Uma nutricionista brasileira na Tailândia.
Se existe um lugar onde eu posso ficar horas e mais horas, esse local é o mercado! Sempre prestei muita atenção nos detalhes, e isso sempre se aplicou aos alimentos. Acho fascinante estudar e entender os alimentos, suas composições e modos de apresentação.
Na Tailândia, um dos meus programas favoritos de final de semana é ir com o meu marido aos diferentes tipos de mercados, feiras, mercados flutuantes, enfim, onde tem comida, eu gosto de ir (haja paciência do marido).
Aqui podemos comprar alimentos em qualquer um dos lugares acima citados mas, por enquanto, não consigo comprar tudo em um único mercado ou local. Existem algumas redes de supermercados, como Big C e Tesco Lotus, ou ainda lojas de conveniência como FamilyMart e 7-Eleven. Existem também mercados voltados aos compradores ocidentais, com diversos produtos que não são encontrados facilmente por aqui, como variedades de queijos e embutidos.
Com certeza, ainda tenho muito a explorar em relação aos mercados, porém posso relatar algumas coisas.
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De modo geral, percebo que os produtos industrializados realmente saudáveis ainda são escassos, principalmente biscoitos, torradas, bolachas e barrinhas de cereais. E os locais que possuem esse tipo de produto normalmente os vendem por um valor exorbitante pois são produtos importados em sua grande maioria. Em contrapartida, é possível encontrar mais de uma variedade de um mesmo vegetal folhoso, como por exemplo, espinafre, escarola, couve, repolho, ou ainda, encontra-se facilmente aspargo, aipo, cebola, cebolinha, pimenta, manjericão, gengibre, etc. com preços inferiores ao que eu costumava pagar em Curitiba. Além disso, existe uma infinidade de tipos de cogumelos e, ao contrário do Brasil, aqui é super acessível (uma unidade de 100 g pode partir de R$ 1,50 a R$ 5,50 em média).
É notável que ao adotar o padrão alimentar dos tailandeses, ou seja, à base de vegetais típicos daqui, carne de frango ou de porco ou determinados frutos do mar, arroz branco, noodles e frutas, é possível gastar bem menos quando comparado ao padrão alimentar brasileiro sendo realizado aqui (sim, na Tailândia é possível comer arroz, feijão, bife e vegetais que estão dentro do padrão alimentar brasileiro).
Por exemplo (em média):
– 1 kg de carne vermelha (contra-filé) custa R$ 60,00;
– 1 kg de carne moída custa R$ 32,00;
– 1 kg de peito de frango custa R$ 15,00;
– 1 pacote (150 g) de aspargos custa R$ 3,00;
– 1 pacote (400 g) de tomate-cereja custa R$ 6,00.
Os produtos alimentares que não encontrei por aqui até o momento são:
– leite condensado igual ao brasileiro, pois aqui eles adicionam óleo de palma no produto, dessa forma, o sabor não é igual e o ponto do brigadeiro não é o mesmo;
– erva-mate para fazer chimarrão;
– mandioca (os tailandeses plantam mandioca, porém, ela é destinada à ração animal);
– goma de tapioca (eles possuem a tapioca em flocos);
– doce de leite;
– palmito.
Alguns dos produtos alimentares característicos desta região facilmente encontrados por aqui e que são deliciosos/interessantes:
– algas marinhas (diversas formas e em diversos produtos);
– frutas secas (banana, coco, ameixa, uva, maçã, durian, manga);
– molhos, dos mais diferentes sabores (molho de peixe, ostra, soja, tamarindo);
– frutas (rambutan, longan, mangostão, durian, jaca, banana, manga, abacaxi, etc.);
Uma questão bem peculiar na Tailândia é que não é permitido comprar bebidas alcoólicas das 14:00 às 17:00 e das 00:00 às 11:00 (todos os dias da semana). Ainda esquecemos disso com frequência e acabamos ficando sem comprar nada alcoólico.
No Brasil, já trabalhei em controle de qualidade na produção de alimentos em supermercados e também já fiz estágio na Vigilância Sanitária de Curitiba, dessa forma, possuo um olhar bem crítico nesse aspecto. Por isso posso dizer que vi coisas aqui que nunca havia visto antes. Vou exemplificar: em diversos supermercados, as carnes (porco, frango, peixes e frutos do mar) são dispostas abertamente (sem proteção física contra sujidades) para o consumidor escolher e com um controle de temperatura bem inferior ao necessário para tais produtos. Em outros lugares, o balcão refrigerado é aberto (sem proteção física contra sujidades) contendo, por exemplo, muitos quilos de carne formando um “monte” de carne (medo de inserir um termômetro no centro desse “monte” de carne). Além disso, alguns produtos apresentam a descrição apenas em tailandês (apesar de estar tendo aulas eu não sei ler nada) e a data de validade no calendário tailandês/budista, exemplo: 30พย 2562 (30 nov 2019).
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Enfim, percebi que para viver em paz aqui, eu precisaria mudar de postura e assim eu fiz. Eu, com certeza, relevo muito mais algumas questões, principalmente, em relação à higiene e manipulação dos alimentos. Resolvi experimentar e tentar viver a cultura tailandesa de maneira verdadeira e aproveitar o que a Tailândia tem de bom para oferecer. Eu gosto dos alimentos que eles possuem, mudei um pouco do meu padrão alimentar aqui e estou adorando essa experiência.