impresso. Caso seja necessário obter uma segunda via do cartão, o procedimento é simples também: ao comparecer à agência com seu documento de identificação já é possível retirar um envelope, com novo cartão e nova senha.
Enquanto, no Brasil ao abrir uma conta automaticamente já oferecem cartões de crédito de bandeiras diferentes, entre outras facilidades, na Bolívia não é tão simples obter um cartão de crédito. Na abertura da conta, tentamos solicitar um cartão de crédito também, mas não foi possível. Era necessário ter pelo menos seis meses de histórico bancário, algum tempo de residência no país, referências e mais uma série de exigências. Solicitar um cartão de crédito aqui equivale a pegar um empréstimo no banco, é necessário apresentar vários documentos e aguardar a aprovação de seu crédito.
Agências bancárias têm horários estendidos
Há muitas agências bancárias espalhadas pela cidade, inclusive em shoppings e até em hipermercados. As agências localizadas na rua normalmente têm horário de funcionamento parecido com o do Brasil, fechando às 16 horas, mas costumam abrir aos sábados pela manhã. Cada agência possui seu horário de funcionamento, mas as que estão em algum shopping ou hipermercado muitas vezes funcionam de segunda a sábado até 20 horas e abrem aos domingos também.
Esses horários de atendimento são ótimos porque há serviços que obrigatoriamente só podem ser pagos em alguma agência bancária, como é o caso da conta de gás. As contas aqui não possuem um código de barras como no Brasil e, assim, é necessário informar o serviço que quer pagar e seu código de cliente. Nem todos os serviços podem ser pagos em todos os bancos, por exemplo não é possível pagar as contas de luz e água diretamente no caixa do BCP, mas no caixa eletrônico sim. Não sei o porquê dessas diferenças.
Dependendo do horário, o atendimento bancário demora um pouco e há filas, mas aguarda-se sentado até que sua senha seja anunciada. Não existe a opção de colocar as contas de serviços em débito automático, ao menos foi o que me informaram no meu banco. Por outro lado, faço a maioria dos pagamentos pela internet sem grandes dificuldades.
Outros bancos que estão presentes aqui são: Banco Ganadero, Banco BISA, Banco Fassil, Banco Mercantil Santa Cruz, Banco Sol, Banco Unión, entre outros.