Como fazer amigos numa cidade nova?
Uma das melhores coisas da juventude (ah, a juventude!) é fazer amigos com a naturalidade de quem bebe um copo de água. Os lugares para fomentos de novas amizades são infinitos: colégio, faculdade, cursinho de inglês, barzinho depois da aula, hostel do mochilão e até balada!
Opções não faltam para os jovens interagirem com novas pessoas, se abrirem para o mundo, colecionarem melhores amigos por 5 minutos ou cinco anos! E é natural porque você está compartilhando as mesmas experiências que aquelas pessoas, está se descobrindo e tem uma abertura (e paciência!) maior para ouvir — e falar toda sorte de bobagem.
Fato é que depois de todas essas fases, e com um pouco de bagagem nas costas, fazer amigos não é tão natural.
Quando me mudei para Nova Iorque, estava prestes a fazer 30 anos, não conhecia ninguém na cidade, não podia trabalhar e fazer um curso não estava nos meus planos.
Eu sempre fui muito social, mas também sou uma pessoa muito fechada, por isso o barzinho é parte essencial da minha rotina. É onde eu me acabo em revoltas com amigos de longas datas e me renovo com as últimas fofocas do mundo das celebridades; é onde eu posso ser profunda (ou pelo menos eu acho que sou depois de muitas doses) e fútil ao mesmo tempo. É onde eu me expresso de verdade.
Posto tudo isso, eu vos digo: se mudar depois dos 25 é muito difícil! Quando eu cheguei aqui, eu não só não tinha amigos, como não tinha bares! O outono estava chegando e, com ele, os restaurantes estavam recolhendo suas mesas da calçada. Os lugares e as pessoas estavam ficando mais fechados. Esse foi o meu primeiro baque: precisei me adaptar a ficar muito mais do lado de dentro do que eu estava acostumada.
Voltando só um pouquinho, tem uma coisa que eu não deixei claro: a graça do barzinho são as cadeiras de plástico na calçada, que é muito diferente de sentar numa mesa dentro de um bar/restaurante.
A mesa da calçada normalmente tem uma acústica especial que permite com que você escute seus amigos e não o papo de todas as outras mesas, como geralmente acontece em lugares fechados.
Aproveito esse espaço pra deixar um beijo para o meu Rio de Janeiro, onde é verão o ano todo!
Voltando à nossa pauta: tenho várias amigas que mudaram para países mais frios (tanto no termômetro, quanto no trato das pessoas) e tiveram as mesmas dificuldades que eu.
Cada uma lidou conforme sua personalidade, claro, mas algumas dicas são quase universais nesse assunto.
Então, vem comigo que eu vou listar alguns conselhos para você não se sentir tão sozinha depois de se mudar para um novo país ou até uma nova cidade.
Uma das primeiras coisas que eu fiz foi procurar o Meet Up, um site que reúne “galeras” que se encontram para falar sobre um gosto em particular. Tem categoria de livro, de comédia, de filme, de comunidade LGBTQ+, de escritores, de apoio psicológico, enfim, tem de tudo. É legal conhecer alguns e ir buscando sua turma depois de se mudar. Nos EUA e na Europa o site super funciona.
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Uma coisa que também funciona bastante para solteiros são os aplicativos de pegação tipo Tinder e Happn. Eu não uso, mas tenho vários amigos que fizeram amizades depois de encontros sem muita química. É legal também para sair e conhecer a cidade com alguém, não precisa envolver namoro, mas à princípio, as pessoas estão ali para isso, então eu não recomendo muito para os casados.
Além do Meet Up, e na mesma pegada do Tinder, existem apps só para fazer amigos. Fico meio constrangida e prefiro uma situação mais natural, por isso comecei a pesquisar eventos com algum tipo de palestra. O Eventbrite é ótimo para isso.
No fim das palestras abrem o microfone para perguntas e é a sua chance de falar um pouco de você e fazer uma pergunta interessante. Na hora da confraternização, você já sabe um pouco sobre as outras pessoas e é um ótimo jeito de iniciar uma conversa. Faço bastante isso nos eventos do Empowher NY.
Outra maneira de fazer novos amigos é se filiando a uma causa que você acredita. Foi pesquisando um pouco que eu conheci as “Mulheres da Resistência no Exterior” que faz eventos mensais. O de junho foi o “Mulheres na Escrita”, uma feira do livro de língua portuguesa em Nova Iorque. Foi incrível. Vou deixar o Instagram aqui para vocês conferirem.
Também já conheci várias pessoas indo para pequenas apresentações de comédia em bares e cafés. No fim do show você sempre pode ir falar com quem estava se apresentando e essa é uma ótima forma de conhecer pessoas do local.
O próprio Brasileiras Pelo Mundo é uma ótima comunidade onde já tive oportunidade de conhecer mulheres incríveis.
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Eu sou budista e logo que cheguei fui procurar a SGI de Nova Iorque para encontrar uma localidade de reunião perto da minha casa. Quem é religioso sabe que nas igrejas e templos você encontra pessoas que normalmente estão na mesma busca espiritual que você, e isso é ótimo!
A conclusão é que não tem jeito! Tem que se abrir mesmo, algumas situações vão ser bem desagradáveis, em algumas você vai ter que reservar suas opiniões porque a pessoa do outro lado não está muito disposta a te ouvir e tem gente que vai ser inconveniente mesmo!
Pessoas podem ter dias ruins e descontar em quem não tem nada com isso. Deixo aqui um texto que escrevi de uma situação bem desagradável que aconteceu comigo.
Espero ter ajudado com as minhas dicas. Se você está em Nova Iorque e quer uma nova amiga, me manda uma DM no Instagram. Se organizar direitinho, ninguém fica sábado à noite em casa. União é a palavra de 2019.
Beijos e até mês que vem!