Custo de vida na Bolívia.
Falar sobre o custo de vida na Bolívia ou em qualquer outro lugar do mundo é um tema polêmico, da mesma forma que o custo de uma viagem. Para mim, a resposta é: depende!
Depende do seu estilo de vida, dos seus hábitos e das suas decisões pessoais. Optar por morar no melhor bairro da cidade ou então dividir um apartamento com amigos, ter o próprio carro ou andar de transporte público, entre outras questões, impactam no seu orçamento doméstico e determinam seu custo de vida.
Vou apresentar algumas ideias gerais sobre o custo de vida em Santa Cruz de la Sierra. Como essa cidade é o centro econômico do país, os valores algumas vezes são mais elevados que em outras regiões, mas é a cidade onde vivo e possuo mais experiência.
Como já expliquei nesse post, a moeda oficial é o boliviano, que possui paridade com o dólar: um dólar equivale a 6,96 bolivianos. Assim, é comum que alguns preços sejam apresentados em dólar.
Para facilitar uma comparação em relação ao custo de vida em outros países, apresentarei aqui os valores em dólar. Recentemente, devido à desvalorização do real frente ao dólar, o custo de vida aumentou. Esse gráfico mostra a variação do dólar nos últimos meses.
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Custo de vida em Santa Cruz de la Sierra
Aluguel: Há variadas opções em Santa Cruz de la Sierra, desde alugar um apartamento pequeno até uma casa mobiliada com cinco quartos em um dos condomínios mais exclusivos da cidade. Nesse contexto, os preços variam bastante! Apenas para transmitir uma referência, fiz uma busca rápida nos sites das principais imobiliárias e o custo de um aluguel pode variar desde 300 dólares até alguns milhares de dólares, no caso das mansões nos condomínios.
No post sobre onde morar sugeri as regiões mais valorizadas e indiquei onde buscar opções de imóveis. Em todo caso, acho interessante avaliar onde você irá estudar ou trabalhar e aí buscar alguma opção que seja próxima.
Para quem está chegando para estudar na Bolívia, uma dica é procurar nos grupos de classificados das universidades no Facebook. Apesar de não estudar aqui, costumo acompanhar alguns grupos e é comum ver anúncios de apartamentos ou quartos para alugar.
Eletricidade: O custo do kWh de energia elétrica varia conforme o bairro onde você mora, as regiões mais valorizadas da cidade pagam mais caro pela eletricidade. É bom lembrar que faz bastante calor no verão, o que leva ao uso do ar condicionado, e no inverno também há dias que ligamos o aquecedor. Pela média das minhas últimas contas de luz, gastamos geralmente por volta de 50 a 70 dólares. Lembrando que somos um casal, moramos em uma casa e ligamos o ar condicionado quase todas as noites.
Gás: A Bolívia é um produtor de gás natural e, consequentemente, o gás encanado chega ao consumidor com valores acessíveis. Gastamos em média oito dólares por mês, em uma casa na qual cozinha-se diariamente.
Água: Posso dizer que o consumo de água varia com o estilo do imóvel onde você mora e com a estação do ano. Como moramos em uma casa e temos uma área externa pequena, precisamos regar o jardim e nos meses mais secos do ano nosso consumo de água dispara. Pagamos por volta de 20 a 30 dólares.
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Internet e TV a cabo: A diferença de preço entre ter apenas internet e incluir a TV a cabo era pequena, assim optamos por incluí-la também. Gastamos cerca de 60 dólares com esses serviços.
Gasolina: O valor desse combustível é tabelado e subsidiado pelo governo, chegando ao consumidor final por Bs 3,74 (cerca de 54 centavos de dólar) por litro. Haverão mudanças nesse cenário com a introdução da mistura do etanol na gasolina.
Transporte: O transporte público em Santa Cruz de la Sierra é composto por micro-ônibus e ‘trufis’, que é tipo um táxi compartilhado com trajeto definido. O ‘micro’ custa Bs 2 (30 centavos de dólar) e o valor do trufi depende do trajeto e do horário de deslocamento
Táxis e Uber em geral são acessíveis e a tarifa mínima custa menos de US$ 1,50. Uma corrida ao aeroporto, que é mais afastado da cidade e leva quase meia hora, custa cerca de 12 dólares.
