No post deste mês, falarei sobre minha experiência para alugar apartamento em Toulouse sem falar francês. Entendo um pouco o idioma, mas ainda não me sinto totalmente confortável, por isso, passei por algumas dificuldades. Já era momento de devolver o canto para minha amiga. Foram muitos meses de um acolhimento familiar, mas já estava em tempo dela ter a vida dela de volta.
Como falei em meu post anterior, tive uma pausa maior no trabalho e consegui finalizar dois itens que estavam pendentes: a abertura de uma conta bancária, quem sabe ajude a esclarecer algumas dúvidas – e agora, a busca pelo meu cantinho.
Já falei em outro post que Toulouse é uma cidade voltada para indústria aeronáutica/espacial e tecnologia e por conta disso, há diversas universidades e consequentemente também recebe muitos estrangeiros. Pois bem, isso pode ser um problema para quem busca um Studio/T1 ou um T2 que explicarei melhor abaixo:
- Studio ou T1 – apartamento entre 15m² e 26m², composto por um ambiente apenas. Normalmente tem uma pequena cozinha, um banheiro e outro espaço que você decidirá se será quarto e sala (no meu caso, os dois e ainda canto de estudos), ou ainda se será um ou outro, pois muitos estudantes optam por isso.
- T2 – com metragens que variam de 22m² a 45m². Esses apartamentos têm um quarto, sala, cozinha, banheiro, mas nada muito grande – mesmo estilo dos studios existentes no Brasil. Onde eu vivia com minha amiga era um T2.
- T3 / T4 e adiante – apartamentos a partir de 45m² com dois ou mais quartos e o restante dos cômodos iguais ao T2.
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* Uma observação: O número de banheiros e lavabos podem variar a partir dos apartamentos T2.
No meu caso, a busca era por um T1 ou Studio, pois queria manter um orçamento de até €550 (quinhentos e cinquenta euros) mensais considerando o aluguel e despesas básicas: luz, internet, telefone.
As aulas retornaram (para os veteranos) e iniciaram (para os calouros), então a busca por apartamentos Studio e T1 aumentaram e muito. Por mais que o mês de julho seja de férias, muitos estudantes já deixam os apartamentos reservados ou aproveitam justamente essa época para procurar ou mudar de residência.
Definido o tipo de imóvel, iniciei minha busca pelos meios “oficiais” que também conhecemos no Brasil – imobiliárias. A primeira que fui foi exatamente a mesma em que minha amiga alugou o apartamento dela e por terem dito que seria mais fácil. O segundo apartamento que vi me encantei. Era no lugar em que eu costumava correr todos os dias e pensei: perfeito, não poderia ser melhor. Quando fui até a imobiliária para fechar (fui na segunda e tinha visto o imóvel no sábado), descobri que a proprietária tinha pedido as chaves pela manhã para alugar para amigos. Falei para mim mesma, ok não era para ser (acho que tudo tem o momento certo para acontecer).
Continuei ainda com essa imobiliária e vi mais alguns apartamentos que não gostei. Resolvi ampliar e procurar em outras imobiliárias e cheguei a olhar umas cinco, até que uma me informou de maneira curta e objetiva: você vai precisar mostrar seus últimos rendimentos. Aqui na França, um locatário precisa de alguém que seja fiador – qualquer imobiliária trabalha desta forma. Foi um choque, pois nenhuma das anteriores havia me falado isso.
Bom, naquele momento foi a hora do café. Parei, respirei fundo e me enfiei em um café Gourmand – um tipo de café que vem acompanhado de mini sobremesas, mostrei uma foto dele aqui – nada como algo engordativo pra te ajudar a pensar. Mais duas imobiliárias para confirmar e realmente queriam as últimas “declarações de IR na França”, os comprovantes de rendimentos que recebi e declarei ao governo, exatamente como as nossas no Brasil. No caso, não tinha declaração dos últimos dois anos porque estava aqui há apenas 7 meses.
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Até achei uma imobiliária que não pedia, mas desisti. Durante o percurso para casa, achei um escritório que auxilia pessoas na resolução de possíveis problemas em locação ou venda. Expliquei o meu caso detalhadamente e foi aí que a funcionária me disse: o melhor para ti é alugar particular. Ela me passou um site bem conhecido por aqui, o Leboncoin, tipo nosso Olx e MercadoLivre e assim iniciei minha pesquisa no site indicado por ela.
Outros pontos a serem observados são se o apartamento é mobiliado ou não, itens do apartamento e prédio além das taxas. Eu optei por mobiliar. Não se gasta muito, até uns €600 (seiscentos euros) você deixa um pequeno apartamento (T1/Studio) mobiliado de uma maneira bem legal. Gastei mais, pois quis outro tipo de sofá (com cama embutida), que acabou encarecendo um pouco e também procurei alguns mimos para que o meu cantinho ficasse fofo.
Normalmente, os apartamentos (mesmo sem mobília) vêm com alguns itens: geladeira, fogão, forno, armários na cozinha e quarto. Outros também têm lavadora de roupa que não faz tanta diferença para um estudante (e nem pra mim), já que aqui encontramos facilmente lavanderias pagas que cobram o valor médio de €5 (cinco euros) pela lavagem de 8kg de roupa e €2 (dois euros) para secar.
A maioria dos prédios por aqui não contam com portaria. Taxas de condomínio custam em média €40 (quarenta euros) e geralmente já são inclusas no aluguel (taxas para limpeza e cuidados com a área comum do prédio) – na maioria dos casos são escadas, corredores, e em alguns até um mini quintal de uso comum. Elevador, só em prédios mais modernos.
O prédio que moro é um pouco mais moderno, mas a maioria dos prédios em Toulouse são mais antigos, por isso não pense que encontrará prédios com cheirinho de limpeza, na maioria das vezes, você irá se deparar com museus em formato de residência, outras vezes, prédios dignos de cenários de filme de terror, mas no fim, vale para manter a arquitetura.
Bom, aqui tá um pouquinho da experiência que tive para alugar meu apartamento e espero que possa ajudar a esclarecer algumas dúvidas ou encorajar novas buscas.