Nosso artigo do mês é de utilidade pública para os recém-chegados em Québec, seja um permanência temporária ou definitiva. É sobre aquelas diferenças básicas que vão desde etiqueta até informações que facilitam o dia a dia quando a gente não tem a menor noção de onde ir, o que fazer e onde encontrar coisas de primeira necessidade.
Quando ainda estava aguardando a minha residência permanente, aproveitava uma boa parte do meu tempo para aprender mais sobre o idioma e os hábitos locais. Tem uma fanpage chamada Audrey – DododFun, de uma Québécoise que está sempre postando vídeos sobre as peculiaridades daqui, além de outros assuntos atuais. Resolvi resumir os principais pontos sobre “O que você deve saber antes de vir ao Québec” (além do lance que neva e faz muito frio no inverno….). Espero que lhes sejam úteis!
#1 Etiqueta
– Les Bises: Regras sobre beijinho no rosto e saudações
Em Québec, cumprimentar as pessoas com beijos no rosto como fazemos sempre no Brasil não é costume, principalmente quando se trata de estranhos ou qualquer pessoa que não seja da família ou um amigo próximo. Mesmo nesses casos, de pessoas conhecidas, não é necessário beijar sempre que você as encontra. Fica mais restrito a eventos sociais anuais, como Natal, aniversário, essas coisas. Homens também não costumam se cumprimentar com beijos, o que também é comum entre amigos no Brasil. Até onde pude observar, não tem nada de homofóbico nisso, é apenas um costume. Para cumprimentar um estranho, basta apertar as mãos e dizer: Salut! Bonjour! Allô! Evidente que se desejar manter o hábito por aqui, as pessoas não vão te evitar. Mas nem sempre ficarão à vontade com isso.
– Vouvoiement: Tratamento mais formal conforme a idade
Qui vouvoyer? Essa pergunta significa: quem devemos tratar como senhor ou senhora, no uso do pronome pessoal de tratamento “Vous“. Devemos sempre nos referir a pessoas mais velhas dessa maneira, a menos que ao longo da conversação elas nos “autorizem” a usar o pronome “Tu“.
Qui tutoyer? Ou seja, a quem devemos nos dirigir de maneira mais informal e como “Tu“. Todos os demais casos, quando as pessoas são de idade próxima ou mais novos.
– L’addition ou La Facture: A conta do restaurante
Essa dica facilita muito a vida de quem sempre faz “rachid” quando sai com os amigos. Ninguém precisa trazer calculadora e perder um baita tempo decifrando quem pediu o quê. Quando você for a um restaurante, o garçom sempre irá perguntar quantas faturas ele deve trazer. Dessa forma, elas já vem separadas com o consumo individual e não é incômodo nenhum para os atendentes. Por outro lado, é importante lembrar que aqui a gente deve sempre pagar o Pourboire, ou seja, a gorjeta do garçom. Ao contrário do Brasil, a taxa de serviço não é cobrada na conta, apenas os impostos sobre serviço (15% a mais no valor). Recomenda-se deixar a gorjeta neste mesmo valor, ou seja, até 15% do que vc consumiu. Tudo dependerá da qualidade do serviço recebido. A regra também vale para salões de beleza e, nesses casos, recomendo ter sempre dinheiro contado, pois às vezes não é possível acrescentar ao pagamento com cartão de crédito ou débito.
# Alimentação
– Quando comer?
Como referência apenas, o café da manhã (déjeuner) é feito conforme a hora que a pessoa se levanta. O almoço (dîner) em torno de meio-dia e a janta (souper) em torno das 18hs. Quando você come sozinho, pouco importa a hora que decide fazer suas refeições. Mas se você é convidado para comer na casa de alguém DEVE-SE RESPEITAR O HORÁRIO MARCADO, ou seja, chegue na hora, nem antes nem depois.
– O que comer?
Em Québec, existe uma grande variedade gastronômica local, de forma que ninguém precisa viver de McDo e Poutine (prato junkie tradicional). O que não falta são opções de queijos, produtos derivados do leite, frutas e legumes. No verão, a oferta de produtos agrícolas feitos aqui é maior, mas mesmo assim, é possível comer muito bem, seja cozinhando em casa ou nos restaurantes.
– Onde comprar sua comida?
Temos supermercados maiores (como as grandes redes que temos no Brasil) e épiceries (mercearias) menores. As redes maiores mais conhecidas são IGA, PROVIGO, METRO, MAXI e SUPER C. Os preços variam bastante assim como a qualidade dos produtos, no sentido de serem mais frescos ou orgânicos, por exemplo.
No quesito redes de fast food por categoria temos:
- Tim Hortons – uma versão de Starbucks canadense
- ST-Hubert e Scores – uma versão do KFC, que é aqui é PFK (Poulet frite Kentucky…)
- Mikes – uma versão do Pizza Hut.
- Cage aux sports – bar esportivo que oferece telões, cerveja, petiscos e pipoca de graça. Point para quem quer assistir jogos de hóckey et MMA.
- Cora e Normandin – para quem gosta de café da manhã com panquecas e afins.
# Transporte
– Transporte em comum
Apesar de oferecer transporte comum por ônibus e trem, a rede não abrange todas as cidades, com as facilidades que a gente vê na Europa, por exemplo. Das cidades da província de Québec, apenas Montreal possui metrô, por ser a maior. Então você vai chegar aonde quiser, só nem sempre terá todas as opções e comodidades que imagina. Para receber promoções de tarifas de ônibus, sugiro se inscrever no newsletter da Órleans Express. Para passagens de trem, que aliás não custam muito barato, vale a pena receber a newsletter da ViaRail.
– Preço da gasolina
Em média, custa CAD$1.00 o litro. Um carro pequeno que não consome muito custa CAD$40.00 para encher o tanque. Ela também fala um pouco sobre a carteira de motorista que leva 1 ano para tirar. Quem tem carteira no Brasil pode tirar uma carteira aqui, no entanto, precisa passar pelos testes de praxe. A única vantagem é que o tempo de experiência como motorista (quantos anos desde que obteve a carteira) é levado em conta. Para quem pretende apenas fazer turismo, é possível usar a carteira brasileira, visto que os canadenses podem usar as carteiras deles no Brasil.
# Conclusões
Não devemos ter receio por causa do sotaque e dos costumes diferentes. Mas não vale a pena tentar “imitar”. Se você fala francês, mesmo que com um sotaque diferente, as pessoas irão te entender. Com o tempo, a pronúncia melhora naturalmente.
Para franceses, suíços e belgas, a dificuldade é tão grande quanto para quem não fala francês. Então, há esperança! Não desistam, se joguem! É a única maneira de aprender.
Para quem quiser ver o video em francês, clique aqui.
Ps. A modelo da foto é minha Mãe, durante suas férias de verão aqui comigo em 2016!