Supermercado: É interessante dizer que supermercados são um tipo de comércio relativamente recente e boa parte da população continua frequentando os inúmeros mercados localizados pela cidade. Esses mercados são como os mercados municipais no Brasil: galpões com várias tendas/barracas que vendem de tudo, desde frutas e verduras e produtos de limpeza, passando por carnes (em condições de armazenamento um tanto duvidosas…).
Não tenho como hábito fazer compras nos mercados, principalmente por uma questão de praticidade. Para quem compra em grandes quantidades, seja por uma família grande ou por amigos que se reúnem para irem juntos e economizar, a diferença de preço compensa o passeio.
Os principais supermercados são Hipermaxi, Fidalga, Tía e IC Norte. Há alguma diferença de preços entre eles, mas nada extremamente significativo. Também há pequenas mercearias espalhadas pela cidade e são boas opções naquele momento que acaba um produto e precisamos de algo de última hora!
Para frutas, legumes e verduras, as melhores alternativas em termos de praticidade, qualidade e preço são as opções de ‘fazer feira’ pela cidade. Há caminhões que circulam pelos bairros ou então que possuem seu ponto fixo e que vendem seus produtos sempre frescos e com melhor custo que nos supermercados.
Escola: Como em outras cidades, o custo de uma escola internacional pode ser bem elevado, mas geralmente as empresas ajudam nessa questão.
Uma creche de bairro pode custar por volta de 150 dólares, enquanto uma escola custa a partir de 300 dólares. Esses valores aumentam conforme o reconhecimento da escola, podendo ser três vezes mais do que o custo apresentado.
Saúde: Não existe saúde pública na Bolívia, todos os serviços são pagos. Isso torna muito importante ter um plano de saúde local, pois os custos de uma internação de emergência podem ser altos.
Felizmente não tenho tanta experiência no tema, mas as consultas de rotina que fiz me custaram por volta de 35 dólares.
Serviços domésticos: Uma diarista para realizar serviços domésticos pode cobrar por meio período cerca de 15 dólares, enquanto uma pessoa em tempo completo pode te custar por volta de 320 dólares.
Academia: Em média, é possível encontrar academias que custem uns 50 dólares, enquanto um personal trainer cobra mais ou menos 150 dólares. Em geral, esses profissionais trabalham te acompanhando de segunda a sexta e não por hora, como no Brasil.
Apresentei algumas variáveis que impactam no orçamento doméstico dos brasileiros que moram em Santa Cruz de la Sierra. Se tiver alguma dúvida ou queira compartilhar alguma outra informação em relação ao custo de vida na Bolívia, deixe abaixo nos comentários!
6 Comments
Ola Letícia, tdo bem? Eu e meu marido nos mudamos em abril para Bolívia, suas informações estão sendo muito uteis, obrigada. Sei que é bem relativo mas você poderia me informar o valor que gastam com alimentação por mês?
obrigada
Oi, Barbara! Não consigo te dar um número preciso… Em geral, frutas e vegetais são baratos e há diversas formas de economizar em sua compra, especialmente em não comprar no supermercado! (Para mim, vale por economia E por qualidade!).
Frango é mais econômico (por volta de 35 bolivianos o quilo do peito de frango – 5 dólares), mas carne de primeira e peixe são mais caros.
Bebida alcoólica como vinho são mais econômicos do que no Brasil, especialmente por causa dos impostos!
Vou fazer um post sobre o custo de supermercado, sairá em breve!
Qual o gasto de vcs por mês
Olá, Marcos! Como falei no texto, o gasto mensal de uma família é muito relativo e depende dos hábitos pessoais.
Como um país tão pobre como a Bolívia não tem saúde pública?!?!?!
Olá! Não entendi sua comparação. Nem todos os países do mundo possuem um sistema de saúde pública como o SUS brasileiro, independente do grau de desenvolvimento econômico.