Volta e meia, quando as pessoas ouvem falar sobre política, muita gente fica sem saber o que dizer. ‘Prefiro não me envolver’, ‘política é pra quem entende dessas coisas’ ou mesmo ‘ah, quem se importa com isso?’ são respostas comuns quando alguém aborda o assunto, principalmente no Brasil.
A verdade é que, querendo ou não, somos todos seres políticos, e viver em sociedade é, também, fazer política. E quando a gente mora fora do nosso país? Como é que fica?
Em se tratando de Europa, política é assunto de domínio público, e na Dinamarca, os estrangeiros também têm direito a participar da vida pública do país – cá para nós, nada mais justo, na minha opinião.
Estrangeiros que possuem visto permanente de residência, ou que moram no país legalmente há pelo menos três anos antes da data das eleições têm direito a escolher seus representantes nas eleições municipais e regionais. O voto na Dinamarca, diferentemente do Brasil, não é obrigatório, porém a consciência política das pessoas faz com que muitos tenham orgulho de poder participar das eleições.
No meu ponto de vista, permitir que residentes estrangeiros tenham direito ao voto é uma conquista para ser celebrada através do exercício do voto – principalmente quando consideramos as mudanças constantes na legislação referente aos estrangeiros no país e suas consequências para todos.
Como saber se você pode votar?
Se você é um cidadão de qualquer outro país nórdico ou EU, residindo na Dinamarca, você tem direito a votar, independentemente de quanto tempo mora no país. Estrangeiros que venham de outros países diferentes dos citados (incluindo a Groenlândia e Ilhas Faroe, que são territórios dinamarqueses com governo próprio) só podem votar se estiverem morando na Dinamarca há três anos ou mais antes da data das eleições, que ocorrerão este ano no dia 19 de novembro. Maiores de 18 anos com residência permanente na Dinamarca poderão escolher os candidatos para a municipalidade e para o conselho local (uma espécie de ‘câmara dos deputados’ para cada região).
Estando dentro destas qualificações, automaticamente seu nome figurará nos registros do governo como um eleitor registrado, e você deverá receber pelo correio um cartão de votação, cinco dias antes das eleições acontecerem. Esse cartão tem a mesma função que o título de eleitor, comparando com o Brasil. Caso você seja um eleitor registrado e não receba seu cartão de votação, deverá entrar em contato com o escritório de serviços ao cidadão (borgerservice) da sua municipalidade para pedi-lo.
Nesse cartão se encontram as informações sobre o local de votação. Assim como no Brasil e em outros países a votação acontece em locais públicos, como escolas e ginásios de esportes.
A votação
No dia das eleições, o eleitor registrado deve se dirigir ao posto eleitoral com o cartão de votação e um documento de identificação com foto, que pode ser o passaporte ou carteira de habilitação. No local de votação o eleitor receberá duas cédulas eleitorais, uma para a eleição do conselho regional e outra para a eleição dos vereadores. Depois disso, ele vai pra cabine, vota e deposita seu voto na urna.
Como no Brasil, a pessoa pode escolher ente votar num candidato de sua preferência ou num partido. Pode-se obter a lista dos candidatos nos postos eleitorais e também na página do conselho regional. Também é possível votar antecipadamente, e inclusive mudar seu voto até o dia das eleições, porém a votação eletrônica não é permitida na Dinamarca.
O exercício do voto é um ato de cidadania; muito mais que isso, é um exercício de consciência política – afinal, é o povo escolhendo seus representantes, que vão ser sua voz no governo, buscando o interesse do bem comum. Além disso, o fato de ser um ato voluntário e não obrigatório faz com que as pessoas se sintam ainda mais motivadas a participar da vida pública.
E que bom que na Dinamarca os estrangeiros também podem escolher seus representantes!
8 Comments
Também acho bastante justo que os estrangeiros participem da votação, afinal eles também são impactados pelas decisões políticas do país. Bacana seu texto, Cris!
Pois é Chris, principalmente aqui, onde as leis para os imigrantes e leis de imigração em geral mudam constantemente. Acho importante a gente ter consciência política, conhecer o trabalho dos candidatos e escolher aqueles que serão os nossos representantes, que levantarão a bandeira da nossa causa e que trabalharão no sentido de atender às necessidades dos imigrantes.
Nossa Cristiane que assunto importante voce escolheu como tema, pois pra mim o exercício de participar da vida política de sua comunidade, pais de residência, e mesmo de origem, como no nosso caso, que mesmo distante eu faço questão de seguir e no que eu puder colaborar eu quero sim, pois acho importantíssimo exercermos não somente nossos direitos mas também deveres. Eh responsabilidade = habilidade de resposta, em relação as coisas importantes que teem um impacto na sua vida e na vida de todos na sociedade. Parabens e como sempre a Dinamarca como um pais exemplo, como cultura participativa na vida política do pais, assumindo a sua responsabilidade de cidadania. Namasté!
Obrigada pelo comentário, Ana! Beijos
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Olá, estou fazendo uma pesquisa, no aspecto constitucional e político, sobre a Dinamarca, contudo, estou com muitas dificuldades em encontrar informações. Você não poderia me indicar algum site? Precisava de dados sobre eleições, municipais, estaduais e nacionais!
Desde já, muito obrigada!
Olá e obrigada por comentar. As informações estão majoritariamente em dinamarquês. Você pode encontrar informações sobre o sistema político dinamarquês no site do Parlamento: http://www.ft.dk, que eu considero o mais completo em termos de informações sobre os partidos, constituição, sistema de governo, etc. É possível acessar o site também em inglês. Caso precise de ajuda com os dados, entre em contato comigo diretamente por e-mail ou pelo Facebook – e continue acompanhando tudo sobre a Dinamarca aqui no BPM 🙂