Quando decidi morar em Montpellier, uma das coisas que ouvi bastante e que, assumo, me deixou muito preocupada foi que seria difícil alugar um apartamento. Na verdade, me deixou de cabelo em pé, mas, resolvi não me preocupar muito antes de chegar e deixar as coisas acontecerem com calma. No final das contas, teria onde ficar por, pelo menos, alguns dias, quando chegasse na cidade, além dos meus amigos que já moravam aqui frisarem a questão do ser difícil, mas não impossível.
Agora que estou há algum tempo e já encontrei um cantinho para chamar de lar, posso deixar algumas dicas para os que sonham em vir passar um tempo no “famoso sul da França”.
Bom, para começar, alugar um apartamento em qualquer lugar da França sem ter um contrato de trabalho e um fiador é algo difícil. Ouvi pessoas relatarem que visitaram dezenas de apartamentos até, finalmente, encontrarem um. Por isso deixo a minha experiência de como foi driblar todas essas exigências. Claro que, neste post, não vou conseguir cobrir todas as possibilidades, e por isso, deixo aberto os comentários para as experiências que vocês possam ter, porque, afinal, o “Brasileiras pelo Mundo” é um site tão maravilhoso, justamente por essa possibilidade de troca, umas com as outras, que ele nos dá.
Cheguei à França com o visto de turista brasileira para, dentro do território francês, fazer a troca para o visto de esposa de europeu. Além disso, meu marido e eu viemos sem contrato de trabalho, pois nosso objetivo para os primeiros meses era nos prepararmos melhor para ingressar no mercado de trabalho e, por isso, nos matriculamos em um curso de francês. E foi graças a ele que as coisas ficaram bem mais fáceis na hora de procurar e encontrar um apartamento, pois, uma vez que o curso que escolhemos era reconhecido, recebemos uma carteira de estudante.
Como disse no título do post, Montpellier é uma cidade universitária, logo, por conta disso, existem dezenas de residências destinadas, exclusivamente, aos que estão estudando. Achei isso fantástico! Nas cidades em que morei, no Brasil, nunca tinha visto nada parecido. São residências mobiliadas e que têm tudo incluso! Com o diferencial de serem mais acessíveis financeiramente e terem os itens de uso doméstico à disposição, como, praticamente, todos os itens de cozinha e de limpeza.
Ou seja, pra quem tinha acabado de vender a casa inteira como eu, foi um alívio e tanto, pois além de tudo, não sabemos, exatamente, se continuaremos nessa cidade.
Pelo fato dessas residências serem exclusivas a estudantes, eles fazem questão de que aqueles que têm interesse em alugar estejam, realmente, estudando. Porém, em algumas delas, esse vínculo não precisa ser, necessariamente, um curso universitário. No nosso caso, o curso de línguas foi o suficiente para conseguirmos o nosso cantinho.
Na residência que escolhemos o que eles exigiram foi o vínculo de estudo, que fizéssemos um depósito “calção” de um mês de aluguel e, como não tínhamos um fiador no país, o pagamento adiantado de três meses de aluguel. Por esse motivo, é preciso um pouco de planejamento.
O contrato é feito de forma automática, com validade de um ano. Porém, se você sai antes da data, não existe nenhum tipo de multa, sendo necessário, apenas, cumprir um mês de aviso prévio para sair do imóvel. Um site ótimo para procurar residências estudantis é o Adele.org.
Apesar dos prédios serem residências estudantis, existem diferenças de tamanho entre os apartamentos: Studios (como o próprio nome já diz, são estúdios em que cozinha, quarto e sala ocupam, praticamente, o mesmo ambiente); T1 (a cozinha e a sala ocupam o mesmo ambiente e o quarto é separado); e T2 (os três ambientes são mais ou menos separados). As três opções têm banheiro e, inclusive, banheiro diferente do estilo francês, pois nas casas tradicionais, o sanitário fica em um ambiente separado do resto do banheiro, algo bem diferente da cultura que temos no Brasil. Essas informações valem também para a procura de apartamento no geral, aqui na França.
Uma outra instituição bastante útil para estudantes que já estão na França é o CROUS (Centro Regional de Trabalho Universitário e Estudantil). Lá, existem outras dicas para encontrar um apartamento, assim como possibilidades de alojamentos compartilhados, informações sobre ajuda financeira e dicas gerais.
Uma outra opção para quem vem estudar e não quer ter dor de cabeça na hora de procurar um lugar para ficar, principalmente se o tempo de estudo for curto, é se informar na própria escola sobre “famílias de intercâmbio”. Muitas vezes, pode ser bastante vantajoso.
Uma terceira opção que tenho visto que várias pessoas acabam optando é o Airbnb.com. Pelas experiências que ouvi, as pessoas entram em contato com o proprietário do imóvel para solicitar que ele dê desconto, quando os locatários vão ficar por um tempo mais longo. Na grande maiorias das vezes, os pedidos são atendidos!
Porém, se a pessoa vai ficar por um período em que precise de um visto específico, exigindo-se comprovante de endereço; ou precise abrir conta em banco e ter algum tipo de ajuda do governo, essa opção pode não ser interessante, pois não existe um contrato de aluguel físico, como no caso das residências estudantis, ou aluguéis com imobiliárias, podendo isso ser um problema.
Esse tópico sobre encontrar um apartamento acaba sendo um pouco delicado, pois ele pode acabar se entrelaçando com a questão do visto e isso pode ser, de fato, bem complicado. Mas, espero que com essas dicas possa ter ajudado aqueles que precisam de um lugar para ficar em terras francesas, enquanto estudam!
Nos vemos nos próximos posts! Ou se quiserem acompanhar um pouco da minha rotina na França, me sigam no Instagram: @aeuropaelogoali.