Portugal é um país muito conhecido e amado pelos brasileiros em geral. Porém, existem algumas curiosidades da terrinha que eu, pelo menos, não sabia antes de morar aqui. Para quem tem interesse em visitar ou morar em Portugal, se liga nestas informações que escolhi com carinho para vocês:
1. Não existe bacalhau em Portugal
É isso mesmo. Eu me refiro ao peixe vivo, ok? Todo o bacalhau, largamente consumido em Portugal, vem das águas frias da Noruega. E agora você me pergunta: “Como o prato típico do país é algo que não temos aqui?” Pois é… parece piada de português! Mas, calma, tem sua explicação… O costume de comer bacalhau vem dos grandes navegadores portugueses que encontraram neste peixe salgado uma excelente fonte de proteína que poderia ser armazenada por meses nos navios durante as expedições. Durante os longos meses que os navegadores passavam ao mar, não faltou tempo (e nem criatividade) para inventar diversos pratos com bacalhau como protagonista. Os amantes de bacalhau agradecem!
2. Inexiste espaço para a ambiguidade
O português é um povo muito literal, um dos mais cartesianos do mundo, de acordo com estudos interculturais (estudo de Hofstede, por exemplo). Em Portugal é extremamente importante você dizer exatamente o que quer dizer, de forma clara, que não gere dúvidas. Explico melhor exemplificando. Uma vez perguntei: “Senhor, por favor, há metrô aqui?” – E a resposta foi: “Aqui não, pois tens que ir até a estação. Lá tem sim.” – Fato verídico. Outra que me aconteceu: “Senhor, a que horas abre a padaria?” – Resposta do funcionário: “Abre às 3h da manhã, quando o padeiro vem fazer os pães”. Na verdade, estas respostas foram irônicas, pois é dada a resposta errada a quem pergunta errado. As perguntas corretas seriam: “Qual a estação de metrô mais próxima?” e “A partir de que horas posso vir comprar pão?”. Lesson learned!
3. Palavras estrangeiras são pouco utilizadas
Esqueça as palavras que conhecemos cujas origens não vêm do português de Portugal. Sabe abajur? Não! É candeeiro! Shopping Center? Somente encontrará Centro Comercial. Está utilizando um mouse no seu computador? Na verdade, você está utilizando um rato. Até a rainha Elizabeth vira rainha Isabel, mãe do príncipe Carlos, e não Charles. Como toda regra tem suas exceções, o que para nós brasileiros é chamado “quebra-cabeças”, em Portugal, é puzzle – palavra utilizada no inglês.
4. A lei portuguesa só admite nomes que sejam adaptados graficamente à língua portuguesa
Uma lista oficial (veja aqui), registra os nomes que já foram admitidos ou recusados pelos serviços centrais do registo civil. Aos pais, é reservado o direito de requerimento de uma avaliação ou reavaliação por um especialista, sempre que lhes seja negado o registo de um determinado nome. De acordo com o Ministério da Justiça de Portugal, a regra visa evitar estrangeirismos e adaptações que dificultam a pronúncia do nome ou a identificação do gênero da pessoa a qual o nome se refere. Para a elaboração dos critérios, as autoridades determinaram que é proibido duplicar letras como o “l” ou o “n” e trocar “i” por “y”, por exemplo. Caso um dos pais, ou ambos, sejam estrangeiros, esta lei não se aplica. Mas caso ambos os pais sejam portugueses, o filho deve ter nome português, nada de Alanis, Alessandra, Elvis, Edson, Matheo...
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5. O vinho português não é classificado pelo tipo de uva, e sim pela região onde é produzido
Se quiser irritar um entendedor de vinhos, pergunte se tem algum Merlot Português ou Malbec lusitano… Sei que parece óbvio para alguns, mas não é óbvio para quem não está habituado com as classificações dos vinhos portugueses. Ninguém é obrigado a saber sobre vinhos. Na verdade, ninguém é obrigado a nada neste mundo, que fique claro. Mas saber minimamente sobre vinhos portugueses pode fazer você ganhar pontos em sua popularidade aqui em Portugal, além de poder apreciar com muito mais propriedade os maravilhosos vinhos portugueses. Inclusive, as vinícolas da região do D’Ouro (norte de Portugal) e da Ilha do Pico (Açores) são consideradas, pela UNESCO, patrimônio mundial da humanidade. Existem também os vinhos do Tejo, Alentejo, Algarve, Madeira… e por aí vai.
6. A primeira mulher a votar em Portugal foi uma médica, em 1911
Nessa época, só tinha direito a voto quem fosse “maior de 21 anos, alfabetizado e chefe de família”. Desta forma, nesse ano, a médica Carolina Beatriz Ângelo conseguiu na justiça seu direito de voto, pois era viúva e sustentava seus filhos com seu emprego de cirurgiã, consequentemente com o direito de ser considerada “chefe” de sua família. Depois desse episódio, a fim de evitar que tal exemplo pudesse ser repetido (e para que não houvesse ambiguidade), a lei foi alterada em 1913, com a especificação de que apenas os chefes de família do sexo masculino poderiam votar. Nessa data, a sociedade portuguesa voltou 10 casas no quesito igualdade de gênero. O direito universal ao voto, sem estar atrelado à liderança familiar ou a anos de estudo, ocorreu em Portugal somente em 1974.
7. Estrangeiros têm benefícios fiscais em Portugal
Estrangeiros considerados como residentes não habituais no país são tributados, durante um período de até 10 anos, a uma taxa fixa de imposto de renda de 20% sobre seus rendimentos. Isso é uma vantagem, considerando-se que os portugueses normalmente pagam 35 a 50% de seus salários em impostos. O regime dos residentes não habituais foi aprovado em 2009 e, desde então, um número cada vez maior de estrangeiros escolhe Portugal para viver. A maioria é de aposentados que ao receber sua renda em Portugal, são isentos de tributação. Alguns até já apelidaram Portugal de “Flórida da Europa”, com muito sol e muitos aposentados estrangeiros.
Tem mais curiosidades sobre Portugal que acha interessante compartilhar? Por favor, escreva para esta curiosa crônica que vos fala. Beijos e até a próxima!