Sempre acho engraçado quando vai chegando o final do ano e quase todos (até os mais céticos ) pensam em dar um pulinho até a praia e molhar os pés, deixar flores para Yemanjá etc. Pode ser até que nunca cheguem a ir pessoalmente fazer oferenda alguma, mas que já deve ter rolado uma roupinha branca no dia 31, isso deve. Confessa, vai.
Essa é uma superstição de ano novo muito nossa do Brasil, um país com mesclas de cristianismo, espiritismo e religiões africanas. Mas quais serão as superstições em outros países?
Neste texto vou falar um pouco sobre as superstições no México, já que neste quesito este país é um prato cheio. Conheço poucos Mexicanos que não sejam extremamente supersticiosos e as crendices populares são parte integral da cultura.
Nesta época de fim de ano, podemos observar uma mistura da cultura tradicional indígena com costumes Europeus e Norte-americanos.
Os Mayas, Aztecas e outras culturas pré-hispânicas, viam o tempo de uma forma completamente diferente da maneira linear a que estamos acostumados. Para eles, o tempo era cíclico. Ou seja, para estes povos antigos, de tempos em tempos os grandes acontecimentos se repetiam, como as estações, o movimento dos astros celestes, os períodos de seca, de guerra, de enchentes, etc.
Para agradecer aos Deuses e celebrar o começo de uma nova Era, os povos pré-hispânicos realizavam cerimônias, rituais e até sacrifícios. O fogo, por ser considerado como o elemento purificador por excelência, estava presente na forma de fogueiras enormes que até os dias de hoje são acesas no dia primeiro de janeiro em diversas regiões.
Os Totonacos de Veracruz, por exemplo, fazem um ritual com curandeiros e oferendas de sangue de galinha, tamales, pães e flores aos Deuses. Já na parte Rural do México, a tradição são as Cabañuelas, um método de observação detalhada das condições meteorológicas durante os 12 primeiros dias do ano como forma de prever o clima durante os 12 meses subsequentes. Esta prática também era muito utilizada pelos Babilônios e em Israel na Antiguidade.
O que acontece, portanto, é que cada povo tem seu próprio calendário, mas o que impera na atualidade é a contagem cristã. Pelo fato do Mexicano ser um povo extremamente supersticioso, eles incorporaram os rituais dos diferentes calendários e o resultado são muitas superstições e tradições bem interessantes. Vou listar algumas das minhas favoritas:
A Queima do Velhinho– Costume de origem Zapoteco ( Oaxaca) onde um boneco de preferência de tamanho real é colocado do lado de fora da casa, barbado e todo vestido com roupas velhas. À meia-noite do dia 31, ele é queimado em uma fogueira como símbolo de purificação do passado e de boas vindas ao novo.
O carneirinho- No ano Novo costuma-se dar de presente carneirinhos para pendurar dentro de casa para garantir um bom ano na economia familiar. A lã representa o dinheiro e a abundância , por isso a preferência local por carneirinhos feitos com lã de verdade.
As Doze Moedas: Algumas famílias tem o costume de formar um círculo logo antes da meia-noite. Cada pessoa com 12 moedas. A cada badalada para meia-noite, as pessoas passam as moedas de mão em mão, garantindo assim, dinheiro ao longo do ano todo.
As Doze Uvas- Tradição Espanhola de comer 1 uva para cada uma das 12 badaladas para a chegada do novo ano. Dizem aqui também que deve-se fazer um desejo para cada uva ingerida. Essa é só mesmo para quem pensa mais rápido do que come.
Varrer a Casa: Para alguns, é importante varrer a casa antes da chegada do ano novo e depois botar fogo na vassoura. Tá, varrer eu até entendo, agora tacar fogo na vassoura acho bizarro. Fico me perguntando: E depois precisamos de outra vassoura para varrer o pó da vassoura queimada ou vale usar aspirador de pó?
Para quem quer viajar- A superstição para aqueles que querem um ano repleto de viagens e que estas ocorram sem maiores problemas é o de encher uma mala de roupas e dar voltas no quarteirão segurando a mala exatamente na hora em que o relógio marcar meia-noite e o inicio do novo ano. Fica a dica, pessoal! Quem fizer depois me conta se funcionou. Afinal, “yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay” (rsrs).
Usar roupa intima de cor vermelha para atrair o amor ou amarela para dinheiro.
Seja qual for a preferência religiosa ou cultura familiar, o importante mesmo para o Mexicano é celebrar com amigos e familiares e, como todos nós, fazer listas e mais listas de tudo aquilo que vamos fazer diferente no ano novo e que, inevitavelmente, esqueceremos antes mesmo do Carnaval para só lembrar outra vez no próximo Reveillon.
E você, tem alguma superstição favorita? Então compartilhe aqui com a gente.
Feliz Ano Novo!
4 Comments
Gatan, feliz 2015!!! =) O costume das uvas… A primeira vez que a fiz, quase engasguei porque não conseguia comer ao som das badaladas! Haha! Foi engraçado! Vamos tentar outra vez, sim?
Beijos
Feliz Ano Novo, gata!! Eu me engasgo até hoje com o diabo dessas uvas hahhaa Bjs
Oi Fernanda,
Adorei seu texto e foi impossível não rir 🙂
Sempre me considerei supersticiosa, mas me comparando a um mexicano, sou bem normal.
Olha, não sabia que tinha que ser uma uva por badalada. Como não engasgar? Adorei a ‘dica’ da andar com a mala pelo quarteirão para viajar muito. E, que bizarras essas de queimar o velhinho e de varrer a casa!
Ah! Eu acredito em bruxas 🙂
Beijocas
Eu acredito duvidando hahaha. Gata, que bom que vc gostou e se divertiu com as crendices mexicanas. Tem cada uma né? E olha que deixei um monte de fora….Sabia que se vc quer casar no ano que vai chegar vc deve passar a meia-noite sentada em uma cadeira (??!!). Pois é, agora já pode espalhar o segredo para as amigas solteiras hahahaha 🙂 Beijo!