Como já mencionei anteriormente, Jacarta é uma cidade muito grande, parecida com São Paulo em diversos aspectos. Muita gente, muito trânsito, multicultural. É o coração da Indonésia.
A cidade possui mais de 10 milhões de habitantes, mas se considerarmos a grande Jacarta, que inclui Tangerang, Bogor, Bekasi, entre outras cidades vizinhas, sua população chega a duplicar. Isso me fez buscar alternativas de turismo em cidades próximas, menos populosas, mais tranquilas e agradáveis nos finais de semana.
Uma dessas cidades se chama Bogor e, situada a 290 metros acima do nível do mar, localiza-se a 70 km ao sul de Jacarta (cerca 2 horas de carro). É agradavelmente mais fresca e úmida que Jacarta. Conhecida como a cidade da chuva, chega a ter 4 mil milímetros de chuva e mais de 300 tempestades por ano.
Durante a época colonial, Bogor fora uma das cidades mais importantes, fazendo a ponte entre Jacarta e a cidade de Bandung. A principal atração ali é o Jardim Botânico, famoso mundialmente por ter sido usado desde 1800 por pesquisadores de plantações industriais. Uma curiosidade: em 1883, a árvore de borracha Hevea foi trazida do Brasil para cá, iniciando assim as plantações de borracha.
O jardim cobre 87 hectares de terra à beira do Palácio Presidencial de Bogor. Ele possui mais de 15 mil espécies diferentes de árvores e plantas como palmeiras e orquídeas, além de mais de cinquenta tipos de pássaros diferentes que moram por ali. Hoje em dia continua sendo um centro importante para pesquisas botânicas, agronômicas e florestais.
Também no Palácio Presidencial, existe um museu (Balai Kirti) que foi construído em homenagem aos presidentes da Indonésia. Soekarno, o primeiro deles, iniciou sua construção e em 2012, Susilo Bambang Yodhoyono a concluiu. Sua ideia é educar a população sobre a história da nação, conforme o legado deixado por cada um de seus líderes. Ali, encontram-se esculturas dos seis presidentes que já passaram pela Indonésia, salas com audiovisual, áreas de exposição, espaços interativos e uma biblioteca.
O Palácio, após a Independência da Indonésia em 1945, se tornou o local de descanso favorito do presidente Soekarno. Hoje em dia, é usado especialmente para eventos oficiais e casa de hóspedes para visitantes estatais.
Além das visitas históricas, também é possível fazer visitas culturais em Bogor como, por exemplo, no templo budista chinês Klettenberg Diana Gun. Estima-se que este possua de 300 a 400 anos. Suas paredes interiores contam as histórias da mitologia conhecida por Taoismo, e possui vários altares dedicados a Buda, generais e seus ancestrais.
Ainda na linha cultural, existe uma oficina de gongo, ou Bengkel Gong, onde são produzidos gongos de bronze e instrumentos do tradicional estilo indonésio – Gamelão –, em um processo totalmente manual. São necessários seis homens para produzir um único gongo, acreditam?
Mais um trabalho manual que acontece em Bogor é a fabricação de carpetes. Na Java Factory Works, carpetes e tapetes de lã, sisal, folhas de “pandan'” e fibras de coco são produzidos. A fábrica existe desde 1947 e hoje em dia é gerenciada pela filha do antigo dono.
Outro lugar bem bacana para conhecer em Bogor é o Batu Tulis. Duas lendas, uma hindu e outra islâmica, explicam as antigas pegadas na rocha que dão origem ao ponto histórico. A lenda islã diz que as quase 800 rochas espalhadas por ali são formatos de pessoas transformadas em rochas, no final de 1500. Estes pertenceriam aos hindus que não quiseram se converter à religião muçulmana. As pegadas na rocha são da única sobrevivente, uma princesa que se converteu ao islamismo. A lenda hindu comemora os feitos heróicos do último rei hindu do oeste de Java.
Mudando um pouco para o turismo natural, Bogor possui um caminho chamado de “Rural Walk” – caminhada rural. Uma caminhada de uma hora e meia, num cenário tipicamente rural, por vilarejos, plantações, entre outras coisas locais como árvores de durian, mamão, banana, rambutan e plantas como mandioca (muito comum na Indonésia), açafrão, pimenta e arroz.
A cidade possui alguns hotéis e resorts de golfe no pé da montanha. Uma cidade pequena, com alguns pratos típicos (sop buntut) e um ar campestre, boa para passar um final de semana mais tranquilo ou mesmo cultural.
Essa montanha próxima chama-se Puncak, tem uma vista linda e obviamente, um clima também agradável. A área é conhecida por árabes do mundo todo, por possuir um “turismo de casamento por contrato”, mas explicar sobre isto daria outro texto. É possível encontrar bons restaurantes com comida árabe e souvenirs para a casa, assim como lustres e móveis diferenciados.
Em Puncak, existe uma fábrica de chá local e muitas plantações. Uma delas, chama-se Golden Mountain Tea Plantation e está localizada a 7 km dos pés da montanha. Possui uma vista linda da plantação com suas várias camadas verdes, e é possível fazer caminhadas de 4 a 8 km.
