Se você ainda não leu como eu vim parar na Nova Zelândia, leia o meu texto anterior: Confissões de uma quase cidadã neozelandesa.
Caso alguém me contasse que no futuro eu seria uma cidadã naturalizada, eu não teria acreditado. De verdade. Há 10 anos, minha vida seguia uma rotina e um caminho totalmente diferente.
Eu me casei aos 21 anos com um grande amor de adolescência, mas conforme fui crescendo e amadurecendo, percebi que aquela vida não era mais minha. Parecia que eu estava assistindo de longe alguém vestida de mim viver dia após dia uma realidade que não me completava.
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Quando busquei o meu intercâmbio, que acabou realizando-se na Nova Zelândia, além de aperfeiçoar o inglês, eu aprendi muito mais sobre mim. Foi um dos raros momentos em que eu viajei sozinha, na verdade o único em que estava completamente sozinha desde os meus 16 anos.
Cruzei oceanos para encontrar a pessoa mais importante da minha vida. Ah, seu eu soubesse que esta pessoa estava tão perto, esta mudança poderia ter sido mais rápida… Mas a vida nos leva a lugares diferentes e nos faz refletir sobre tudo, e de uma maneira muito inesperada.
Encontrei-me de novo, e aos poucos fui entendendo que a minha vida estava rodeada de distrações, de situações, coisas, objetos e pessoas que eu pensava que eram importantes, que eram responsáveis por me fazer mais feliz, quando na verdade eu e meu coração éramos mais importantes e ser ou estar feliz eram minha responsabilidade.
Então, foi assim. Quando me descobri, me reapaixonei por mim mesma e decidi que já estava mais do que na hora de mudar: mudar de estado civil, de empregada para desempregada, de medrosa para corajosa, de lutar por mim e de abrir minhas asas.
Voltei para a Nova Zelândia pensando que iria somente estudar inglês. Embarquei no avião em São Paulo e sabia que estava sozinha, vindo para um país em que não conhecia ninguém, em que poderia viver do meu jeito, sem críticas, sem julgamentos, sem barulho e sem distração, mas imaginava que seria por um período curto.
Fast forwarding quase 10 anos…
Lembrei da minha viagem para a Nova Zelândia, de como sentada no meu assento do avião eu me senti sozinha em meio a tantas pessoas. E depois de quase 10 anos eu estava assim novamente, sentada sozinha num centro de convenções com 130 imigrantes de 31 diferentes países, esperando ser chamada para receber o meu certificado de cidadã neozelandesa. Mas sabia que a minha família estava orgulhosamente me assistindo.
Tive sensações como se estivesse prestes a me graduar, graduar na universidade do universo, na universidade das possibilidades infinitas, possibilidades estas que eu nunca sonhei em atingir, nem mesmo quando eu pensava estar sonhando alto. Senti-me feliz e muito orgulhosa por ter tido a coragem. Mesmo sentido o maior dos medos, sei que venci, consegui mudar a minha vida, estudei, batalhei, trabalhei em lugares que não imaginei, fiz amigos de países que nem sabia que existiam, viajei, conheci pessoas especiais, tive duas filhas lindas e saudáveis e abri três empresas.
Eu fui muito grata, grata por este país ter me recebido de braços abertos, por ter me ensinado esta e outras lições tão valiosas, por ter me mostrado que em algum lugar as coisas podem ser diferentes, que podemos acreditar mais nas pessoas, no poder público, viver de uma forma mais balanceada e respeitosa. Claro que o meu coração continua brasileiro, tenho muito orgulho das minhas raízes, mas hoje quero celebrar muito o meu país adotivo.
Você pode estar se perguntando: mas afinal, o que muda ao se tornar cidadã?
Meu visto anterior era de residência permanente com saída sem expirar, o que significava que eu poderia ir e voltar para a Nova Zelândia, e tinha o direito de morar na Nova Zelândia, trabalhar, comprar casas e até votar. Mas, agora com a cidadania, tenho o passaporte da Nova Zelândia, o que facilita muito para quem gosta de viajar, pois para a maioria dos países não é necessário solicitar um visto e ainda podemos nos candidatar a cargos políticos, além de também não ficarmos dependendo de qualquer mudança na legislação que possa afetar quem é residente.
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Vou dividir com vocês quais os passos necessários para quem quer seguir o mesmo caminho e se tornar cidadã no futuro (por favor, note que são minhas dicas pessoais e se precisar traçar um plano é sempre importante procurar um Immigration Adviser – Advogado de Imigração, ou informações oficiais no website da Imigração da Nova Zelândia ou International Affairs):
- Obter a residência na Nova Zelândia;
- Ter pelo menos 16 anos de idade;
- Estar na Nova Zelândia por pelo menos 1.350 dias durante 5 anos antes da aplicação de cidadania e por pelo menos 240 dias em cada um destes anos;
- Habilidade de ler, escrever e falar inglês;
- Entender as responsabilidades e privilégios de ser um cidadão da Nova Zelândia;
- Ter bom caráter;
- Intenção em permanecer na Nova Zelândia se tiver a cidadania aprovada.
Minhas dicas seriam: capriche no domínio do inglês e invista num curso com certificação internacional como o IELTS, por exemplo, você pode vir estudar até aqui na Nova Zelândia.
Para se tornar residente existem vários caminhos, e acredito que é sempre importante entender todos os detalhes, sendo assim, um Immigration Adviser (que é um advogado de imigração) poderá esclarecer os seus passos.
Mais informação de qualidade você encontra neste website do Governo da Nova Zelândia: New Zealand Now.
Obrigada, Nova Zelândia, por realizar sonhos que eu nem sabia que tinha.
1 Comment
Se eu fosse presidente do Brasil. Eu te levaria de volta para o Brasil em 6 meses.vc voltava correndo.DOLARIZACAO DO BRASIL. até os neozelandeses iriam tentar o visto para o Brasil.