Minha experiência para ver o eclipse solar total no Chile.
No dia 02 de Julho de 2019 exatamente às 16h39min – horario local do Chile (GMT – 4), muitos olhares estavam apontados para o céu, na região de Coquimbo, ao norte de Santiago.
A região se dividiu para o eclipse da seguinte maneira:
- Comuna de Higuera
- Comuna de Vicuña
- Comuna de Paihuano
- Comuna de La Serena
- Comuna de Coquimbo
- Comuna de Río Hurtado (vista parcial do eclipse)
Os horários exatos do fenômeno foram:
- 15:23 – inicio do eclipse
- 16:39 – fase de totalidade
- 16:40 – máximo eclipse
- 16:41 – fim da fase total
- 17:47 – fim do eclipse
O eclipse termina quando a Lua sai do círculo do Sol.
O espetáculo era do nosso astro rei, que por dois minutos e 24 segundos foi coberto totalmente pela Lua.
O eclipse total do Sol acontece quando a sombra da Lua alcança a Terra. A região central do sol fica totalmente coberta, escurecendo como se fosse de noite. A cobertura total do sol proporciona a oportunidade única de observar a coroa solar ao redor da Lua.
Podemos nos considerar sortudos, pois a média de um eclipse total do Sol no mesmo ponto da Terra acontece uma vez a cada 200 – 300 anos.
Leia também: As quatro estações do ano no Chile
Foi o evento mais esperado do ano e os sortudos fizeram jus à sorte para garantir o seu lugar, pois muitos hotéis da região já estavam com 100% dos apartamentos reservados desde o ano passado.
Entre esses sortudos se encontravam muitos famosos no meio da multidão, houve até uma promoção para ver o eclipse de um voo. Os olhares surgiram de muitos pontos da Terra e do ar.
Minha aventura foi um pouco inesperada, já que eu não tinha planos para ver o eclipse até o dia sete de junho de 2019, data em que decidi comprar uma passagem de ônibus de Santiago a La Serena, saindo na segunda-feira às 23h – último horário do ônibus – dia primeiro de julho e voltando a Santiago 24 horas depois.
Várias empresas de ônibus fazem a rota Santiago / La Serena – com uma duração de aproximadamente seis horas de viagem.
Pela decisão tomada em menos de um mês, tivemos sorte porque conseguimos uma passagem a um preço razoável. Fomos com a empresa Pullman Bus, o valor da ida em assentos semi-cama (a poltrona reclina a quase 45º) foi de CLP 12.000. Em dias “normais”, o mínimo que podemos encontrar para a mesma rota é de CLP 8.000.
O retorno na mesma empresa com o mesmo tipo de poltrona foi de CLP 10.000. Pesquisamos em outras empresas e a Pullman Bus foi a mais econômica e uma das poucas que ainda tinha lugar para as datas do eclipse.
O embarque foi no Terminal Borjas, que tem acesso pela Estación Central do metro da linha 1.
A ida foi super tranquila, não havia muitas pessoas no terminal, o ônibus saiu no horário, não havia muito trânsito e chegamos no horário previsto – às cinco da manhã.
Ao desembarcar, nos deparamos com o cenário esperado: havia uma multidão de gente na rodoviária, por todos os lados, deitadas, sentadas, em pé.
Leia também: No Chile se fala chileno
Não tínhamos reservas de hospedagem e naquelas alturas não íamos encontrar nada econômico e fácil. Então decidimos ficar na rodoviária por longas duas horas esperando o dia amanhecer para decidir o que fazer. Por ser o mês de julho, vocês podem imaginar o frio que fazia.
Passada as duas eternas horas, fomos procurar um lugar para tomar um café da manhã decente e logo turistar por La Serena.
Durante o dia, tivemos sorte porque o sol além de aparecer, esquentou um pouco a terra. Obviamente, não era um dia de praia, mas conseguimos ficar um tempo apreciando o mar e fazendo uma fotossíntese gostosa.
A cidade se movimentava ao redor do eclipse, muitos vendedores ambulantes aproveitaram a oportunidade para ganhar um dinheiro extra, vendendo camisetas, óculos, ímãs de geladeira, chaveiros e tudo o mais que a imaginação humana possa vender.
Muitas pessoas foram ver o fenômeno na praia, mas houve eventos em diversas partes da cidade. Optamos por ir ver o eclipse no estádio, já que antes fizeram uma apresentação e uma palestra sobre o sistema solar, explicando sobre os eclipses, planetas, Lua e Sol.
Depois da palestra, as bocas silenciaram e os olhares ficaram atentos para o espetáculo tão esperado por todos. Os dois minutos mais esperados passaram muito, mas muito rápido, mas valeu cada segundo admirado, pois o show foi lindo!
Depois do show no céu, teve um show na Terra, com bailarinos fazendo uma homenagem aos países da América do Sul.
Saímos do estádio e fomos para a rodoviária com a esperança de poder trocar o horário do ônibus para mais cedo – e obviamente “quebramos a cara” porque todos os horários estavam completamente cheios.
Por sorte, além do eclipse, teve o jogo do Brasil contra a Argentina, então, aproveitamos o horário vago para ver outro show – que dessa vez foi em território brasileiro.
Nosso ônibus estava previsto para sair as 23h30. Fomos para a rodoviária às 23h00 e não se podia andar tranquilamente devido à multidão que estava deixando a cidade. O que não esperávamos era o longo atraso que gerou em vários ônibus e o trânsito caótico.
O ônibus saiu às duas da manhã da quarta-feira e conseguimos chegar em Santiago somente às 11h00 da manhã (um atraso de 5 horas….quase nada).
Mas valeu a pena? Sim!! E muito!! Pensar que fomos privilegiados de ver um fenômeno tão belo como esse, vale qualquer esforço.