Parece que foi ontem que eu estava arrumando as minhas malas, depois de três anos e meio na Austrália, para voltar ao Brasil (em março de 2016), e descobrimos que nos mudaríamos para a Indonésia.
Pois é, fui ao Brasil, passei três meses por lá com minha família e amigos, enquanto meu marido já estava na Indonésia, preparando tudo para a minha chegada. Julho de 2016, mais uma mudança! Dessa vez, um pouco mais desafiadora.
E o que eu aprendi durante este um ano de Indonésia, ou melhor de Jacarta?
Sou uma pessoa mais rica em conhecimento, aprendi ainda mais a aceitar as diferenças culturais que encontrei por aqui. Desenvolvi mais empatia e respeito pelas outras pessoas, aprendendo a entender o porquê de algumas pessoas fazerem coisas diferentes das outras.
Aprendo a cada dia mais com a cultura local e a sua mistura com as religiões e crenças ainda tão fortes na Indonésia. Experimento comidas diferentes quase toda semana, como dizia minha mãe: “criei anticorpos” com a pimenta diária, os chás com gelo feito da água da torneira e as milhares de coisas que acabo comendo sem saber exatamente o que é.
A língua? Esta ainda é um grande desafio para mim. Inglês não é a primeira e nem a segunda língua da maioria das pessoas na Indonésia… Sendo assim, tive que voltar o meu inglês ao básico e aprender a língua local – bahasa Indonesia. Já posso me comunicar num restaurante, com o taxista e até desenvolver uma conversa básica com um cliente, mas ainda preciso aprender muito!
Muitas coisas por aqui são bem parecidas com o Brasil que eu conheço. O trânsito, a quantidade de gente, a poluição da cidade grande, a falta de organização de alguns lugares e a corrupção… Mas tem coisas boas e parecidas também, como o clima tropical delicioso (ás vezes quente demais), o arroz como a base das refeições diárias, a água de coco barata e encontrada em toda esquina, as praias lindas de água cristalina e as pessoas sempre simpáticas, interessadas e prontas para ajudar e agradar os seus visitantes.
Mesmo parecido, as diferenças entre os dois países e suas culturas ainda são muito grandes. Haja energia para sugar todo o aprendizado diário que tenho por aqui!
Vivendo numa cidade de pedra, pela primeira vez e do outro lado do mundo, aprendi a ocupar melhor o meu tempo e fazer as minhas atividades diárias no meu entorno, virei “bairrista” enquanto não tinha emprego. Academia, supermercado, restaurantes… tudo a uma distância possível de se fazer a pé ou de moto-táxi, e amava ver o pôr do sol da sacada do meu apartamento.
Quando comecei a trabalhar, meu tempo livre diminui e muito. Passei a gastar horas e horas por dia dentro do carro, no mínimo 40 minutos para ir ao trabalho pela manhã e até 3 horas para voltar, dependendo do dia da semana e do horário. Por culpa disso, aprendi a ocupar melhor o meu tempo perdido no trânsito durante a semana. Leio bastante, assisto algumas séries, jogo paciência (para também treinar a minha paciência!), vejo o caos organizado passar pela janela e durmo, às vezes. Quando os finais de semana chegam, amo aproveitá-los da melhor forma possível – longe do trânsito, obviamente.
Hoje em dia, os privilégios que tenho como expatriada, como carro, motorista, auxílio moradia, etc., me parecem às vezes injustos ou desnecessários… Mas aprendi a aceitar como um resultado da minha busca intensa por trabalho durante os primeiros meses, e como parte do contrato de expatriados pelo mundo afora. Porém, como muitas coisas na vida, pretendo não me acostumar – para não ficar mal-acostumada (risos).
Sou muito grata a todos os que me ajudaram de alguma forma neste primeiro ano, e aos que fazem parte desse meu dia a dia maluco em Jacarta. Muitos por aqui acham fora do normal o meu jeito simpático de ser com o motorista, o segurança ou a ajudante em casa, mas sem eles, nessa correria e falando outra língua, minha vida não seria a mesma. Aprendi a agradecer ainda mais pelas pequenas coisas e a estar ciente que de privilégios não são permanentes.
Obviamente, um ano a mais longe da família e dos amigos queridos não é fácil, todos os que já saíram de casa – nem precisa ser para tão longe assim como eu – sabem o quão difícil são alguns momentos que passamos quando a saudade aperta. Perder casamentos, mortes e nascimentos… esses são os que mais doem. Ainda bem que tenho o meu marido ao meu lado, meu porto-seguro! Ajuda demais ter alguém com quem a gente pode contar a qualquer momento por perto.
Mas, nessas horas, tento me lembrar do porquê escolhemos estar longe. Como dizia Caetano Veloso, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”… Escolhemos estar longe para experimentar novos desafios, aceitar as oportunidades e aprender com novas culturas. Sair da zona de conforto e poder, um dia, voltar com uma bagagem de memórias e aprendizado imenso.
Das coisas mais importantes que aprendi neste primeiro ano de Indonésia, foi a ver sempre o lado bom das coisas e a não fazer comparações. Comparar um país com o outro, uma religião com a outra, um trabalho com o outro, etc. Cada lugar é diferente e cada experiência será única. Uma pode, sim, acabar sendo melhor que a outra, mas nunca saberemos até termos experimentado.
Um ano de Jacarta! Que venham os próximos… já estou preparada!
Gostou? Vem para cá me visitar!
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2 Comments
CREIO QUE TIVESTE muita experiência internacional e agora aceitaste o desafio de viver na indonésia,onde há muita diferença cultural e religiosa e leis muito duras e outras nem tanto,porém eu sei de brigas entre cristãos e muçulmanos em ilhas as quais deixaram destruição e morte.e muita corrupção e demagogia,sem falar na comida que eu detesto.Dois brasileiros foram fuzilados,por tráfico,sendo que um muito jovem era doente mental e isso não foi considerado.Além disso um brasileiro do exército morreu no atentado em boate na ilha de BALi.Os Indonésios tomaram conta da possessão portuguesa do Timor Leste,e só com muita luta na ONU,e muitas mortes em confrontos dos patriotas timorenses com o exército da indonésia que este Timor,conseguiu se tornar um país,por isto não idolatro nem elogio este país.Acho melhor a Tailândia.
Mari, fala de Jakarta pra crianças!