Como funciona o partner visa na Austrália?
Um caso de amor e imigração
A ideia de escrever esse relato me ocorreu quando dei entrada no meu processo de partner visa na Austrália, no final de junho de 2017. Muita gente pensa que casando com um australiano o visto de residente permanente é concedido de forma simples, automática e rápida, mas só quem passa por essa experiência é capaz de descrever na mesma medida o tanto de burocracias e emoções que permeiam o processo de um partner visa. É preciso provar à imigração australiana que antes de mais nada, você e seu parceiro estão juntos porque se amam e que a relação é saudável, contínua e genuína. É necessário juntar evidências (palavra que sempre me remete à crime) pra enviar a alguém sem nome e sem rosto que vai avaliar, julgar e decidir a vida de vocês, baseado em um monte de papéis, documentos, fotos, cartas, testemunhas, tais quais apresentados num tribunal. É o amor na fila da imigração, aflito, sem saber se vai ser aceito no país ou se terá que pegar o primeiro vôo de volta pra casa. E todo o processo demora muitos anos.
O partner visa na Austrália se divide em 3 categorias de acordo com o tipo de relacionamento:
– Noiva (o)/intenção de casamento: Prospective Marriage visa (subclass 300/801)
– Casada (o): Partner visa (subclass 820/801)
– União estável (de facto relationship, incluindo casais de mesmo sexo): Partner visa (subclass 820/801)
Com exceção de quem está noivo (a) de um cidadão (a) australiano (a), os demais vistos podem ser solicitados quando o aplicante está dentro da Austrália. Entretanto, todos seguem um mesmo processo:
1º estágio: visto de residente temporário (subclass 300 ou 820)
2º estágio: visto de residente permanente (subclass 801)
Vou explicar neste artigo como está sendo o meu processo de visto, já que estou numa união estável com um cidadão australiano e apliquei pro partner visa (subclass 820/801))
Conheci o Jeremy (meu partner que eu chamo de marido) em novembro de 2015 na pizzaria onde eu trabalhava como garçonete em Sydney e onde ele era cliente frequente. Começamos a sair em dezembro do mesmo ano e só na primeira semana de janeiro de 2016 é que ficamos. Desde então, nunca mais desgrudamos um do outro e nos víamos ou nos falávamos várias vezes ao dia, todos os dias. Morávamos em casas separadas, mas em bairros vizinhos. Em maio de 2016 decidimos oficializar nosso namoro e ficamos cada vez mais juntos. Em dezembro o Jeremy foi comigo pro Brasil e pôde conhecer toda a minha família e meus amigos de longa data.
No comecinho de abril de 2017 decidimos ir morar juntos e alugamos um apartamento no mesmo bairro onde eu já morava, nas Northern Beaches em Sydney. Nesta época eu estava num visto de estudante que iria expirar em novembro de 2017 e batalhava um sponsor (visto de trabalho) pra poder um dia virar residente permanente aqui. A ideia de oficializar uma relação com o objetivo de ganhar o visto de brinde nunca passou pela minha cabeça, embora eu e o Jeremy conversássemos sobre essa opção caso alguma coisa desse errado no meu processo de sponsor. E foi justamente isso o que aconteceu: com as mudanças nas leis de imigração australiana ocorridas em 18 de abril de 2017, foi por água abaixo o meu plano de ser “sponsorada” e virar residente permanente na Austrália com o suor do meu próprio esforço. A única opção de ficar aqui, foi mesmo a do partner visa.
Em maio de 2017, eu e o Jeremy registramos nossa união estável (aqui chamada de De Facto) no cartório e depois de 30 dias recebemos a certidão pelo correio. Com esse documento além de tantos outros, já era possível solicitar o visto de partner. O processo de aplicação desse tipo de visto pode ser feito pelo próprio aplicante, sem necessidade de se contratar um agente ou advogado de imigração. Mesmo assim decidi pelo menos consultar um profissional, para explicar o meu caso e confirmar a lista de documentos e provas que teria que anexar ao mesmo processo, que é feito online no site da imigração australiana.
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Apesar de já estar numa relação estável há 1 ano, quando eu apliquei o meu visto em final de junho de 2017, fazia apenas 2 meses que morávamos juntos e segundo a orientação da agente com quem consultei, isso poderia ser um problema. Portanto, eu teria que juntar mais evidências pra comprovar que a relação era de longo prazo.
Entre tantos documentos, formulários e provas que anexei ao meu pedido do visto de partner, estes foram apenas alguns:
– Fotos: num arquivo de Power Point coloquei todas as fotos que eu tinha com o Jeremy, incluindo data em que foi tirada, local e se tinham outras pessoas, quem eram. Incluí as fotos que tiramos no Brasil com a minha família, fotos feitas aqui com amigos nossos, fotos de viagens pra outros lugares que fizemos juntos.
