Como cuidar de nós em cenários adversos?
Em novembro, completei vinte meses de jornada pelo mundo. A cada ciclo de trinta dias, tenho o hábito de refletir sobre meus principais triunfos e desafios.
Normalmente, faço uma breve meditação para conectar-me com o ambiente em que estou, bem como intensificar a conexão comigo mesma e com o propósito da minha viagem. Com essa prática, encontro equilíbrio para responder algumas questões que me guiam:
– Qual é a minha missão e obra?
– Que caminho eu quero percorrer?
– As minhas últimas escolhas estão alinhadas ao que quero inspirar e agradecer?
– O que aprendi no último mês?
– O que está vivo em mim agora?
Na minha visão, o primeiro grande passo é tomar consciência do que a Alexandra Solnado compartilha em seu Livro de Luz:
“A missão é todos os dias.
O que é que isso quer dizer?
A busca começa dentro de ti.
A tentares conhecer-te.
Começarás devagar, olhando cada pessoa nos olhos, olhando-te a ti próprio nos olhos, a dar carinho e afeto a cada pessoa que se cruzar no teu caminho.
E nesse processo de se encontrar e de dar amor – a si e aos outros –, um dia, sem que possas prever, estarás no centro da tua missão.”
Dar amor a si e aos outros. Parece simples, né? No entanto, percebo que é um dos principais desafios da humanidade. Especialmente diante de um período tão conturbado como o mês de outubro devido ao processo eleitoral no Brasil. Como amar as diferenças?
Percebi que a minha missão e obra nesse período foi provocar, mesmo à distância, um pensamento crítico em benefício do coletivo e não da individualidade. Que apesar de estar percorrendo um caminho na Austrália, o que eu queria mesmo era estar no Rio de Janeiro olhando nos olhos das pessoas que pensam diferente de mim e compartilhar nossas principais angústias diante de tantas incertezas para o nosso país.
Escolhi, portanto, focar no mundo virtual e tentar cumprir a minha missão temporária à distância. Com isso, renunciei a conexão integral com o ambiente em que eu estava e com as pessoas que cruzavam o meu caminho na Tasmânia.
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Para a minha decepção, o resultado não foi o esperado. Acabei inspirando as mesmas pessoas que já faziam parte da seleta bolha do pensamento crítico. As que eu gostaria mesmo de inspirar, muito provavelmente, não devem nem ter lido os meus textos.
Listo dois deles abaixo:
O que os dois candidatos à Presidência do Brasil propõem para a Educação?
Educação para a Sustentabilidade nas propostas dos dois candidatos a Presidente
Ou seja, falhei duas vezes.
1) Não cumpri a minha missão virtual;
2) Nem vivi o meu mundo real.
Fracassei comigo mesma baixando a minha energia e meu amor próprio.
Fracassei abrindo mão da minha realidade para viver um cenário ao qual eu não fazia parte naquele momento, pois nem votar eu pude.
Inicialmente, julguei minha conclusão um pouco egoísta. Tenho muitas dificuldades de pensar somente em mim. No entanto, após refletir sobre os dois fracassos, lembrei da questão que sempre me traz para o momento presente: “O que posso aprender com tudo isso?”.
Com muito esforço, aprendi:
– Que cada indivíduo tem a sua própria missão e jornada.
– Que algumas pessoas que eu amo vão continuar tendo opiniões diferentes.
– Que eu não posso permitir que a atitude do outro tire a minha paz.
– Que preciso aceitar que existem pessoas que não estão abertas para um diálogo empático e harmônico.
– Que enquanto eu estiver nesta caminhada pelo mundo, as minhas escolhas precisam estar alinhadas ao propósito da viagem, que é aprender na prática sobre Educação e Sustentabilidade com base na cooperação e, principalmente, aprender sobre mim mesma.
– Que eu não devo priorizar o mundo virtual.
– Que fracassar faz parte do processo de evolução.
Diante desses aprendizados, percebi que a minha conclusão não foi tão egoísta assim porque eu somente vou conseguir cumprir a minha missão todos os dias quando eu tiver consciência de quem eu sou, que apenas serei capaz de amar genuinamente todas as diferenças quando a minha energia estiver vibrando alto. Portanto, preciso sim cuidar de mim primeiro. Até porque tenho caminhado “sozinha”.
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Mas, afinal, quais foram os meus principais triunfos e desafios nesse período crítico?
Triunfos:
– Apliquei a Comunicação Não Violenta (CNV) em algumas discussões e tive resultados muito positivos.
– Respeitei, mesmo sem concordar, opiniões contrárias às minhas.
– Preservei valores essenciais para o meu bem-estar.
– Fortaleci-me enquanto ativista.
Desafios:
– Lidar com pessoas que não vibram na mesma energia.
– Desenvolver a paciência e o equilíbrio.
– Não julgar.
– Cuidar de mim e encontrar paz interior diante de um cenário adverso.
E o que está vivo em mim enquanto escrevo este texto?
Difícil descrever. É uma mistura de decepção e esperança. De impotência e confiança. De incerteza e fé. De vergonha e orgulho. Mas continuo meditando e orando para que a minha vibração aumente e apenas os sentimentos bons permaneçam. Seguimos em paz!
2 Comments
Adorei o texto, Vanessa! Vou colocar como dica de Leia também no meu texto de Janeiro2019. Beijos!
Gratidão, amada! Super feliz com a sua aprovação e parceria. Seguimos juntas! Beijos enormes