Se continuarmos seguindo para o sul, chegaremos à Cikole-Lembang, a 20 km ao norte de Bandung (sul de Jacarta). Nesta cidade existe um vulcão ativo, chamado Tangkuban Perahu, que possui 2.084 metros de altura. Aconteceram muitas erupções durante os séculos passados, que resultaram em pequenas crateras ao redor da montanha. Entre elas, três atraem a maioria dos visitantes: Ratu, Domas e Upas.
A cratera Ratu é conhecida por sua vista panorâmica. Já na Domas, é possível chegar bem pertinho e até colocar o pé em uma de suas poças de calcário quente. Na Upas, quando a temperatura chega a 100 graus, é possível comprar uma dúzia de ovos e cozinhá-los por lá mesmo. Você teria coragem de comer os ovos?!
Um pouco mais distante, cerca de 150 km de Jacarta, está a cidade de Bandung, terceira maior cidade da Indonésia, perdendo apenas para Jacarta e Surabaya. Bandung tem uma importância especial para a Indonésia, pois durante a colonização holandesa, houve uma tentativa de mudar a capital Batavia (hoje renomeada Jacarta), para Bandung, devido à topografia da cidade. Algo que acabou não acontecendo. Ainda assim, até hoje é conhecida por sua arquitetura colonial holandesa e seus hotéis estilo europeu.
Se estiver em Jacarta, sugiro alugar um carro, ir até lá na sexta-feira para voltar só no domingo. É uma cidade com uma deliciosa culinária e possui muitas lojas de roupas de qualidade e bons preços. Vale a pena visitar as ruas e prédios históricos de Gedung Mereka, o Museu Geológico, o Museu Postal e o Gedung State, hoje conhecido como o escritório do Governador. Também muito visitada é a padaria holandesa Sumber Hidangan, na Jalan Braga. Aberta em 1929, ela mantém a tradição e possui um ambiente clássico super agradável.
Em Bandung existe ainda um penhasco chamado Keraton, conhecido pelos turistas para se ver o nascer do sol. Localizado na área de Forest Park, é possível chegar até um estacionamento de carro, mas é necessário terminar o caminho de moto-táxi, ou com os famosos O-Jek que comentei aqui no site.
Bom, já que estamos descendo, vamos um pouco mais ao sul e encontraremos Rancabali-Ciwidey. Cidade localizada a 45 km ao sul de Bandung, onde é possível visitar a Kawah Putih, ou cratera branca (um lago numa cratera vulcânica), que possui este nome por estar cercada de solo branco, contrastando com a água turquesa, na vasta área do Monte Patuha. Dependendo da concentração de ácido sulfúrico na água, a cor dela muda de azulada para esverdeada ou até marrom, uma imagem de quadro para fotos panorâmicas.
Enfim, como já estamos tão longe de Jacarta (uns 180 km), sugiro continuar descendo e parar em Yogyakarta para visitar Borobudur, conforme esse texto aqui.
Espero que tenham gostado de passear um pouco pela ilha de Java!
Até a próxima.
4 Comments
Olá Mariana, parabéns pela sua página. Sou agrônomo e trabalho para o Ministério da Agricultura, aqui em Floripa SC. Pretendo estudar a língua Bahasa talvez no início de dezembro em Jakarta, isso pq há uma possibilidade de ir trabalhar ai pelo Brasil. Quando vi que vc era de Piracicaba resolvi escrever, pois estudei na ESALQ e, coincidência ou tive uma grande amiga ai com o seu sobrenome, Zahira Neder. Caso possa me dar alguma dica de escola de Bahasa e bairros para passar 3 meses, te agradeço. Abs e parabéns. Silvio Testasecca, Floripa SC.
Oi Silvio!
Muito obrigada 🙂
Fico feliz que tenha gostado do texto e mais feliz ainda por saber que foi um grande amigo da minha mae, mundo pequeno!
O melhor curso de bahasa indonesia que posso te indicar, fica dentro da universidade AtmaJaya. Procura na internet pelo Language Learning Centre da universidade. Meu marido estudou la por um semestre e se vira bem no Indonesio!
Novamente, precisando de algo mais, poode entrar em contato.
Abraços, Mariana
Olá Mariana, então vc é filha da Zazá, nossa que coisa! Espero que estejam todos bem; já faz muito tempo que não vou a Piracicaba, desde que mudei p Floripa. Sobre a Indonésia, estou nesse processo dentro do Ministério da Agricultura, com possibilidade de atuar como Adido Agrícola a partir do ano que vem. Estou vendo se consigo autorização para ir entre dez e mar próximos, para estudar o idioma. Obrigado pela dica da universidade pois os demais que fiz estão muito caros. Qualquer coisa escrevo; obrigado e abraço a você. Silvio Testasecca.
Mundo pequeno este… Estamos todos bem sim! E se precisar de mais alguma coisa, já sabe como me contactar! Abraços!