– Formulário de testemunhas: precisei pedir pra 4 cidadãos australianos amigos nossos que preenchessem o formulário 888 das testemunhas, onde eles informaram desde quando nos conheciam e como viam a nossa relação. Além disso, a agente de imigração me sugeriu pedir à minha mãe que escrevesse uma carta dizendo como ela havia conhecido o Jeremy e como via a nossa relação.
– Evidência de vida social: de novo, provei com fotos nossas com amigos que sim, temos uma vida social ativa e que eu não sou privada de nada. Uma das grandes preocupações da imigração australiana, nos casos de visto de partner, é que na Austrália os casos de violência doméstica são grandes, especialmente quando uma das partes é estrangeira.
– Evidência de contato em períodos de separação: como o Jeremy viaja bastante a trabalho, anexei ao processo todas as mensagens de texto que trocamos nas vezes em que ele esteve fora da Austrália pra comprovar que mesmo distantes, nossa relação continuava normal e ativa.
– Evidência de vida doméstica: com notas fiscais de supermercado, fotos e relatos, forneci informações de quem faz o que na nossa casa.
– Evidência de desenvolvimento da relação: anexei milhares de mensagens de Whatsapp que eu troquei com o Jeremy entre novembro de 2015 e junho de 2017 pra demonstrar no detalhe como a nossa relação se desenvolveu ao longo desse tempo todo.
– Evidências de união estável: precisei anexar a certidão de registro da nossa união, extratos da nossa conta conjunta no banco, contrato de aluguel do apartamento nos nossos nomes, conta de luz, passagens aéreas de viagens que fizemos juntos. Além disso, nós dois tivemos que escrever uma carta contando toda a nossa história com detalhes e dizendo quais são os nossos planos futuros enquanto casal.
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No dia em que fiz a aplicação e paguei AUD 7,000.00, recebi o bridging visa, já que meu visto de estudante ainda estava válido até novembro de 2017. Com esse visto de espera já tenho acesso ao Medicare, que é o sistema público de saúde da Austrália, e posso trabalhar em turno integral. De acordo com a previsão disponível no site da imigração, devo ficar neste bridging visa entre 20 e 25 meses aguardando a aprovação do visto de residente temporário (820). Ou seja, pelas minhas contas, somente em 2019 isso vai acontecer. Depois de receber o visto temporário, devo esperar mais ou menos uns 15 meses até virar residente permanente, lá em 2020.
Quem pensa que é só casar com um australiano que a vida se resolve num passe de mágica, não tem ideia disso tudo que acabei de contar. E durante todo esse período de espera, ainda terei que continuar fornecendo provas de que sim, minha relação é pra sempre.
E se Deus quiser, ela será.
PS: todas as informações sobre o Partner Visa você encontra no site oficial da imigração australiana.
9 Comments
Oi luciana ,em relação ao visto temporário de partner , ele é vinculado ao visto anterior ou é um visto novo e quais direitos ele possui ?
Olá Natacha,
A Luciana Rodrigues parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Austrália que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM
Tenho uma dúvida, no caso eu quero me casar com uma outra mulher (homossexual) que é estrangeira e vai para a Australia. É possivel eu estar estudando no Brasil e ela na Australia trabalhando? Mas sempre se encontrando tanto ela vindo para o Brasil me ver e eu indo para a Australia. Então quando eu terminar meus estudos e ela obter o visto permanente, é possivel eu vir a morar com ela na Australia com o visto de partner? Já que estamos casadas e ela possui o visto permanente? Por favor, preciso muito saber.
Olá Luana,
A Luciana Rodrigues, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
Preciso de see exclusives. Casei com um australiano no Brasi em 2015. Die entrada so visto partner. Agora recebí o visto bridging. Fazem 9 meses que estando moran juntiss. Nāo estou estando ainda. Meu esposo me disse que só vou studar quando eu tiver com O visto permanente é disse também que ainda não tenho direito so Medicare enqua
nto eu tiver o visto bridging. Isto procede?
Olá Irua,
A Luciana Rodrigues parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Austrália que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM
Olá, eu moro no Brasil e sou noivo de uma australiana e estamos querendo aplicar o visto de noivo para se casarmos na Austrália. Gostaria de saber se o visto ideal seria prospective marriage visa e também gostaria de dicas ou se tem uma matéria sobre essa minha dúvida.
Obrigado
ola tudo bem. Estou com visto de estudante e minha ex-esposa entrou como minha dependente porem infelizmente divorciamos e gostaria de saber quanto tempo apos atualizar certidão de divorcio na imigração ela teria para retornar ao Brasil pois como separamos creio que automaticamente ela já saia, e tambem caso ela queira fazer um novo visto como proceder caso ela queira continuar na Australia.
Olá David,
A autora não faz mais parte do nosso time de colunistas.
Agradecemos por sua visita.
Equipe BPM