De profissional a dona de casa na Suíça.
No post de hoje, falarei sobre um tema bastante importante para as mulheres que estão realmente dispostas a se mudar para a Suíça, principalmente aquelas que não dominam bem o idioma do cantão para onde vão ou que pretendem ter filhos.
A mulher suíça é educada da mesma forma que os garotos são educados. Enfim, as mulheres são preparadas e recebem as condições necessárias para se tornarem profissionais tão capacitadas, respeitadas e bem remuneradas quanto os homens. Porém, quando uma mulher se casa e tem um filho, a coisa muda um pouco de figura, para não dizer muito.
O governo suíço incentiva que as mulheres casadas e mães de crianças pequenas não trabalhem fora, cobrando menos impostos da família. Algumas trabalham meio período, ou dois ou três dias por semana. A prioridade se torna o lar e a criação dos filhos.
Podemos ver muitas mulheres empurrando seu carrinho de bebê com outra criança dando seus trôpegos passinhos no meio da manhã ou da tarde. A grande vantagem deste tipo de incentivo é propiciar as condições para uma infância mais feliz. As crianças são cuidadas por suas mães e isso é um investimento para o próprio país.
Por outro lado, muitas mulheres altamente competentes e apaixonadas por sua profissão precisam ou pelo menos são induzidas a deixar de lado sua carreira.
Falar o idioma local do país para onde se muda é fundamental em vários aspectos. No dia a dia até que dá para se virar com um conhecimento básico. Entretanto, em se tratando de carreira profissional, a coisa é mais séria, ainda mais num país com 3 idiomas oficiais, como é o caso da Suíça. Para as mulheres estrangeiras que não dominam com maestria o idioma do cantão onde moram, o drama pode ser muito mais complexo. Dependendo da área de atuação, falar extremamente bem o idioma é fundamental. Professoras, terapeutas e médicas necessitam ter um entendimento profundo do idioma para exercerem sua profissão. Em suma: muitas vezes é a própria dificuldade linguística que impede mulheres brasileiras de obterem boas colocações no mercado de trabalho suíço, sem falar que muitos de nossos diplomas não são considerados na Confederação Helvética.
Em um país onde os serviços são muito caros e a maioria das pessoas precisa tomar conta da casa sozinha, ter alguém sem trabalhar fora pode ser muito útil para a família, mas ao mesmo tempo, frustrante para a mulher que abre mão de exercer a sua profissão, ganhar o seu dinheiro e manter uma maior autonomia.
Se você faz o tipo hiperativo, que leva a carreira bem a sério, que ama trabalhar e não abre mão da sua independência financeira, pense bem antes de ser mãe na Suíça. Na verdade, toda mulher deveria pensar muito bem antes de ter um filho em qualquer país.
Se por um lado viver na Suíça parece um sonho, é muito importante manter os pés bem fincados no chão pois apesar de todas as belezas que o país oferece, talvez não seja a melhor opção para quem deseja crescer profissionalmente. A não ser que você atue no setor bancário, a menina dos olhos da Confederação Helvética. Inclusive, os bancos suíços são lindos!
Enfim, antes de tomar qualquer decisão, pense bastante e pese prós e contras para fazer ou pelo menos tentar fazer a escolha mais acertada, levando em conta os seus projetos pessoais, aspirações, temperamento etc. E claro, leia os demais artigos sobre a Suíça aqui no blog para saber mais a respeito do país e de suas nuances!
Você mora na Suíça, é profissional e é mãe? Então deixe pra gente um comentário a respeito de como é a sua vida por aí.
Até a próxima!
5 Comments
ótimo texto…. eu estou me preparando para encarar a vida de dona de casa na Inglaterra. Embora fale o inglês fluentemente e não tenha ficado sem trabalhar e ser independente nos últimos 10 anos, vou pelo menos tentar me adaptar a nova vida.
Sempre bom saber que não estamos sozinhas e que esse é um desafio em qualquer lugar do mundo. 🙂
Óptimo texto mesmo. Estou a morar na Suíça há 1 ano e 3 meses. Tenho duas filhas, 4 anos q nasceu em Portugal e outra com 1 ano e 1 mês que nasceu aqui na Suíça na parte Romande.
Morei em Portugal 9 anos e trabalhei na minha profissão, a qual amo muito muito. Mas, aqui é difícil conciliar maternidade e profissão. Tenho francês de compreensão ainda…
Mas, o pior é que deixar minhas filhas com quem? Aonde? As creches públicas aqui onde moro não existem e as particulares são caríssimas . Não compensa trabalhar fora e pagar uma diária dee, aproximadamente, 120,00 Francos (para mim seria 2X120 =240) por DIA. Sem falar na perda dos benefícios que ocorre quando uma mãe trabalha a 100% – existe uma reportagem sobre isso: Valores e decisões para mães que trabalham fora. No resumo desta, o estudo diz que não compensava. Claro que vai variar o valor que se ganha … mas no geral não compensa realmente.
Eu AMO a Suíça. Mas, é algo acri-doce.
Para quem quer conciliar profissão e maternidade… tem mesmo que pensar muito.
Bom, falo por mim: Amo minhas filhas e este sacrifício é por elas. Eu fico no segundo plano. No futuro quero trabalhar a 50%. O difícil vai ser deixá-las com alguém. ..
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E a questão de locais como brinquedotecas, serviço de recreação, escolas de idiomas e entretenimento infantil, alguém que more na Suiça, em especial em Zurique, saberia contar como funciona? Outra dúvida que tenho e que gostaria que o “Brasileiras pelo mundo” abordasse seria sobre a questão de validação de diplomas e m países como a Alemanha, Suiça, Itália. Em especial, gostaria de mais informações sobre diplomas de licenciatura. Obrigada!!
Olá Marina,
A Silvia Marques parou de colaborar conosco, mas temos outra colunista na Suíça chamada Lucia Bastos que talvez possa te ajudar.
Você pode entrar em contato com ela deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Quando ao tema validação de diplomas, tudo vai depender da área de atuação. De qualquer maneira, aproveitamos para encaminhar abaixo um link com artigos já publicados sobre o assunto.
https://brasileiraspelomundo.com/?s=Valida%C3%A7%C3%A3o+de+diploma
Obrigada,
Edição BPM