Como foi meu primeiro Natal na Tailândia
Você deve estar pensando: “Texto sobre o Natal depois do Natal?”, pois bem, sendo este o meu primeiro Natal longe da família, de casa e em um país onde, aproximadamente, 94% da população é budista, ou seja, não comemora esta data e, cerca de, 4.3% e 1% é muçulmana e cristã, respectivamente, eu decidi escrever este texto APÓS passar pela experiência natalina aqui na Tailândia.
Você pode verificar estes e outros dados referentes a Tailândia neste link.
Nos últimos anos, eu e meu marido sempre passamos o Natal em família. Nossos Natais sempre foram na casa dos nossos pais ou parentes próximos, a família toda permanecia naquele clima natalino, as crianças estavam ainda mais animadas, afinal, para elas essa data é ainda mais encantadora. Em alguns Natais tínhamos amigo-secreto, em outros não, comida gostosa sempre tinha, desde peru até pudim e docinhos, sempre comíamos muito bem neste dia.
Na Tailândia, o dia 24 e 25 de dezembro são considerados normais, inclusive, grande parte da população trabalha normalmente nestes dias. De acordo com o meu professor de tailandês, a maioria dos tailandeses não sabem exatamente o que é o Natal e o que ele representa.
Aqui em Pattaya, na Tailândia, uma cidade bem turística, sendo um dos 10 principais destinos no país, de acordo com o Travelers’ Choice – Trip Advisor de 2018, é possível verificar a decoração natalina em diversos pontos, na maioria, uma decoração mais singela quando comparo com o Brasil, mas ainda sim, me sinto levemente no clima Natalino.
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É possível ver algumas árvores de Natal, é possível ver também Papai-Noel em shopping e vendedores com gorro do Papai-Noel, é possível ver propaganda e anúncios de hotéis e restaurantes em relação à ceia de Natal, ou seja, ao meu ver, parece ser algo muito mais comercial. Aqui não tem aquelas músicas natalinas que tocam em todos os lugares, até mesmo na rua, durante o mês de dezembro, aquela decoração natalina nas ruas que mesmo bem tímida, faz diferença (como é o caso da cidade onde nasci e vivi por muitos anos, Palmeira), nem enfeites de Natal nas casas e Papai-Noel distribuindo balas para as crianças nas ruas, nem panetones e chocotones em todo lugar.
Obviamente, além destas questões, toda a essência religiosa desta data é muito sutil aqui, pois apesar de morar em uma cidade com diversos cristãos residindo aqui, inclusive com Igrejas Cristãs, a religião budista é bem mais evidente.
Escrevendo este texto, passam inúmeros Natais na minha cabeça, apesar de gostar bastante de tudo o que eu tinha, ao mesmo tempo, eu não valorizava e, muitas vezes, pensava que meu Natal poderia ter sido diferente (minha mãe vai ler este parágrafo balançando a cabeça como se estivesse concordando), o que me faz refletir sobre o verdadeiro significado do Natal e sua celebração. Convido todos à esta reflexão.
Neste Natal eu não tive a família por perto, inclusive, devido à diferença de 9 horas, enquanto nossos familiares estavam comemorando o Natal, para nós, já havia passado, como também, não tivemos amigo-secreto em família, as crianças alvoroçadas pelos presentes, todas aquelas comidas deliciosas e típicas, aquela conversação entre todos ao mesmo tempo, minha Mabel bem agitada querendo brincar, nem aquele sentimento de conforto e felicidade de ter a família unida e feliz (nem que seja por um dia ou por algumas horas).
Mas, neste Natal, eu e meu marido pudemos experimentar uma nova perspectiva desta celebração. No dia 24 fomos jantar em um restaurante indiano, comemos comida típica indiana com muita masala e pimenta; no dia 25 fomos jantar na casa de amigos canadenses que fizemos aqui, comemos comidas típicas de outros lugares que não o Brasil (ok, teve docinho de churros pois o pessoal aqui gosta bastante), conversamos muito sobre nossos países de origem e nossos objetivos para 2019.
Refletindo sobre o nosso Natal, percebemos como o Espírito Natalino transcende barreiras de tempo, distância e cultura, e como foi interessante vivenciar isso pela primeira vez. Minha família se manteve bastante presente nestes dois dias, fizemos mais de cinco ligações por áudio/vídeo e, apesar de não estar perto de todos que amo, a experiência que tive foi muito positiva.
Ser brasileira pelo mundo é isso, é viver prós e contras sempre, é pensar em como seria no nosso país de origem o tempo inteiro, é comparar sempre que possível, é caminhar com a saudade daqueles e daquilo que se tinha de maneira leve e saudável.
Hoje, com 28 anos, e vivendo pela primeira vez em outro país, acredito que aprendi a lição do que realmente importa no Natal. Evidentemente, um pedaço do meu coração estava no Brasil durante o Natal, mas em contrapartida, outro pedaço dele está aqui na Tailândia.