Uma estrangeira acaba de chegar em Cuba e, para se familiarizar com o país e com a cidade, decide aproveitar um dia de compras no mercado. Se você quiser começar uma nova vida, sabendo como é a realidade cotidiana, nada melhor do que fazer as compras da casa e andar pelas ruas.
E é realmente bom caminhar por Havana, nunca me senti tão segura caminhando. Apesar de ter tanto assédio dos homens. Aqui, todos eles se sentem à vontade para assediar as mulheres nas ruas, todos eles e em qualquer lugar. Infelizmente!
Na minha caminhada, já avisto logo uma enorme quantidade de pessoas indo na mesma direção do mercado. Esse momento da compra é a oportunidade de conhecer os produtos disponíveis, a rotina das pessoas do lugar, como a vida acontece no país e também se acostumar com a moeda.
Em Cuba, existem duas moedas atuais: pesos cubanos CUP e os pesos conversíveis ou CUC. Em princípio, tudo parecia muito confuso e tudo muito caro, porque o que os estrangeiros usam mais é o CUC, que é equivalente ao valor em dólares. Quando você começa a fazer a conversão em sua cabeça, fica louco e passa totalmente a vontade de comprar. Pergunto o preço do que quero comprar e sempre me respondem em pesos, mas, no início, nunca sabia se era pesos cubanos ou se era CUC, porque eles chamam de pesos as duas moedas.
Para se ter uma ideia da conversão, 24 pesos cubanos equivalem a 1 peso conversível CUC, que é equivalente a 1 dólar (mas, nas casas de cambio o dólar é penalizado e, usualmente, voce recebe 0,9 CUC por 1 dólar).
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Com o tempo, dependendo do tipo de produto que você compra, dá para imaginar a qual das moedas eles se referem. Por exemplo, um maço de coentro custa 5 pesos, obviamente pesos cubanos (ou 20 centavos de CUC). Já uma garrafa de óleo custa 2,3 pesos, obviamente pesos CUC.
Você, como turista, vai pagar com CUC sempre. Tem um plano do governo para tirar o CUC de circulação e deixar só o peso cubano mesmo. Deve ser ainda esse ano. Mas, por enquanto, como não ficar louco com tantas moedas vigentes? O ser humano se adapta a tudo então isso é só mais uma peculiaridade de se viver aqui. O cubano faz a conversão direitinho, na cabeça, sem problemas.
Neste primeiro dia em Cuba, percorri vários mercados. Sim, conheci vários em um dia, porque aqui não é possível comprar tudo que você precisa em um só lugar. A primeira experiência foi em um mercado tradicional e vi o endereço com as grandes letras, em vez do nome do mercado. Isso é praticamente comum em todos eles. Porque todos têm um único proprietário, não há concorrência, então não há necessidade de nomeá-los para identificação.
Eles têm o endereço como 3 e 70 (rua terceira, esquina com avenida 70) e, portanto, é assim que indentificam cada um dos muitos que estão em Havana. Quando entrei, já comecei a tentar observar tudo o que estava acontecendo. Havia uma fila muito longa de pessoas que procuravam um espaço em um guarda-volumes, porque você não pode entrar no mercado com mochilas ou bolsas grandes.
Fiquei observando onde estavam os carrinhos de compras, não havia muitos deles e todos estavam esperando a oportunidade de pegar o seu, já que tinham muitas pessoas, como em qualquer país, nos dias que antecedem o ano novo.
Para a minha surpresa, encontrei muitos produtos brasileiros, como chocolates, leite, creme, arroz, feijão, carnes, mais do que quando morei em Lima. E havia muitos produtos de países como o Vietnã, a Rússia, a Espanha, Inglaterra, de tudo o que pode ser imaginado e das origens mais diferentes possíveis, mas também tinham muitos produtos de origem cubana.
Mas, se for fazer compras em Havana, tenha em mente que você passará muito tempo procurando as coisas que precisa, em muitos lugares diferentes. Naquele dia, fiz uma maratona em três lugares diferentes para comprar as coisas básicas que eu precisava. Isso faz parte do cotidiano de todos os que vivem aqui. Para reduzir o tempo e saber ao certo onde você encontrará exatamente o que está em sua lista, há grupos de ajuda no WhatsApp para estrangeiros e os cubanos que se ajudam, ligando um para o outro e indicando por telefone. Por exemplo, é muito comum receber uma mensagem dizendo que há manteiga no supermercado que está na rua terceira, esquina com a avenida 70, por exemplo.
As frutas e verduras não as encontrará em mercados, como esse que acabei de mencionar acima e, sim, nos “agros”, feiras de frutas e verduras como se tem no Brasil, mas essas são permanentes. Neste lugar, vai se deparar com frutas orgânicas sem pagar a mais, como em nosso país, porque tudo em sua maioria é orgânico e por temporada, como gostam de dizer. O que significa por temporada? Se está na estação para colher manga, por exemplo, você poderá encontrá-la em todos os “agros”, mas se não é tempo de manga, não vai vê-las. Diferente do que está acostumado, porque pode encontrar todas as frutas e verduras o ano todo.
Há tudo o que você precisa em Cuba! Você só precisa saber como as coisas funcionam. E também um pouco de vietnamita, inglês, alemão para saber do que se trata o produto que está comprando (risos!). Mas, todas as pessoas são muito gentis, alegres e o atendem muito bem, isso é uma motivação para se ter um bom dia. Comecei em Cuba conhecendo como comprar tudo o que eu preciso para sobreviver, porque esse é o nosso primeiro instinto: comer!
3 Comments
oi viviane!!! que demais seu tetxto! obrigada. Estou indo pra Cuba passar uma temporada com minha familia. É facil entrar nesses grupos de whatspp?
Obrigada Vivian
Não é fácil porque existe um número limitado de participantes.
Mas se eu puder ajudar, conte comigo.
Abraços
Oi Viviane, li que os homens assediam as mulheres, mas que mesmo assim vc se sente segura em andar por Havana. Estou indo com uma amiga e passaremos apenas um dia e meio em Cuba. É seguro sairmos à noite para algum bar?