Como encontrar emprego na Itália.
Quando mudamos de país, uma das principais preocupações é sobre como se manter financeiramente nesta nova fase. Hoje vou contar a vocês minhas experiências em Roma, e dividir alguns relatos de amigos brasileiros.
Já começo dizendo que não é difícil. Mas, assim como em qualquer grande metrópole, novas necessidades surgem todos os dias, e com elas novas oportunidades de trabalho. A cidade de Roma é turística o ano todo, sempre é necessário mão de obra para serviços como: bares, restaurantes, hotéis, atendimento ao cliente, tradutores e tudo que envolve o ramo de turismo.
Ao chegar em outro país é necessário tempo para as coisas começarem a entrar no ritmo, mas com um pouco de paciência e persistência, logo você estará adaptado e empregado.
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Antes de começarmos, devemos falar sobre um ponto importantíssimo: os documentos. Para ter um trabalho registrado, você precisa estar em dia com permesso di soggiorno, tessera sanitaria, e ter uma conta em banco. Sem essa documentação básica, você não será aceito em nenhuma empresa ou trabalho legal, e é isso que queremos, não é mesmo?!
Trabalhos ilegais podem trazer alguns problemas e não te darão segurança, nem suporte em caso de doença, gravidez, desemprego, entre outros. Geralmente os trabalhos não registrados são de faxina, ou cuidadora de idosos e crianças, mão de obra braçal, ou serviços de entrega de panfletos e jornais. Nunca trabalhei ilegalmente, mas já ouvi relatos de conhecidos (de diversas nacionalidades) sobre condições de trabalho não tão boas, como por exemplo: exploração, falta de respeito, preconceito, instabilidade de horários, problemas com pagamento, entre outros. Vale lembrar que nem todos os trabalhos são assim, mas essa questão é real, e nós migrantes estamos sujeitos a passar por isso.
Normalmente o valor pago por esses serviços são, em média, de 7 a 8 euros por hora, e são pagos ou no final do dia, ou a cada semana trabalhada, lembrando que nesse tipo de emprego você também tem que pagar seu transporte e raramente incluem hora de pausa para o almoço. Eu não aconselho chegar em outro país e buscar essa fonte de renda, o ideal é que você venha preparado financeiramente para passar os primeiros meses, acertar seus documentos, adaptar-se, e depois entrar no mercado de trabalho.
Outro fator essencial para encontrar emprego na Itália é: falar italiano! Se você fala inglês, francês, ou qualquer outra língua, ótimo, isso te ajudará a ter uma melhor colocação no mercado, porém, o italiano é fundamental para o dia a dia. Se puder, estude antes de vir, ou procure escolas de italiano gratuitas para migrantes. Sim, elas existem!
Então, prepare-se e esteja seguro para o momento em que a oportunidade vier. Sem falar a língua, fica quase impossível fazer contatos, telefonemas ou agendar entrevistas. Algumas empresas podem pedir o certificado da língua B1 ou B2 (níveis avançados), mas, no geral, com o italiano intermediário você conseguirá trabalhar. Esse certificado é emitido pelo governo, mediante ao pagamento de uma taxa de aproximadamente 50 euros, ou pelas escolas caso você seja um aluno matriculado e frequente.
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Outro ponto importante é: se você tem faculdade no Brasil, cursos técnicos, diplomas ou outros comprovantes de estudo, traduza, juramente e apostile todos eles (nem sempre é exigido, mas é possível). Documentos em português não têm a mesma validade que os traduzidos, e se seu curso não for reconhecido na Itália, verifique as possibilidades perante à lei de torná-lo válido.
Dito isso, vamos então imaginar que você chegou ao país, já fala italiano e tem toda a documentação feita. Os meios mais comuns de encontrar emprego na Itália são:
- Indicação: Quando você chegar, não terá uma rede de amigos como tinha no Brasil, mas procure ”enturmar-se”. Faça cursos, vá à escola, passeie em um parque, cafés, shoppings e faça amizades. Com o tempo eles podem te ajudar a conseguir emprego, e com a indicação de alguém poderá facilitar a sua contratação. Busque grupos no WhatsApp, Facebook e outros. Eu tenho certeza que, assim como me ajudaram, e muito, podem ajudar você também.
- Entregar currículo nas empresas e estabelecimentos: Essa é a forma clássica e quase infalível de se arrumar emprego em outro país. Imprima vários currículos, tenha segurança no idioma e vá aos lugares que você tem interesse e converse com o responsável local. Mesmo que não haja placas dizendo que há vagas, vá. Mostre que tem interesse no emprego e já é qualificado para tal. Por mais que não tenha resultado imediato, em breve alguém pode te ligar e te convidar para um teste.
- Jornais de emprego: Esse meio eu não usei, mas tive vários conhecidos que se deram bem com as vagas dos ”classificados”. Os jornais são vendidos nas bancas por aproximadamente 2 euros, e são repletos de anúncios de todos os tipos, até mesmo para as faxinas não registradas, mas é uma ótima opção para quem já chega falando o idioma e ainda não tem muitos contatos pessoais.
Minha experiência com a procura não foi ruim, eu optei por deixar meu currículo (traduzido) nos locais que eu tinha interesse, e em menos de um mês entraram em contato comigo para uma entrevista e um dia de experiência – no final do dia já estava contratada. Mas confesso que antes disso, fiquei 10 meses em casa até acertar todo o meu processo de documentos. Quando eu digo que é fácil, é para não te desanimar, porque não é impossível . Às vezes, imaginamos somente as piores situações, e criamos monstros e barreiras na nossa mente que só dificultam o nosso processo. Ao mudar de país, você deve sempre estar ciente sobre os novos desafios, mas, ainda assim, com todas as mudanças valerá a pena.
Boa sorte !