É muito difícil não se apaixonar pela Suíça, principalmente se você preza pontualidade, pessoas bem educadas, ruas limpas e seguras, vizinhos que respeitam a sua privacidade e não colocam música alta.
Não pretendo falar mal do meu país, mas é com pesar que percebo que a boa convivência não é o forte dos brasileiros, que furam filas, se acotovelam para entrar no transporte público e atrasam mais de 30 minutos para um compromisso sem o menor constrangimento. Muitos nem desculpas pedem.
Sim, caro leitor. A Suíça é um país lindo, civilizado, cheio de belezas naturais e culturais. Só em Zurique, a mais importante cidade da Confederação Helvética encontramos cerca de 50 museus, e eles são frequentados por crianças. Sim, as crianças suíças são incentivadas desde cedo a “consumir” cultura e poupar dinheiro.
As pessoas cozinham em casa e não curtem ostentar com roupas caras, mesmo que possuam muito dinheiro. Mesmo sem empregadas e babás para socorrer as mamães e donas de casa, as moradias costumam ser organizadas e limpas. As crianças educadas.
Em geral, a mulher suíça também não pira tanto como a brasileira quando o assunto é beleza. É possível ver muitas mulheres na faixa dos 50 anos com suas madeixas grisalhas e roupas esportivas, conversando e rindo de forma despreocupada. Maquiar-se , enfeitar-se , livrar-se das gordurinhas indesejáveis não são prioridades, embora a maioria da população não seja obesa.
Porém, para quem imagina que a Suíça seja só beleza e civilidade, deve conhecer o lado B da questão. Primeiramente para quem não curte inverno, não é a opção ideal. Não é o meu caso, pois odeio calor a ponto de ficar meio deprimida com dias muitos quentes.
Outro ponto que deve ser considerado: quem tem dificuldade para aprender novas línguas, a coisa pode complicar bem. Até mesmo porque cerca de 60% da população tem como idioma oficial o alemão, um idioma bem complexo para os latinos. Sem falar que em cada região o alemão é falado de uma forma diferente. A gramática respeita o alemão tradicional, mas a fala varia gerando muitos dialetos: o alemão de Basel, de Zurique, de Berna, etc.
Se você é expansiva e adora puxar papo com todo mundo, pode se desapontar com o distanciamento educado e formal suíço. O suíço leva tempo para se soltar, confiar e fazer amizade. Talvez uma opção para os mais afoitos seja travar relações com estrangeiros. A Confederação Helvética tem cerca de um milhão de habitantes estrangeiros.
Vale ressaltar também que trabalhos informais não são bem vistos. No Brasil, a gente se vira fazendo bolos e sanduíches naturais para vender na faculdade onde estudamos ou na empresa, onde um parente trabalha e as pessoas compram. Muitas donas de casa para ajudar no orçamento familiar, fazem comida congelada e os vizinhos compram. Na Suíça não. Esta maneira informal de trabalhar e ganhar seus trocados não é usual.
Como brasileira, nem sempre a nossa formação profissional é suficiente para arranjar uma boa colocação, e mulheres super ativas por aqui, podem se reverter em donas de casa full time na Confederação Helvética. Sem falar, que é fundamental conhecer e se interessar pela cultura suíça, fazendo cursos e se aprimorando sempre , pois o suíço é bem nacionalista.
Enfim, é tudo uma questão de fazer uma boa auto análise, refletir sobre prós e contras e decidir o que pesa mais para você.
3 Comments
Excelente texto, Silvia. Alguns traços são bem semelhantes aos da sociedade austríaca. Sobretudo no que tange à cultura e pequenos.
Parabéns!
Estive na suiça por 40 dias no verão de 2014,conheci Berna, Zurique e Genebra, estive nos alpes em Kandersteg passei por Thun cidade de 750 anos, fique hospedado em Biel/Bienne, conheci varias cidades da Região, Nidal, Studant,Erlach, La Neuveville, Port, Soletur, entre outras, todos os dias fazia um tur de bicicleta nos povoados da beira do lado de Bienne , gostei muito da cidade de Bienne,, estive caminhando nas montanhas do Jura, eu fiquei no bairro Petit Marais de Bienne, em uma vila com 05 sobrados de um lado e 05 sobrados do outro, no meio um jardim, neste período vi somente 02 vizinhos, os demais nunca os vi, não se houvia, som TV, musica, fala de alguém, rizadas, latido de cachorro, miado de gato, parecia que eu estava sozinho no mundo, as vezes eu tinha vontade de sair na porta da sala e dar um grito para ver se aparecia alguém,, as ruas do bairro sempre deserta, via alguém nos pontos de ônibus, muito diferente do nosso Brasil
Olá, Silvia. Um pequeno esclarecimento. A língua falada por cerca de 60% da população suíça é o alemão suíço, um dialeto (na verdade vários dialetos) com vocabulário e sintaxe bem diferentes do alemão clássico.