Quando decidimos nos jogar nesse mundão, ou melhor em Vancouver, foram muitos os questionamentos, listas de prós e contras, planilhas financeiras e contas a fazer. Se jogar no mundo não é uma decisão fácil, quando envolve uma família com crianças, o buraco é bem mais embaixo e inclui creche.
Muitas eram as minhas preocupações em relação a minha filha (uma linda menininha de 03 anos): como ia ser a sua adaptação a um novo país, a despedida de tudo que lhe era familiar e conhecido, a chegada em novas terras, a saudade da família e amiguinhos. Enfim, um mar de preocupações. No fundo, eu sabia que íriamos tirar de letra todos os quesitos citados acima, mas o que me preocupava de verdade era o assunto creche. Aqui em Vancouver, as crianças tem direito a frequentar a escola pública a partir dos 5 anos. Catarina tinha 3 e alguns meses, portanto, a nossa realidade era encontrar uma creche que gostássemos e nos sentíssemos seguros e acolhidos.
Em Vancouver, escolher (e ser escolhido por) uma creche pode ser bem perturbador. As opções são poucas e filas de espera, enormes. Quanto menor a criança, mais difícil achar vaga. Sem dizer que o preço da mensalidade não é nem um pouco animador, é bem caro, variando de $1.000 à $1.600 (para 5 dias na semana). Mas fazer o que?! Temos que dançar conforme a música.
Quando ainda estava no Brasil, comecei a minha incessante busca pelas possíveis creches. Passava dias pesquisando na internet, pedindo dicas em grupos de mães, vendo avaliações. Um site excelente que me guiou durante a minha busca foi este do governo de British Columbia.
Ainda do Brasil, entrei em contato com várias escolas, e coloquei o nome dela em listas de espera. Super recomendo fazer isso, para quando chegar aqui, não começar a busca do zero, mas pelo menos já ter algumas referências. No geral, as diretoras foram bem receptivas e simpáticas, dispostas a tirar minhas dúvidas e ajudar.
Ao chegarmos, visitamos várias creches e a grande maioria ainda não tinha vaga. Por sorte (e muita busca), encontramos uma ao lado de onde escolhemos morar e que tinha vaga para julho (chegamos em maio). Consideravelmente rápido.
Algumas das minhas percepções durante a minha busca e visitas:
- Uma coisa que não conhecia, mas é bem normal por aqui são as Family Daycare, que é um estilo de creche quando um educador tem uma licença para ter a escola dentro da sua casa, mas apenas poucas crianças podem frequentar (não sei exatamente quantas).
- Existem algumas franquias, ou seja, escolas que tem sede em vários lugares do Canadá. São poucas, mas existem. Essas geralmente tem a mensalidade um pouco mais cara, sedes mais bonitas e várias turmas de várias idades.
- É importante mudar o modelo mental ao procurar um local para seus filho frequentar. Eu comparava muito as creches que minha filha frequentava no Brasil e isso pode causar uma frustração enorme. São estilos de ensino e modelos diferentes. A cultura é extremamente diferente, então qualquer comparação é leviana. Na minha opinião, alguns quesitos são melhores aqui, outros lá, mas é fato que é diferente e que aqui não vou encontrar o que tinha lá. Mude o modelo mental e se permita aprender sobre o que o novo país tem a oferecer, que não tem erro.
- Você pode escolher quanto tempo e quantos dias seu filho vai frequentar a escola. Pode escolher entre part time (apenas algumas horas) ou full time (dia todo), e quantos dias na semana quer que ele frequente. E assim, pagar uma mensalidade de acordo com a sua escolha.
- A grande maioria das creches seguem o modelo Montessoriano, em que as crianças são mais livres para aprender em seu próprio ritmo. “Learn through play”é a filosofia seguida por aqui. Eles acreditam que a criança aprende e absorve muito mais através da brincadeira, por isso eles incentivam muito o free play, quiet time, momento de leitura e contação de histórias e por aí vai…
- Algumas escolas misturam as crianças de idades diferentes. Por exemplo, na turminha da Catarina, são crianças entre 3 e 5 anos. A ideia é criar um ambiente colaborativo em que todas se ajudam e aprendem uns com os outros, independente da idade.
Passado a fase inicial de achar e escolher uma creche bacana, agora o segundo passo era a adaptação. Isso sim tirava meu sono, literalmente. Passei algumas noites acordada imaginando como seria e sofrendo. O ambiente escolar pode ser desafiador por si só, agora imagina uma criança de 3 anos que não consegue se comunicar em um ambiente com outras 20 crianças e todos ali falando um idioma diferente do dela.
A escola foi bem bacana e pudemos fazer uma adaptação suave, o que fez toda a diferença. Faz 1 mês que Catarina está na escola, surpreendendo a todos com sua coragem e facilidade de adaptação. Ela já fala algumas palavras em inglês, forma algumas frases pequenas e já entende muita coisa que as professoras e os amiguinhos falam. E o que ainda não sabe, elas vão se entendendo a base de mímica e linguagem corporal. No início ela ficava muito sozinha, agora já está fazendo amizades e interagindo mais com os amiguinhos.
Se eu puder dar algum conselho à mamães que estão se jogando no mundo com seus pequenos é: Não se preocupe, as crianças nos surpreendem a cada dia. Elas realmente são esponjas que absorvem tudo, muito melhor que nós. É só dar carinho, atenção e muito suporte, que o resto elas vão fazer e nos enche o peito e o coração de orgulho.
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Isabel, estou passando pela mesma situação que você passou, decidida a morar fora, mas preocupada com o meu pequeno. Por favor, poderia indicar a creche da sua filha? E valor para colocar no nosso planejamento. Meu filho terá 4 anos. Muito obrigada!