Nova Iorque: a cidade das mulheres
O ano é 2019 e vejo muitas pessoas – mas vou focar nas mulheres nesse texto – com ojeriza à palavra “feminismo”. O movimento, muitas vezes, é subjugado, mal interpretado e comumente repelido por mulheres que, ao meu ver, são feministas – calma! Me dá dois minutos para provar que esse não é um texto ativista radical, muito pelo contrário: é um guia para mulheres se acharem em NY.
Muito além da “Queima de sutiãs”, em 1968, o movimento evoluiu com a sociedade e se adaptou às necessidades de cada grupo. A equidade (que é não apenas a principal bandeira feminista, mas também de outros grupos considerados minorias) nada mais é do que entender diferentes pontos de partida e adaptar as regras para cada grupo.
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Há décadas as revoluções sociais começam, ganham força, ou são celebradas em NY, e com as mulheres não é diferente. Cheguei aqui há um ano e nunca tive tanto contato com mulheres assumidamente feministas. E o que eu descobri nesse tempo? Essas mulheres querem se unir, tomar uns vinhos, se divertir e discutir questões sociais.
A cidade é palco para vários grupos que trazem a mulher para o centro da conversa. Compartilhar experiências ajuda outras mulheres a descobrirem sua força interior e cria uma rede de apoio para propagar projetos em andamento. Vou listar aqui alguns dos grupos que já participei e alguns que estão na minha lista.
- O Empowher_NY foi fundado por uma brasileira e faz encontros semestrais com o objetivo de aumentar a rede de contato de trabalho das mulheres.
- O Mulheres da Resistência no Exterior faz reuniões mensais. Em junho elas realizaram a feira literária “Mulheres na Escrita” que foi bem poderosa. Elas também se reúnem para um clube do livro com brunchs de dar água na boca.
Escrevi especificamente sobre os dois grupos acima nesse texto. Além dos grupos brasileiros, existem empresas em NY dedicadas apenas à conexão de mulheres.
- New Women Space é um espaço para eventos conduzidos por mulheres: tem comédia, evento beneficente, palestras e um co-working para membros
- The Camaraderie também promove eventos, workshops, clubes do livro e tem a opção de ser membro
- Women Weekend Film Festival acontece uma vez por ano reunindo mulheres do audiovisual dispostas a fazer um curta-metragem em dois fins de semana. No resto do ano elas promovem exibições dos filmes, rodas de conversa e inscrevem as produções em festivais do mundo todo
- Soho Sanctuary é um salão chique onde só mulheres são bem-vindas
- La Femme Collective é um site colaborativo que publica histórias de mulheres, focado nas carreiras delas. Em março de 2019 elas promoveram um happy hour para discutir carreira; algumas voluntárias revisaram résumés (o CV daqui) e uma fotógrafa profissional tirou fotos de rosto de quem precisava renovar o perfil do LinkedIn
- The Wing é um co-working (só para membros) onde homem não tem vez
- Air Gallery é uma galeria de artes no Brooklyn totalmente focada em artistas mulheres. Você pode submeter seu trabalho no site delas ou se inscrever para um programa de mentoria que acontece uma vez por ano
- Women Who Code é uma plataforma focada em mulheres desenvolvedoras de sistemas. Elas fazem eventos online e presenciais em várias cidades
- Chief, o último dessa lista (não menos importante), é um clube fechado e exclusivo, cujas participantes são mulheres que atuam em altos cargos corporativos
Existem inúmeros outros grupos, empresas e experiências focados na relação da mulher com a sociedade. Esse texto em inglês inspirou o post e fala sobre uma caminhada feminista aos arredores do Soho, um bairro que eu gosto bastante.
A primeira parada da caminhada é na frente do Planned Parenthood, uma empresa que nasceu da necessidade de levar a educação sexual para jovens, responsáveis e professores sobre questões de reprodução. A Planet Parenthood disponibiliza em seu site, o Roo, um robozinho simpático (feito pela Work & Co) que tira dúvidas sobre saúde sexual, relacionamentos e vários outros tópicos de graça e sem que a pessoa precise se identificar.
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Ainda tem um longo caminho (muito maior do que a caminhada do texto em inglês) para as mulheres conquistarem seus espaços. Caetano Veloso não me deixa mentir quando canta que, na perspectiva de ser mulher, ele só tem “inveja da longevidade e dos orgasmos múltiplos”.
Vou deixar algumas dicas para você se aprofundar mais nos assuntos femininos (e feministas):
- Meu podcast “Tudo Sobre Coisa Nenhuma” que aborda assuntos como amor próprio, personalidade e rotina na perspectiva de duas mulheres e convidadas especialistas
- A série do podcast “Mamilos” sobre Mulheres na Tecnologia
- O documentário “Feminists: What Were They Thinking?” – Disponível na Netflix
- O podcast “Maria Vai Com as Outras”, da revista Piauí sobre mulher e mercado de trabalho
E aproveitar para anunciar (em primeira mão) que eu vou fazer um curso (apenas em NY) de baixo custo para mulheres imigrantes que estão buscando emprego nas carreiras que já tinham no Brasil ou que querem mudar de carreira. Para saber mais detalhes deixe seu e-mail nesse link para ser avisada das próximas turmas.