Diferenças entre exposições nos EUA e no Brasil
Vocês podem me acusar de ser monotemática, mas antes que você desista de ler o texto, eu clamo pelo direito de defesa: TV é meu mundo. Eu sou produtora de conteúdo, crítica de séries e tento ser roteirista há muitos anos. Vou falar de TV e vou falar muito, menos hoje que vou falar sobre comportamento social.
O objetivo desse texto não é dizer que um país é melhor do que o outro, mas, sim, apontar diferenças gritantes.
Recentemente fui à exposição temporária que comemorava 25 anos da série Friends, sobre a qual já falei aqui, mas que dispensa apresentações. Eu conheço pessoas que não gostam de Friends, mas nunca ouvi falar de alguém que nunca ouviu falar da série.
Pois bem! Fui à exposição que era decepcionantemente pequena para os US$30 dólares que paguei. Posso afirmar que as fotos ficaram boas, a internet amou, mas a experiência foi bem meia boca.
Recebi a foto de uma amiga na frente da exposição em Chicago e, quando digo na frente, quero dizer que o evento estava fechado, mas ela podia ver o cenário pela vitrine. Imagina que luxo! Um espaço grande o suficiente para ter uma vitrine!
Uma outra amiga que foi à exposição de São Paulo (que tinha mais atrações do que a exposição de NY) comentou comigo que também achou a exposição pequena, “praticamente tudo em um andar só.” Calma lá! Em São Paulo a exposição tinha mais de um andar?!
Vou contar pra vocês como foi a exposição de NY e depois comparo com a exposição do Castelo-Rá-Tim-Bum que fui em São Paulo, uns anos atrás, porque o objetivo desse texto, como escrevi no primeiro parágrafo, não é falar de televisão, mas, sim, de sociedade e negócios.
A exposição temporária de Friends em NY parecia uma galeria dentro de um museu. Sabe quando você entra de um lado e sai do outro?
E adivinha o que tinha bem na frente da saída da exposição? Uma Bloomingdales, a loja favorita da Rachel. Especialistas dizem que a Rachel era a protagonista da série, mas eu não vim aqui arrumar confusão e me isento de opiniões acaloradas sobre o assunto, mesmo concordando com os especialistas.
Voltando à exposição de NY: montaram 5 ambientes. O do Ross, Rachel, Phoebe, Joey e da Mônica e do Chandler. Já fiquei irritada daí. O espaço da Mônica era um monte de produto de limpeza e a única coisa realmente legal eram as cabeças de peru (o bicho) que a gente podia usar e tirar foto. O evento todo foi mais feito para fotos do que para a interação em si.
Amigos postaram a exposição de São Paulo e tinha até uma parte com a dança que a Mônica e o Ross fazem num especial de Réveillon. Com os passinhos marcados no chão e tudo! Fiquei com inveja.
Aqui tinha o cenário do sofá do Ross entalado na escada, as cabeças de peru, o sofá do Central Perk, a sala do Joey e do Chandler e acabou. Depois da exposição, uma lojinha com vários objetos inúteis que custavam US$15 dólares ou mais. Eu me rendi ao chaveiro com a moldura amarela, um ímã de geladeira e uma caneca comemorativa.
Saí da exposição com gostinho de quero mais e eu queria muito mais! Lembrei imediatamente de uma exposição que tinha ido do Castelo Rá-Tim-Bum, uns 3 anos atrás em São Paulo. A exposição do Castelo aconteceu pela primeira vez em 2015 e ainda está ativa (veja aqui).
Fui visitar o Castelo por volta de junho, o evento aconteceu no memorial da América Latina. A fachada do espaço reconstruiu a do Castelo e a cada 30 minutos acontecia uma projeção com imagens e áudios do show original. Era tudo enorme e encantador. E me lembro de querer voltar só pra ver a projeção do lado de fora da exposição.
Leia também: Tudo o que você precisa saber para morar nos EUA
Na época que eu fui, tinha uma festa junina rolando nos arredores e o programa acabava se estendendo pra depois da exposição.
Então, vamos para lista de diferenças, que era o objetivo inicial deste texto.
1 – Brasileiros gostam de estender seus momentos de prazer
Vide a exposição do Castelo que ainda está rolando e a festa que acontece nos arredores com ambulantes vendendo brinquedos inspirados nos personagens do programa e tudo.
O legal dessa abordagem é que você pode compartilhar esse momento de nostalgia até com os netos porque a exposição parece que não vai sair de cartaz tão cedo.
Já os americanos são bem mais práticos. Eles não ficam remoendo as coisas, valorizam a nostalgia e a possibilidade de ganhar dinheiro, mas aproveitam aqueles 15 minutos e seguem a vida sem olhar pra trás.
Acho a gente bem menos prático nesse quesito. Olha eu aqui com saudades de uma exposição que fui anos atrás.
2 – Americanos e brasileiros querem lucrar o máximo possível, mas cada um do seu jeito
As duas exposições têm lojinhas com souvenirs no final e acaba aí a semelhança.
A exposição do Friends foi um evento em série que aconteceu simultaneamente em várias cidades, enquanto a exposição brasileira está viajando há anos com os mesmos objetos. Tem muitos sofás iguais ao do Central Perk espalhados pelo mundo agora e só uma Adelaide rodando o Brasil.
3 – A diferença de tamanho entre as exposições
A exposição do Brasil tinha cerca de 600 m² e a daqui não passava de 100 m² e até por isso a coisa aqui foi muito mais organizada.
Assim como no Brasil, você compra um horário específico, mas aqui você não fica amontoado pra tirar foto (alguns registros da exposição).
Na exposição do Friends tinha um membro da equipe por ambiente pronto para tirar uma foto (mais fotos aqui) sua e educadamente te tirar dali. Filas organizadas se montavam na frente dos ambientes mais populares como a porta roxa e o sofá preso na escada.
Leia também: O que a TV não conta sobre Nova Iorque
4 – O tempo dentro da exposição
No Brasil a exposição é maior e por isso dura muito mais. Se eu fiquei 30 minutos na exposição da série americana foi muito. No Brasil fiquei curtindo cada ambiente e fotografando aquele momento de nostalgia no meu coração. Bem melosa, como uma boa brasileira.
Mesmo com todas as diferenças, o que originou ambas as exposições, e todos os shows de bandas que voltaram como Sandy & Jr, Backstreet Boys, Jonas Brothers e muitos outros foi a nostalgia.
Estamos nesse momento que precisamos resolver tudo com pressa, absorver o máximo de informação possível e tomar cuidado para não sermos engolidos pela concorrências, mas a verdade é que buscamos calma e momentos para aquecer nossos corações.